Polícia Civil: Monte seu plano para passar no concurso

Confira dicas e métodos de estudo para quem quer se dar bem na seleção

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  • Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 06:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acervo Pessoal

O concurso da Polícia Civil da Bahia, realizada pela organizadora Vunesp, tem mais de  mil vagas. As inscrições -  R$ 140, para os cargos de investigador e escrivão, e R$ 160, para o cargo de delegado - vão até 2 de março e podem ser realizadas pelo site  vunesp.com.br. O CORREIO ouviu dicas de especialistas para os concurseiros criarem um plano de estudos que lhes garantam a aprovação nesse que é um dos certames mais aguardados do ano. 

Para o professor de cursos preparatórios e especialista em Direito Administrativo Edmundo Garcia, antes de responder questões no intuito de testar seus conhecimentos adquiridos é importante ler todo o conteúdo, assistir aulas on-line ou fazer um curso presencial. 

“Primeiro, pratique muito a leitura, depois teste o conhecimento adquirido por meio de resolução de questões no estilo da banca que irá fazer seu concurso. Isso vai garantir mais segurança no dia da prova”, diz. Ele explica que ter um tempo de descanso é essencial, mesmo que curto. “Procure fazer uma leitura mais leve. Ouvir uma música relaxante ou até mesmo ir ao cinema, teatro. Pratique atividade física”, aconselha.

De acordo com o edital do certame, a prova objetiva será composta por 30 questões de conhecimentos gerais e 70 de conhecimentos específicos. E será aplicada provavelmente no dia 22 de abril próximo, em Salvador. “A grande armadilha para a maioria dos candidatos se refere às horas de estudo. Para quem achar que o tempo que você passa dentro da sala de aula é hora de estudo, não é. Ali há distração e na maioria dos casos o ensino é transmitido de modo geral”, alerta Robson Dias, professor de Administração Geral e Pública.

 Para ele, o que faz diferença são as horas que de fato o aluno está concentrado nos estudos. “Uma boa técnica para saber a quantas horas de estudo você se dedica, também conhecido como minuto líquido de estudo, é marcar as horas de dispersão. Por exemplo, eliminar aquele tempo que você levanta para ir ao banheiro, olhar as redes sociais ou em que se distrai de modo geral”, fala. “Também é importante ter um cronograma de estudos até a data da prova, levando em consideração a dificuldade para cada matéria. Nessa rotina de estudos tem que está incluído estudar teoria e resolver questões”, completa.

Redação

A professora de Redação  Marilene Silva esclarece que é importante  atentar para os textos subsidiários que estarão disponíveis na própria prova. “Na estrutura da redação, o candidato deve entender a proposta, bem como as especificações que trazem para desenvolver o texto. As provas dão alguns pontos que devem estar no texto e o candidato não pode esquecer de abordar nenhum deles”.

Marilene alerta que muitos candidatos perdem os concursos por conta da redação, porque se preocupam com a parte objetiva e se esquecem de fazer um bom texto. “Apesar de ter conteúdo de Direito, quem vai corrigir é o professor de Redação, por isso é importante ficar atento para as normas da língua portuguesa e de estruturação do texto. Assim como escrever com uma letra legível”, diz.

“No desenvolvimento do texto, deve-se usar causas, consequências e, se houver a chance, fazer comparativos. Já na conclusão, o candidato deve apresentar soluções para a problemática. Durante todo o texto deve-se evitar as palavras usuais, muitos sinônimos assim como ter cuidado com erros de ortografia”.

Para o professor de informática Luis Ulbrich, a Vunesp costuma explorar alguns temas nem sempre cobrados por outras bancas mais tradicionais. “O candidato deve resolver um número considerável de questões da banca, compreendendo como a mesma realiza a sua elaboração de cada disciplina”, observa. Em informática, segundo ele, a organizadora cobra de maneira bastante objetiva e prática, privilegiando o uso dos aplicativos, na visão do usuário.

Outro conteúdo que apavora os concurseiros é o de raciocínio lógico. Para Wagner Aguiar, professor de cursinhos preparatórios em Salvador, o melhor método para estudar a disciplina é o da “exaustão”, ou seja , o candidato precisa resolver o maior número de questões da banca Vunesp. 

Para ele, as questões de Raciocínio Lógico que serão cobrados da prova da Polícia Civil da Bahia serão uma mescla de Raciocínio Lógico e Matemática. “Sugiro aos candidatos que deem uma atenção maior ao conteúdo Lógica Proposicional( Sentencial), pois notamos que ha uma tradição da Vunesp em cobrar o referido assunto”, aponta.

ESPECIALISTAS COMENTAM QUESTÕES

1.  Professor Luis Ulbrich, Informática  (Banca: VUNESP // Prova: PC-SP - 2014 // Cargo: Médico Legista) 

A comunicação entre computadores conectados à internet é feita por meio de protocolos. Existem protocolos distintos para cada tipo de serviço de comunicação. Assinale a alternativa que contém, respectivamente, um protocolo de navegação de páginas na internet e um protocolo para envio de e-mail.

a) HTTP e SNMP.

b) HTTPS e SMTP.

c)  HTTP e HTTPS.

d) FTP e SMTP.

e) SMTP e SNMP.

Comentários A cobrança da Vunesp costuma ser bastante direta. Mais que qualquer aprofundamento sobre os aspectos técnicos de funcionamento, a cobrança se dá a partir de perguntas objetivas. Neste caso, quais protocolos são utilizados nos dois serviços de redes mais cobrados em concursos (também presentes no edital da PC-BA): navegação e email. Para navegação, dois protocolos podem ser utilizados: http (navegação) e https (navegação com segurança). O envio de emails se dá, por sua vez, pelo uso do protocolo SMTP (a extração de emails pode ser realizada pelos protocolos POP3 ou Imap, o que não é cobrado na questão). FTP é o protocolo adequado para a realização de transferência de arquivos. SNMP é um protocolo de gerenciamento de redes.Portanto, letra B.

 2. Professor Edmundo Garcia, especialista em direito administrativo (Vunesp, 2017. TJ-SP/Escrevente Técnico Judiciário)

Sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais, conceder-se-á:

a) mandado de segurança coletivo.

b) mandado de injunção.

c) ação de descumprimento de preceito fundamental.

d) habeas data.

e)  mandado de segurança.

Comentários  Na questão, a banca deseja saber do candidato qual o remédio constitucional que deverá ser utilizado nas situações em que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais. De acordo com o Inciso LXXI do Art. 5º da CF: conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Portanto, letra B.

3. Professor Edmundo Garcia, especialista em direito administrativo  (Vunesp-2014. PC-SP, Escrivão de Polícia)

A ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas, é referente ao princípio da: 

a) impessoalidade.

b) publicidade.

c) moralidade.

d) eficiência.

Comentários  Pelo princípio da impessoalidade, os atos da Administração Pública deverão ser imparciais, de forma a não prejudicar nem beneficiar. Devem visar os fins públicos. A ideia é que a Administração deve manter-se numa posição de neutralidade em relação aos administrados, sem estabelecer discriminações gratuitas. Portanto, letra A. 

4. Professora Marilene Silva, gramática

Considerando as regras de regência, do emprego da crase e da concordância, assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas das frases relacionadas ao texto. Estou convicto_________ as piadas, quando bem direcionadas, tendem_______ desempenhar_____________ funções sociais. O humor, da mesma forma que as religiões,_______ a função de  exercer certo controle nos comportamentos dos indivíduos.

a) de que … à … bastante … tem

b) que … à … bastantes … têm

c) de que … a … bastantes … tem

d) que … à … bastante … tem

e) de que … a … bastante … têm

Comentários A regência de convicto exige a preposição DE, por isso de que. Tendem exige a preposição A, sem a crase porque desempenhar é verbo e diante de verbo não tem crase. Bastantes,  pois está modificando o substantivo funções, pluralizou, pois não está advérbio.Tem sem acento já que o sujeito é singular (o humor).

5. Professora Marilene Silva, gramática

Assinale a alternativa que apresenta a correta colocação pronominal.

a) Me desculpe, professor, mas o exemplo que deu-nos não é adequado.

b)  Manifestarei-me, meu amigo, apenas se eu não concordar com suas palavras.

c) Nunca vi-o tão calmo em uma situação tão complicada.

d) Naquela ocasião, pareceu-lhe que o melhor era manter-se calado.

e) Sempre que desejo-o, eu visito-o em sua casa em São Paulo.

Comentários a) Não se inicia oração com um pronome oblíquo – desculpe-me. b) No futuro do presente usa-se mesóclise-  manifestar-me-ei. c) O advérbio é uma palavra atrativa, por isso próclise obrigatória – nunca o vi. d) Correta, após a vírgula usa-se próclise  - pareceu-lhe. e) Advérbio atrai o pronome oblíquo  por isso próclise – sempre o desejo.

6. Professor Wagner Aguiar, Licenciado em Matemática UESB, Especialista em Matemática UFLA, Mestre em Ensino, Filosofia e História das Ciências UFBA (ESCREVENTE JUDICIÁRIO TJ SP - VUNESP 2017)

Considerando falsa a afirmação “Se Ana é gerente, então Carlos é diretor”, a afirmação necessariamente verdadeira é:

a) Ana não é gerente, ou Carlos é diretor.

b)  Ana não é gerente, e Carlos não é diretor.

c) Ana é gerente.

d) Ana é gerente, e Carlos é diretor.

e) Carlos é diretor.

Comentários Temos na questão o conectivo se ... então. MACETE do conectivo: VERA FICHER É FAMOSA, ou seja, V F = F. O comando da questão é a palavra "falsa", logo: V F = F “Se Ana é gerente, então Carlos é diretor”. Portanto, a alternativa correta é a letra C

 7. Professor Osmar Palma, advogado e especialista em direito penal e processual penal (CESPE-2013-PC-BA-ESCRIVAO-DE-POLICIA)

Após recebimento de denúncia anônima, agentes da polícia civil invadiram, no período da noite, quarto de hotel, com o objetivo de proceder à busca e à apreensão de materiais e documentos supostamente utilizados por determinado hóspede em crimes relacionados à clonagem de cartões de crédito. Os materiais e os documentos obtidos durante a invasão do quarto de hotel foram as únicas provas que alicerçaram a denúncia oferecida pelo MP. Com base nessas provas, foram tomados depoimentos de diversas testemunhas, os quais serviram, também, de fundamento para a condenação do réu. Com base nessa situação hipotética, redija texto dissertativo sobre a (in)constitucionalidade da operação policial, abordando, necessariamente, de forma justificada, os seguintes aspectos: Direitos e garantias fundamentais aplicáveis ao caso; (Im)possibilidade jurídica de utilização, em processo judicial, das provas obtidas na referida operação.

Comentário: Após o recebimento de denúncia anônima, a conduta exercida pelos agentes da Polícia Civil, ao invadirem o quarto de hotel, é diretamente confrontante com o que versa o Artigo 5º - XI, da Carta Magna, cujo fulcro traz a casa como asilo inviolável do indivíduo. Nela, ninguém pode penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro ou ainda por determinação judicial, apenas durante o dia (sendo dia entendido como o lapso temporal entre o nascer e o pôr do sol). Além disso, imputa-se esse conceito de forma objetiva e uniforme devido a diversos julgados de tribunais superiores (Supremo Tribunal Federal - STF e o Superior Tribunal de Justiça - STJ) de que o quarto de hotel se configure como casa, sendo assim asilo inviolável, ao momento da habitação do indivíduo mesmo tendo caráter temporário; correlacionado, também, ao Código Penal em seu artigo 150 §4. Isso reflete que a expressão casa, garantida, dessa forma, a inviolabilidade do quarto por se configurar sua habitação, mesmo que momentânea, será inviolável salvo nos casos já descritos acima com taxatividade na Constituição Federal acerca do tema domicílio. Tanto a Lei ou a Jurisprudência quanto também a doutrina majoritária versam sobre o tema de lícitas e provas ilícitas. Importante frisar, neste momento, que a Constituição Federal é clara e objetiva quando afirma que as provas obtidas por meios ilícitos devem ser desentranhadas do processo, sendo admitidas pela jurisprudência que essas provas possam ser usadas pelo acusado desde que seja a única prova e em seu benefício. No caso em análise, constata-se que as provas obtidas contrariam a norma, tornando-se, assim, ilícitas para poderem ser validadas a qualquer procedimento de denúncia. Importante destacar que, devido ao simples fato do recebimento de denúncia anônima, não gera nenhuma legitimidade para que os agentes possam invadir uma casa para fazer busca e apreensão de objetos sem ao menos uma ordem judicial que tivesse aplicabilidade durante o dia e não durante a noite, e também sem ao menos ter levado ao conhecimento de uma autoridade judicial que, diante do fato, poderia ter feito maiores diligências podendo até fazer a instauração do inquérito policial para averiguar se realmente procede. Fica evidente que a conduta descrita é totalmente inconstitucional, pois viola o Artigo 5º - XI, da Constituição Federal.