'Porto seguro': Cinco dicas para proteger sua reserva financeira da crise

Diante do momento de pandemia, especialistas em investimentos recomendam aplicações mais conservadoras, ainda que a rentabilidade seja menor

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  • Priscila Natividade

Publicado em 29 de junho de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Shutterstock

Incertezas na economia, volatilidade nas cotações do dólar, de rendimento das bolsas, taxa básica de juros em quedas sucessivas chegando a 2,25%. Em meio a uma crise provocada pela pandemia, quem tem uma reserva financeira vai precisar encontrar um porto seguro para proteger este dinheiro guardado. Segundo um levantamento feito pelo aplicativo de Finanças Pessoais Guiabolso, a preocupação com a redução de renda fez com as pessoas poupassem mais dinheiro em maio. Pela primeira vez no ano, saldo da poupança fica em mais de R$ 5 mil.

Os dados analisaram entre os meses de janeiro e maio, as contas de 189 mil usuários da plataforma em todo país, entre eles, os baianos. Diante de uma renda reduzida por conta das dos cortes de salário provocados pela crise, o maior saldo da poupança pode ser explicado por uma diminuição de algumas despesas com a necessidade do isolamento social. Ainda com base no Guia Bolso, os gastos com aplicativos de transporte, por exemplo, recuaram 46% entre o começo do ano e maio.

“Obviamente, a quarentena e a crise pegou em cheio a renda das pessoas, mas percebemos que há um grande esforço para economizar, seja por receio do futuro ou mesmo de perda de renda já no presente. Caso os gastos não sejam ajustados, o primeiro caminho encontrado é recorrer à reserva”, explica a economista do Guiabolso, Yolanda Fordelone.

Mesmo em um momento em que o orçamento está apertado e exige uma revisão em todas as contas, a economista aconselha, que o ideal é poupar cerca de 15% da sua renda mensal para começar esta reserva de emergência. Isso ajuda a  evitar lá na frente contratar modalidades de créditos que são mais caras, como cheque especial e cartão de crédito.

“Apesar de a renda fixa estar com um rendimento menor devido à queda da taxa básica de juros Selic, esse tipo de investimento continua a ser indicado para aplicações de reserva de emergência. Fundos com resgate diário ou o Tesouro Direto são opções”, recomenda.

Cautela E como proteger esta reserva? O CORREIO conversou com especialistas em investimentos que listaram cinco dicas para cuidar deste dinheiro na crise. Entre as orientações, está a revisão do seu orçamento, a preferência por investimentos mais conservadores e de renda fixa (Tesouro Direto, CDB, LC, LCA, LCI), diversificar suas aplicações, evitar investimentos de risco e não sair investindo sem ter conhecimento ou sem estudar bem a melhor estratégia (veja no box abaixo).

Foi o que fez a psicóloga Lívia Andrade, que readequou toda sua carteira ao cenário do coronavírus, principalmente, em relação à renda fixa. “Fiz alguns ajustes e contei com a orientação da corretora de investimentos  para readequar a minha carteira. Deixamos 10 meses das minhas despesas na reserva de emergência em um ativo seguro (Tesouro Selic), o restante dividi entre fundos multimercados e 20% do meu patrimônio total montamos uma carteira de ações em empresas de energia e bancos”, conta.

Lívia reduziu algumas despesas do orçamento também. “Diante de um cenário com tantas incertezas ter uma reserva de emergência em ativos seguros, na renda fixa, mesmo que agora esteja pagando muito pouco, me deixou bem mais tranquila. Na reserva de emergência não quero retornos espetaculares e sim proteção e segurança”.

A economista do Guia Bolso, Yolanda Fordelone, concorda: “As principais características que a pessoa deve buscar para a reserva de emergência na pandemia é liquidez (capacidade de resgatar a qualquer hora) e segurança (menores possibilidades de oscilações bruscas ao longo do tempo). O ideal é se adaptar ao momento”, acrescenta.

DICA DA SEMANA: PARA PROTEGER SUA RESERVA

Reveja seu orçamento Esse replanejamento das contas vai permitir destinar algum valor, por menor que seja, para começar esta reserva ou evitar comprometê-la, no caso de quem tem algum dinheiro guardado. “Controle os gastos no cartão de crédito para não tomar sustos com a fatura e ter de usar a reserva financeira. Converse também com todos da casa para que o esforço de economizar seja feito em conjunto”, afirma a economista do Guia Bolso, Yolanda Fordelone.

Segurança Busque ativos que não tem oscilação de mercado para compor sua reserva de emergência. A dica é do analista de investimentos da Easynvest, José Falcão: “Esse é o momento que não há alternativa a não ser buscar esses ativos mais seguros para atravessar a crise, mesmo que o rendimento esteja mais baixo”.  

Diversifique Isso significa que o mais indicado, tendo como base o seu perfil de investidor, é ter uma parte do seu dinheiro em um investimento que te dê mais liquidez, outra parte em uma aplicação mais conservadora, como explica o diretor de Relações com o Mercado da Ativa Investimentos, Sylvio Fleury. “Dessa forma você diversifica e dilui qualquer tipo de risco de liquidez e risco de mercado da cesta como um todo”.

Evite aplicações arriscadas É preciso entender que vivemos um momento de instabilidade econômica e isso tem consequência nos investimentos. Para o fundador do buscador online de Investimentos, Yubb, Bernardo Pascowitch, forma de preservar essa reserva é a mantendo em investimentos seguros. “Comece com R$ 30, R$ 50 ou R$ 100, por exemplo, e vá aumentando o valor. Aplicações com alta volatilidade devem ser evitadas”.

Estude e conheça a aplicação onde vai investir Ninguém quer perder dinheiro, mas em um cenário tão imprevisível acompanhar o mercado, as decisões econômicas e conhecer bem onde está investindo é essencial para proteger esta reserva. “Não invista em nenhum produto que você não entenda a estratégia ou a função dentro da sua carteira. É muito comum investidores receberem recomendações de produtos que pagam comissões altas para os gerentes ou que tiveram uma rentabilidade boa no passado (lembrando que rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura)”, alerta o economista da gestora de investimentos, Magnetis, Daniel Jannuzzi.