Polícia identifica suspeitos de matar funcionário que ia depor sobre morte de dono de pousada

Polícia não descarta a possibilidade de queima-de-arquivo

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  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de março de 2022 às 16:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Pelo menos dois homens têm envolvimento no assassinato de um dos funcionários do empresário Leandro Silva Troesch, que foi encontrado morto na própria pousada de luxo, no município de Jaguaripe, no baixo sul da Bahia. Segundo a Polícia Civil, um traficante e um usurário de drogas participaram da execução da vítima, identificada inicialmente como Marcel. “Já tenho a identificação dos dois suspeitos e vou pedir a prisão de ambos. Trata-se   de um traficante e um usuário de drogas. Um deles foi levar droga para Marcel”, disse o titular da delegacia de Jaguaripe, delegado Rafael Magalhães, na tarde desta terça-feira (08). Leandro e Marcel tornaram-se amigos recentemente quando cumpriram pena juntos em Salvador. 

O empresário e a mulher, Shirley da Silva Figueredo, foram presos no ano passado por roubo e extorsão e há pouco tempo tiveram o direito de responder pelos crimes em liberdade. O casal é um dos donos da famosa Pousada Paraíso Perdido, em Jaguaripe, no Recôncavo Baiano.   Marcel foi encontrado morto no domingo (6), no distrito de Camassandi, no mesmo município. Ele era "braço direito" do empresário. Ele chegou a ser ouvido pela polícia após a morte de Leandro, mas seria ouvido mais uma vez no domingo. “Acho muito estranho a principal testemunha que ajudaria esclarecer a morte de Leandro ter sido assassinada assim”, declarou o delegado.  Magalhães disse que não descarta nenhuma possibilidade para o crime, inclusive o fato de a vítima ter sido morta por representado uma ameaça para alguém. “É muita coincidência. A polícia trabalha com o todas as vertentes, inclusive a de queima-arquivo”, pontou o delegado que acredita que mais pessoas estejam envolvidas no assassinato de Marcel.  

Discussão Segundo a polícia, Leandro discutiu Shirley momentos antes de ter levado um tiro na cabeça  no último dia 25.  O desentendimento do casal ocorreu ainda da pousada e testemunhado por funcionários. “Algumas pessoas que trabalham no local disseram que ela (Shirley) e Leandro tiveram uma discussão instantes antes dele ter morrido. Não consegui decifrar ainda o motivo, mas a houve um desentendimento entre o casal”, afirmou o titular da delegacia de Jaguaripe, delegado Rafael Magalhães. Os relatos não coincidem com a versão apresentada por Shirley no dia do crime. “O inquérito está com ‘morte a esclarecer’. Quando ouvida no dia em que o corpo foi encontrado, Shirley disse que foi suicídio ao delegado de Santo Antônio de Jesus que fez o levantamento cadavérico. Outra é que testemunhas relataram que durante a semana. Leandro não apresentava sinais de depressão, pelo contrário, fazia planos”, declarou Magalhães. 

Horas depois da morte de Leandro, Shirley não foi mais localizada para um novo interrogatório da polícia e teve mandando de prisão expedido pela justiça – ela havia deixado Presídio Feminino em Salvador na condição de prisão domiciliar.  Um advogado de Shirley esteve pela manhã na delegacia de Jaguaripe para negociar a apresentação dela, que estaria em outro estado.  Ainda de acordo com o delegado, enquanto o casal estava preso, um funcionário desviou de dinheiro na pousada. Holofotes Acostumado com os holofotes e a vida glamourosa que levava na cidade de Jaguaripe, na região do Recôncavo Baiano, Leandro foi preso em fevereiro no ano passado, ao lado de Shirley. O casal estava dentro da pousada quando foi surpreendido pela polícia e, na época, a defesa lutava pela soltura, alegando prescrição do crime. Eles foram sentenciados pelos crimes de roubo e extorsão mediante sequestro contra a uma mulher em Salvador. O crime foi cometido em 2001. Leandro e Shirley viviam uma vida normal, apesar de terem sido condenados em segunda instância pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) em 2010 a 14 e 9 anos de prisão, respectivamente, em regime fechado. Apesar disso, os dois estavam foragidos, mas viviam publicando fotos normalmente nas redes sociais.  Após a morte de Leandro, a pousada suspendeu todas as reservas feitas para o período de Carnaval, justificando apenas que houve um "gravíssimo acidente sofrido pelo proprietário". Não há informações sobre como ficará a situação dos clientes.Relembre o crime do casal O CORREIO teve acesso às informações do processo que apura as acusações contra Leandro e Shirley. Outras três pessoas contam como réus. São elas: Joel Costa Duarte, Carlos Alberto Gomes de Andrade e Júlio da Silva Santos. De acordo com a Justiça, Joel abordou a vítima no dia 10 de maio de 2001, quando ela estacionava o carro na porta de casa, no bairro de Itapuã, por volta das 18h30. Eles tomaram o veículo da vítima e a mantiveram no carro enquanto eram efetuados saques de dinheiro em caixas eletrônicos.  Ao verificar o saldo bancário da vítima, Joel arquitetou a extorsão mediante sequestro, ficando a cargo de Júlio mantê-la em cárcere privado, primeiro no Motel Le Point, em Itapuã, depois numa casa situada na Praia de Ipitanga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), alugada ao próprio Joel e a dois comparsas, neste caso, Leandro e Shirley. Enquanto mantida em cárcere privado, a vítima foi alvo de reiteradas ameaças de morte feitas por Júlio, somente sendo liberada após o pagamento do resgate de R$ 35 mil. No processo consta que Leandro que conduziu o veículo da vítima e fez os saques. Já Shirlei, foi a responsável por buscar o pagamento do resgate. As armas utilizadas na prática dos crimes pertenciam aos dois Joel e Júlio, que conseguiram fugir na ocasião. No entanto, Leandro, Shirley e Carlos Alberto foram presos em flagrante. Posteriormente o casal passou a responder pelos crimes em liberdade, até a justiça ter voltado atrás em 2018.