Praia do Forte e Imbassaí ficaram até 15 horas sem energia

Muitos hóspedes que escolheram praias disputadas como Imbassaí, Costa do Sauipe e Praia do Forte passaram por esse sufoco por causa de cortes no abastecimento de água e energia nesse fim de ano

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  • Da Redação

Publicado em 8 de janeiro de 2014 às 09:45

- Atualizado há um ano

Já imaginou reservar hotel, sarapatel e lua de mel no Réveillon e, quando chega o tão esperado dia 31, falta água para o último banho do ano? E que tal passar um calorão na noite abafada de janeiro em uma pousada sem ar condicionado ou ventilador? E ter que aguentar, por dias, um sanitário que não dá descarga ou com água racionada...Muitos hóspedes que escolheram praias disputadas como Imbassaí, Costa do Sauipe e Praia do Forte passaram por esse sufoco por causa de cortes no abastecimento de água e energia nesse fim de ano. Mas o feriado foi ainda mais frustrante para o comércio local, que investiu em preparativos e reformas, encheu as geladeiras e lotou os quartos esperando faturar. Muitos, além de ter que lidar com o prejuízo, tiveram que lidar com a insatisfação da clientela.CasosMarise Pereira dos Santos, dona da Panificadora Favorita, em Subaúma, por exemplo, teve que jogar no lixo 50kg de farinha de trigo, o que daria para produzir 1,2 mil pãezinhos (cerca de R$ 300). “Já estava na mistura com água, dentro da máquina, quando faltou luz. Só pedi a Deus, porque se eu for me desesperar é pior, né?” disse ela. Marise contabiliza prejuízo maior, já que não teve como trabalhar das 21h do dia 30 até o meio-dia do dia 1º de janeiro, período em que ficou sem energia.Na Praia do Forte, restaurantes e pousadas tiveram dificuldade para prestar um bom serviço no RéveillonComo consequência da falta de luz, faltou água durante parte desse período em comunidades como Subaúma, uma das localidades mais prejudicadas. Quem estava na cidade teve que se virar para lavar pertences e tomar banho. “O rio ficou sujo, como um rio de porcos, com todo mundo dentro de uma vez para lavar prato, roupa, panela”, conta Marise.Na Pousada da Dona Didi, a comida só não estragou no freezer desligado porque ela resolveu cozinhar tudo de uma vez, mesmo sem ter quem comesse tudo. “Porque eu sou velha e precavida, botei os pernis congelados de Réveillon para assar”, relata dona Didi, que dá nome à pousada. “Quem mais perdeu foi restaurante”, acredita.A funcionária Ângela Barros, da Pousada Bichelenga, em Imbassaí, lamentou não poder servir direito o café da manhã dos hóspedes. “Sem luz, a gente não conseguia bater um suco, ou preparar as coisas. A dormida foi péssima também, sem ar condicionado ou ventilador”, lamenta.Josiene de Sena também ficou frustrada ao arrumar as mesas do Restaurante Santana, também em Imbassaí, e não ver ninguém aparecer. “Realmente eu esperava que algum cliente chegasse, mas a gente não teve movimento nenhum”, lamentou a proprietária. “Normalmente a gente vende em torno de R$ 800/R$ 1 mil por dia, e no dia 30 a gente vendeu zero”, diz.“Esta semana chegou um cliente reclamando justamente da falta de água no banheiro. Cliente não quer saber se tem problema de abastecimento.  Ele vem pra comer, beber e quer ver tudo limpinho, organizado. Eles estão lá querendo saber se tem energia? E reclamação é ruim. Dizem que o cliente espalha para mais de dez pessoas, e a gente não tem culpa”, diz Josiane.Grande HotelAté os maiores complexos hoteleiros foram prejudicados. Mark Campbell, diretor de Operações da Costa do Sauipe, que recebeu em dezembro do ano passado o sorteio dos grupos da Copa do Mundo da Fifa e tem mais de 1,5 mil leitos, também sofreu devido ao corte de energia.“O dano principal é com a imagem do Litoral Norte e da Bahia, porque hospedamos gente do mundo inteiro. Ficar 15 horas sem abastecimento é algo sem precedentes”, diz Mark. Apesar de contar com geradores, o complexo de Sauipe registrou desconforto de clientes devido a quartos sem luz e ar condicionado. E se no Verão está assim, imagine na Copa? “Nós temos uma agenda marcada com a Coelba para discutir esse assunto, para que eles apresentem as causas em um nível de detalhe mais adequado”, afirmou o diretor.Embasa culpa Coelba, que aponta problema em linha de alta tensãoA Coelba, a Embasa e a Secretaria de Turismo do Estado (Setur) se comunicaram com a reportagem do CORREIO através de comunicados. A Embasa credita todos os problemas de abastecimento entre Guarajuba e Sauipe à falta de energia elétrica, e que utilizou geradores de energia para garantir a normalidade do abastecimento durante os dias de maior consumo.A Setur convocou a Coelba e representantes do setor turístico, anteontem, para uma reunião de esclarecimento, mas ainda não foi apresentado nenhum motivo oficial para os problemas. “Enviamos amostras do cabo para perícia”, disse, no encontro, o superintendente da Coelba, Sérgio Mello.O titular da Setur, João Carlos Oliveira, disse que a principal preocupação do governo é manter a imagem da Bahia e a satisfação dos visitantes. “Um destino precisa ter um bom receptivo e uma boa infraestrutura, por isso convocamos essa reunião”, afirmou.Em nota, a Coelba diz que o problema foi causado por um defeito na linha de alta tensão que liga a Subestação de Catu à Subestação de Porto Sauipe, responsável pelo abastecimento dessas áreas, e que o fornecimento de energia foi completamente normalizado às 12h do dia 31. O comunicado ainda informa que eventuais prejuízos em decorrência de falta de energia poderão ser ressarcidos, desde que registrados, e serão respondidos conforme a lei.