“Polo Nordeste” do Mercosul

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  • Eduardo Athayde

Publicado em 3 de julho de 2019 às 09:06

- Atualizado há um ano

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Integrada a mercados globais graças a inteligentes logísticas de transportes e comunicações, a União Europeia (EU) facilita a produção, a compra e a venda de bens para os seus 500 milhões de consumidores.Como maior economia do mundo é a mais aberta para os países em desenvolvimento. "Ao longo dos anos, a UE investiu muito no desenvolvimento da maior rede mundial de acordos comerciais” afirmou a Comissária para o Comércio da UE, Cecilia Malmström.

Além de ser o maior bloco comercial do mundo é o maior comerciante mundial de bens e serviços manufaturados. Com um PIB per capita de 25.000 euros, ocupa o primeiro lugar em investimentos internacionais e é o principal parceiro comercial de 80 países, universo aumentado com a entrada do Mercosul.

Signatários do Tratado de Assunção que criou o Mercosul em 1991, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai acolheram os outros países sul-americanos na condição Estados Associados sujeitos a protocolos de adesão. Quinta economia do mundo com população 295 milhões, o Mercosul tem US$ 824 bilhões em projetos de infraestrutura financiados. A Venezuela foi suspensa em 2016 por descumprimento do Protocolo de Adesão.

Com o acordo com a União Europeia, o Nordeste brasileiro, cujo PIB cresceu apenas 0,6% em 2018 (Brasil cresceu 1,1%), passa a ser visado pelo mercado europeu como Polo Nordeste do Mercosul. Com uma economia equivalente à de Portugal (2018 – PIB Nordeste US$ 236,9 bi / PIB Portugal US$ 237,9 bi) e fortes identidades sócio culturais, o Nordeste tem, além da sede da Comissão Europeia, em Bruxelas, a pátria lusófana como mais um espaço para difusão de um Plano de Desenvolvimento do Polo Nordeste do Mercosul – PDPNM (adaptação internacional do PRDNE [www.sudene.gov.br/prdne].

Construído a partir da contribuição de especialistas, instituições de fomento e membros da sociedade civil, o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste - PRDNE, aprovado pelo Conselho Deliberativo da Sudene em maio de 2019, pouco antes da celebração do acordo com a UE, já está adaptado para a Agenda 2030 /Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.

Uma das áreas que mais atrairá a atenção da UE, focada na economia do mar, são as Zonas Econômicas Exclusivas - ZEEs marinhas do Mercosul. A ZEE marinha europeia tem 25 milhões de km². A ZEE brasileira, chamada de Amazônia Azul (com sede na Baía de Todos os Santos - central a costa e berço da civilização brasileira), tem 5,7 milhões de km² (43% estão no Nordeste). Com recursos naturais, minerais e uma rica biodiversidade ainda inexplorados, onde 85% do petróleo, 75% do gás natural e 45% do pescado do país são produzidos, escoa 95% do comércio exterior brasileiro.

Durante o lançamento do Blue Economy Report da UE [bit.do/Blue_Economy], em maio deste ano em Lisboa, Karmenu Vella, comissário responsável pelos assuntos marítimos da UE, abriu a conferência afirmando: “Este ano, o foco principal está em impulsionar uma economia “azul”, o uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico.

Na era da eco-nomia digital, onde fatos e dados globais trafegam na velocidade de cliques nos celulares, não é mais possível “pensar fora da caixa”, a caixa agora é o planeta. “O grande problema do Nordeste é a opinião que o resto país tem dele: negativista e falsa”, afirma a respeitada cientista social, economista pernambucana e professora Tania Bacelar.

Se convidada para mostrar o Nordeste aos novos parceiros da UE, a professora Bacelar vai descortinar o que o Brasil, preso pela visão marginal que o resto do país, prisioneiro no centro Sul, demora a enxergar: um novo "Polo Nordeste do Mercosul" com potenciais de investimentos internacionais e de desenvolvimentos locais, nunca antes percebidos nem observados.

*Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.