Polêmica da Fonte Nova: o maior vencedor é Paulo Carneiro

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Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A polêmica envolvendo o Vitória e a relação entre Bahia e Arena Fonte Nova serviu para apimentar a rivalidade nesse período chocho em que os clubes param de jogar e atuam mais nos bastidores. Não há sequer queda de braço para avaliar qual time sairá vencedor ou vencido dessa história, pois é uma falsa polêmica. Há, porém, um grande vencedor nesta celeuma: Paulo Carneiro.

O ex-presidente e, segundo ele declarou, pré-candidato nas eleições do ano que vem, sai desta história fortalecido. Mesmo fora do Leão há 13 anos e derrotado nas duas últimas eleições, Paulo Carneiro mostrou capacidade de pautar a diretoria à qual ele faz ferrenha oposição. 

Por tabela, e a afirmação a seguir não tem pretensão de ser assertiva, ele pode também ter convencido uma parte do eleitorado rubro-negro do que tem repetido insistentemente, não com essas palavras, mas com esse tom: que o atual presidente Ricardo David é omisso e inexperiente e que ele, Paulo, defende o Vitória com vigor. É opinião dele, não minha. Mas é a imagem que fica.

Para quem não tem acompanhado a história com afinco, cabe explicação: foi Paulo Carneiro quem iniciou a discussão, motivado por uma bobeira que o presidente tricolor, Guilherme Bellintani, cometeu ao querer contar vantagem entre seus pares numa reunião do grupo Simplesmente Bahia, transmitida pela internet. 

Em campanha para setembro de 2019, Carneiro percorreu emissoras de rádio soteropolitanas nas últimas semanas e abordou o tema. Criticou a intimidade que o Bahia ganhou na Fonte Nova com o novo contrato assinado em setembro e afirmou que, se fosse ele no comando do Vitória, isso não teria passado sem contestação. Pois bem. Três meses depois da assinatura do contrato do Bahia e logo após a incitação de quem lhe pede impeachment, a diretoria do Leão decidiu dar importância ao tema. 

Decisões técnicas devem prevalecer, mesmo no contexto de brigas políticas e eterna campanha que permeia o Vitória desde o ano passado. Não critico Ricardo David por querer jogar na Fonte Nova após Paulo Carneiro ter provocado a discussão. Cabe à diretoria considerar os prós e contras e escolher o que é melhor para o Leão.

Uma coisa é certa: a Arena e o governo do estado estão adorando tudo isso, pois ter o Vitória na Fonte Nova aumenta a viabilidade do negócio – e diminui a contrapartida bilionária que o ente público se comprometeu a pagar. A peça que sempre faltou foi o clube. O próprio Ricardo David, que hoje completa um ano no cargo, falava em reforma e setorização do Barradão durante sua campanha e não pretendia jogar na Arena. Porém, a realidade após o rebaixamento é outra.

Tomara que esse interesse de agora seja pautado realmente por racionalidade, e não por rivalidade. Não é porque o Bahia está “se achando dono” que o Vitória precisa jogar lá. Mirar o rival não pode ser o norte do Vitória para voltar a crescer. Foi pensando grande que o clube deu o maior salto da sua história. Ironia do destino: com Paulo Carneiro defendendo o Barradão com unhas e dentes e o bancando enquanto a maioria  torcia o nariz. O mundo dá voltas.

Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras