Porto da Barra tem domingo de aglomeração, mas sem violência

Policiamento na região foi reforçado após sucessão de crimes

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

A praia do Porto da Barra ficou lotada em mais um domingo. Também pudera, quem viu o sol imponente e céu limpinho de Salvador entende a sede dos baianos em curtir uma praia. Foi tanta gente que, mais uma vez, a Guarda Civil Municipal (GCM) precisou limitar o acesso à faixa de areia desde as 11h, deixando uma fila de gente aguardando para entrar. Às 14h, já não entrava mais ninguém e somente trabalhadores ambulantes podiam circular livremente.

Uma coisa que pouca gente sabia, na faixa de areia, mar ou balaustrada, era que este domingo (19) também foi o primeiro da 11ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) sob o comando do major Uildnei Carlos, que assumiu a companhia após os seguidos casos de violência que aconteceram no Porto. O final de semana foi mais tranquilo do que outros registrados neste mês de setembro. De acordo com a 11ª CIPM, o que mais chamou atenção de sexta a domingo foram a prisão de um traficante que vendia drogas no Porto da Barra e a apreensão de um revólver calibre 32 que estava em posse de um homem que se envolveu numa briga.

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Segundo o comandante, sete viaturas e cerca de 25 policiais trabalharam sob seu comando no domingão. Além disso, a segurança na região contou com guarnições do BEPTur (Batalhão Especializado de Policiamento Turístico), Esquadrão Águia e Guarda Civil Municipal. A GCM controlava o acesso à praia com 50 guardas.

"O foco principal é trabalhar com inteligência no momento. Eu, pessoalmente, junto a uma equipe de policiais, estou trabalhando na análise do local. Estamos infiltrados para identificar eventuais criminosos de maneira mais precisa e permitir que a população possa curtir esse cenário tão bonito de maneira mais segura", disse o major.

A prisão do traficante aconteceu na madrugada de sábado para domingo. Já a briga que acabou com a apreensão do revólver ocorreu na tarde de sábado (18).

"Nesse final de semana não tivemos muitos problemas. Ontem, fizemos a prisão de um elemento que estava traficando, ele estava com algumas drogas. Hoje, apesar de muita gente aqui no Porto da Barra e até o Cristo, não verificamos nenhuma ocorrência de relevância. Mais cedo, houve um desentendimento na praia, mas estamos com equipes na área. Há um trabalho conjunto entre Beptur, Semop [Secretaria Municipal de Ordem Pública] e equipes da 11ª para evitar ocorrências mais graves. Também realizamos blitze no entorno, em avenidas de acesso, com apoio do grupo Águia", revelou.

O major Uildnei assumiu o comando da 11ª CIPM após uma sucessão de fatos violentos na região da Barra. No dia 31 de agosto, um homem  colocou fogo em um casal que dormia próximo à praia. Os dois morreram. Menos de 15 dias antes, dois assaltantes roubaram duas pessoas no calçadão e entraram no mar para tentar escapar da polícia. Eles foram presos.

Já em setembro, dois fatos em sequência chamaram atenção. Primeiro, três pessoas foram baleadas na região do Porto, em ação que acabou com uma morta. No dia seguinte, 6 de setembro, um corpo foi encontrado boiando na praia, um dos cartões postais mais conhecidos e amados da cidade.

"A hora que o pessoal está saindo é o mais crítico. Muita gente sai da praia e não vai para casa, continua bebendo no calçadão, com som e tentamos evitar essa aglomeração ao máximo para evitar ocorrências. Fiz questão de vir nesse momento do final da tarde para começo da noite por isso", contou o major.

Vendedora ambulante no Porto há dois anos na Barraca do Zé, Maria Cleide afirmou que o movimento caiu com os casos de violência. "O público que consumia com a gente, pedia sombreiro, cadeira, cerveja e essas coisas acabou se afastando. Deu lugar pra galera do cooler, que, quando pega alguma coisa com a gente, é um sombreiro. Então, diminui muito a renda", disse antes de garantir que tem a roska e o suco mais gostosos do mundo. Violência mudou o público no Porto, de acordo com vendedora, e diminuiu movimento de vendas (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Na balaustrada após sair do Santo Antônio Além do Carmo para encontrar os amigos e não conseguir o acesso, o banhista Alexandre Luiz, o Xandão, afirmou que o aumento nos casos de violência no Porto são recentes e até desmotivam a frequentar a praia que classifica como favorita. Tão favorita que ele e o grupo de amigos curtiam mesmo do lado de fora."Aqui era a melhor praia que tinha. Hoje em dia, ficou complicado, baixo astral. Isso tira a vontade de vir até aqui. A gente hoje pensou em ir para a Boa Viagem, mas deixamos pra lá e vamos insistir no Porto", afirmou Xandão.Apesar de não conseguir o acesso, a galera da balaustrada curtia bem: som, bebida devidamente gelada no cooler e uma vista mais do que agradável da Baía de Todos os Santos. A curtição não era tanta para a amiga e técnica de enfermagem Ana Paula Queiroz, que saiu de Lauro de Freitas para encontrar a galera e ficou frustrada por não poder colocar o pé na areia e tomar uma água de côco (ou cerveja gelada) na beira do mar.

"É uma situação chata você se arrumar e não conseguir tomar um banho na praia, tomar o sol aqui em cima. A praia já está cheia, o covid-19 já está se espalhando, não tem ninguém de máscara lá em baixo. Quem vem é porque assume o risco. Aqui em cima tem aglomeração igual, a gente está aqui bebendo como se fosse lá", afirmou.  Com o copo na mão à esquerda, Xandão lamentou a violência no Porto e também ficou triste por não conseguir acessar à praia com sua galera, que ficou tomando uma na balaustrada (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Responsável pelo controle de acesso à praia, a Guarda Municipal classificou o movimento no Porto durante o domingo como tranquilo e controlado. Com a subida da maré por volta das 14h, foi necessário interromper totalmente o acesso, devido a redução do espaço na faixa de areia, que foi retomado por volta das 17h30.