Planet Hemp encerra edição dos 30 anos de Rock Concha; fãs lembram histórias

Festival realizou duas noites de shows com sete apresentações 

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  • Tailane Muniz

Publicado em 14 de julho de 2019 às 21:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO
Planet Hemp não se apresentava no palco da Concha há 19 anos por Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Aos mais saudosos, o reencontro era mais do que esperado. Dezenove anos depois de passar pela Concha Acústica, o Planet Hemp retornou ao local para encerrar a 30ª edição do Rock Concha. Presente na última apresentação da trupe liderada por Marcelo D2 e BNegão, há quase duas décadas, o empresário Bruno Nery, 36, afirma que já não era sem tempo.

Em 2000, aos 17 anos - estava no melhor da juventude, garante -, e pôde ver a banda, que já era uma das maiores referências, no que diz respeito à mistura dos elementos do hip hop com o rimo do rock'n roll. No palco do Rock Concha, também se apresentaram as bandas Drearylands, Malefactor, Ratos de Porão e Camisa de Vênus, neste sábado (13). O encerramento, hoje, foi aberto pelas apresentações da banda Alquímea e do cantor Pedro Pondé. 

Ao CORREIO, Bruno disse que até tentou chegar a tempo de assistir às demais apresentações, que começaram por volta de 17h, mas resolveu aparecer já no melhor momento, para ele: o show do Planet. A banda, conhecida pelo posicionamento explícito pela legalização da maconha, subiu ao palco às 20h30, e reencontrou um público enérgico e com repertório que, de tão na ponta da língua, mais parecia um coral ensaiado.  Bruno Ney relembrou juventude (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) "É uma banda histórica, que marcou épocas e épocas e épocas. Na verdade, posso dizer que marcou a melhor fase da minha vida, a juventude. Vim por eles, porque para mim o show na Concha é diferente, a energia é outra, e também porque sabia que encontraria um público mais raiz", salienta ele, que bate fácil o martelo do que considera a melhor música: "Legalize já!".[[galeria]]

E por falar em raiz, a noite de encerramento do Rock Concha foi momento de "recordar o túnel do tempo", diz a socióloga Carla Vaz, 50. Acompanhada do filho, Pedro Vaz, 19, Carla contou que o grupo teve influência até no casamento dela com o pai de Pedro, que morreu há dois anos em um acidente de carro.

"Eu conheci o pai do meu filho dias antes de ir ao show do Planet, há 22 anos. A banda era relativamente nova, mas a gente se identificava. Foi o primeiro show que fomos juntos. E estar aqui, hoje, com nosso filho, representa muito para mim". Pedro, que faz questão de acompanhar a mãe, acrescentou que é fã do grupo e acompanha Marcelo D2 e o filho dele, o rapper Stephan Peixoto, o Sain, que fez alguns trabalhos com o pai famoso ainda quando criança."Os dois são incríveis e é realmente uma energia sensacional. As expectativas são as melhores, sempre", disse, no início da apresentação - que contou com projeção e iluminação em referência à erva. Ao lado de BNegão, um dos percursores do grupo, D2 - que garantiu a apresentação no evento mesmo com o pé esquerdo quebrado -, disse ao CORREIO que tocar na Concha Acústica é uma "emoção grande, porque a energia é diferente". Em complemento, o parceiro de estrada explicou o porquê."Tem o Circo Voador [no Rio de Janeiro], que é uma energia parecida, mas a Concha é incrível porque você entra no palco e está a galera toda mandando aquela energia, assim, de cima para baixo. Nossa, é algo muito bonito!", acrescenta BNegão.O repertório do show foi uma viagem pelas quase três décadas de banda, o que, para os músicos, reflete resistência. O último álbum do Planet,  A Invasão do Sagaz Homem Fumaça, tem exatamente o mesmo tempo que o período em que não tocavam na Concha, 19 anos. Mas, a quem possa interessar, boas novas estão garantidas: "É o nosso último show antes do material novo", adianta D2.