Petrobras inicia venda do campo de gás de Manati em Camamu (BA)
Companhia possui 35% de participação; Média de produção no campo chegou a 105 barris por dia de condensado e 1.269 mil m3/dia de gás
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Priscila Natividade
priscila.oliveira@redebahia.com.br
A Petrobras iniciou nesta segunda-feira (04), o processo de venda do campo gás natural de Manati, na Bacia de Camamu, na Bahia. Esta primeira etapa consiste na divulgação da oportunidade (teaser), referente à venda da totalidade de sua participação na unidade de produção marítima em águas rasas no baixo-sul do estado.
A Companhia detêm 35% de participação. A Enauta Participações responde pela maior parte do campo com 45%. A Geopark Brasil E&P de Petróleo e Gás Ltda e Brasoil Manati Exploração Petrolífera Ltda, ambas possuem 10%. “A operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando a maximização de valor para os seus acionistas”, escreveu no comunicado.
Localizado a 10 km da costa do município de Cairú, o Campo de Manati iniciou sua operação em 2009 e sua produção média no ano passado foi de 105 barris por dia (bpd) de condensado e 1.269 mil m3/dia de gás, através da plataforma fixa PMNT-1, que envolve uma estrutura submarina composta por seis poços produtores de gás.
O CORREIO buscou junto a Petrobras, o número de funcionários que seriam transferidos com a venda, mas não obteve resposta. As próximas etapas de desinvestimento da companhia até efetivar a venda passam ainda pela fase não vinculante, quando são enviados aos interessados o memorando descritivo com informações sobre o ativo, a fase vinculante em que a companhia já recebe propostas efetivas, a concessão de exclusividade para a negociação e, em seguida, a aprovação da transação pela alta administração para só assim, fechar a operação.
Para o coordenador do grupo de trabalho de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Roberto Fiamenghi, a decisão da Petrobras abre espaço para o investimento do setor privado, principalmente se Manati se tornar um campo não mais de produção, mas de estoque de gás.
“Há quatro anos esta produção já vinha caindo. É um campo que está perto da exaustão, só deve ter mais uns dois anos de exploração de gás. A grande dificuldade que a gente vê hoje com relação ao gás é não ter onde estocá-lo. O projeto da Enalta é transformar esse campo em um estoque de gás, algo que ainda não existe no Brasil e a Bahia seria pioneira nisso. Vai ser muito bom para o estado em um futuro próximo”, analisa.
Ainda de acordo com Fiamenghi, a prática de usar poços esgotados para armazenamento é comum em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo. “A ideia é que esses navios possam parar em Manati e descarregar suas cargas de gás. Esse projeto de estocagem é muito interessante”, completa.
Desinvestimentos no estado
Por outro lado, o Sindicato dos Petroleiros no estado (Sindipetro-BA), enxerga a venda da participação da Petrobras em Manati, como mais um sinal de retirada total das operações da companhia no estado, após fechar a Fábrica de Fertilizantes (Fafen-BA), vender a BR Distribuidora, paralisar o Edifício Sede e colocar à venda a Refinaria Landulpho Alves (RLAM).
Esta venda anunciada hoje faz parte da estratégia atual da empresa de sair completamente das suas atividades no estado da Bahia. Desde o ano passado, a direção da companhia já tinha anunciado suas intenções de desmobilizar a sua presença na Bahia, nas mais diversas atividades, seja no refino, na Fafen, no terminal marítimo, a desmobilização do Torre Pituba e agora as atividades de produção de exploração de Petróleo e Gás. A pretensão é essa”, afirma o diretor de Comunicação do sindicato, Radiovaldo Costa.
No último mês, apesar de não ser divulgado pela Petrobras, a entidade denunciou a hibernação de cinco campos maduros de petróleo no estado nos municípios de Candeias, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Pojuca e Catu.
"O Campo de Manati vai ter uma facilidade maior de venda, primeiro porque é gás. O gás tem hoje uma valorização maior do que o petróleo e também porque a Petrobras tinha uma participação, ela não é majoritária. Na nossa avaliação, passando essa crise do coronavírus a Petrobras irá entregar os campos de petróleo também. Com isso, teremos um prejuízo na geração de empregos e na economia local destas cidades”, completa.
O CORREIO buscou junto a Petrobras, o número de funcionários que seriam transferidos com a venda, mas não obteve resposta. As próximas etapas de desinvestimento da companhia até efetivar a venda passam ainda pela fase não vinculante, quando são enviados aos interessados o memorando descritivo com informações sobre o ativo, a fase vinculante em que a companhia já recebe propostas efetivas, a concessão de exclusividade para a negociação e, em seguida, a aprovação da transação pela alta administração para só assim, fechar a operação.
ÚLTIMOS DESINVESTIMENTOS DA PETROBRAS NA BAHIA
. Unidades fechadas
Fábrica de Fertilizantes da Bahia (FAFEN-BA)
. Unidades vendidas
BR Distribuidora
. Unidades que tiveram suas atividades paralisadas
Sonda de perfuração 109
Torre Pituba (está sendo desmobilizado)
. Unidades que foram colocadas à venda
Refinaria Landulpho Alves (RLAM)
Terminal Marítimo de Madre de Deus (Temadre)
Os campos de petróleo terrestres de Miranga, Candeias e Água Grande
. Unidades que vão entrar em hibernação
Campos de petróleo de Taquipe e Rio Pojuca. Os campos de Miranga, Candeias e Água Grande que estão à venda também serão hibernados, pois a estatal não conseguiu vendê-los.
Fonte: Sindiprev
SISTEMÁTICA DE VENDA DE ATIVOS NA PETROBRAS
1) Fato Relevante e Comunicados ao Mercado informando sobre a divulgação da oportunidade
2) Início da fase não-vinculante (quando for o caso), processo em que são enviados aos interessados o memorando descritivo com informações sobre os ativos e as instruções sobre o processo de desinvestimento, incluindo orientações para elaboração e envio das propostas não-vinculantes.
3) Início da fase vinculante, em que os potenciais compradores recebem uma carta-convite com instruções detalhadas sobre o processo de desinvestimento, incluindo orientações para a realização de diligência prévia (due diligence) e para o envio das propostas vinculantes.
4) Concessão de exclusividade para negociação (quando for o caso).
5) Aprovação da transação pela alta administração (Diretoria Executiva e Conselho de Administração) e assinatura dos contratos.
6) Fechamento da operação (closing)