Polícia identifica suspeito de matar idoso no Quilombo Rio dos Macacos

José Isídio, 89 anos, foi assassinado a golpes de machadinha

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  • Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2019 às 19:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Bruno Wendel/ CORREIO

A polícia de Simões Filho identificou o possível assassino de José Isídio Dias, 89 anos. O idoso foi assassinado a golpes de machadinha no Quilombo Rio dos Macacos, em 25 de novembro deste ano. O nome do suspeito não foi divulgado, mas a polícia afirmou que já tem fortes indícios de autoria.

O titular da 22ª Delegacia (Simões Filho), Leandro Acácio, contou que está resolvendo trâmites burocráticos. “Estou aguardando apenas alguns detalhes da justiça para poder divulgar as informações, mas já tenho a autoria. Creio que até a próxima semana a gente divulgue mais detalhes”, disse.

José Isídio morava no Quilombo há mais de 50 anos, numa área de tamanho superior à medida de um campo oficial de futebol (120 metros). Ele recebia uma aposentadoria e havia juntado R$ 5 mil para montar uma serralheria para o filho caçula de 23 anos, que é marceneiro – a vítima deixou seis filhos, frutos de duas relações, além de netos e bisnetos.

No dia 12 de outubro, José Isídio saiu de casa e, ao retornar, notou que a janela estava aberta. “Quando entrou, ele viu vários objetos revirados, inclusive o colchão, local onde guardava os R$ 5 mil. Quando nos contou sobre o roubo, ele já falava que o ladrão havia sido um vizinho. Então, ele foi à delegacia e fez a denúncia”, contou um familiar, no dia do enterro. Com medo, ele pediu para não ser identificado.  

Ameaça Logo após, José Isídio passou a ser ameaçado de morte e a família resolveu agir. “Ele não dava detalhes das ameaças, pois temia que algo acontecesse com a família. Dizia: ‘Deixa prá lá, não quero vocês envolvidos com ele (vizinho). Então, uma das filhas passou a morar com ele, na tentativa de evitar o pior”, disse o parente.

Antes de a filha ir morar com o pai, José Isídio passava a maior parte do tempo sozinho. Isso porque a atual mulher mora no bairro de Valéria, em Salvador, junto com outros filhos do casal. “Eles (filhos) fazem faculdade à noite e a volta para o Quilombo é perigosa pelo fato de o local ser muito deserto”, complementou.

Crime O idoso dormia sozinho em casa quando foi brutalmente assassinado. O assassino esperou a filha sair para atacá-lo. “Na segunda, ela havia optado por dormir na casa dela. À noite, ela ligou para ele para desejar ‘boa noite’: ‘Pai, amanhã cedo, quando acordar, nos falamos, certo?’. Só que ele dormiu e não mais acordou”, contou o familiar.

O criminoso entrou pela janela e desferiu os golpes usando uma machadinha que a vítima usava para descascar dendê. Parentes foram informados do crime através de outros quilombolas. “Da janela escancarada dava para ver o corpo dele no quarto. Embaixo da cama havia uma poça de sangue. Levaram as ferramentas dele da serrilharia que pretendia montar para o filho, comida e o boletim de ocorrência do roubo que ele havia registrado. Tentaram levar a televisão, mas desistiram. O aparelho é pesado. É do tipo daqueles analógicos, com o fundo grande. Estava fora do lugar”, detalhou.

Discussão O idoso havia discutido duas vezes esse ano com um vizinho por conta de terra. “As duas cercas são coladas e em duas ocasiões ele brigou com o vizinho que tentou reduzir a extensão da terra dele, diminuindo a cerca. José Isídio era calmo, mas não gostava de injustiças”, disse a fonte.

Apesar de a região ter disputa de terra, a família acredita que esse não foi o motivo. “A gente não tem dúvida que o caso está relacionado ao roubo, uma vingança por causa da denúncia”, acrescentou.

A Polícia Civil informou, na época, que os investigadores trabalhavam com duas linhas de investigação: latrocínio (roubo seguido de morte) ou vingança. A hipótese de disputa por terra era remota, mas não descartada.