Preço da batata deve ser normalizado rapidamente

Coordenador do Agropolo diz que não há motivo para a alta no preço do produto

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  • Georgina Maynart

Publicado em 1 de junho de 2018 às 16:39

- Atualizado há um ano

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Nos últimos dias ela virou presença constante na lista dos alimentos mais caros do país. Em Salvador e região metropolitana não foi diferente. Impulsionado pelas consequências da paralisação dos caminhoneiros, o preço do quilo da batata chegou a R$ 9 nos supermercados. Na Ceasa de Simões Filho, o saco de 50 kg atingiu R$ 500, alta de 830% em relação aos R$ 60 reais das semanas anteriores.  

Mas o preço extraordinariamente alto deve estar com os dias contados. Com a regularização do transporte de carga, os nove maiores produtores de batata da Bahia, concentrados no Agropolo, entre os municípios de Mucugê e Ibicoara, na Chapada Diamantina, voltaram a escoar a produção.  (Foto: Arquivo CORREIO) O coordenador executivo do Agropolo, Evilásio Fraga, diz que não há motivo para alta de preço, já que os agricultores não perderam nenhuma batata no campo. “A batata tem um ciclo de produção de 90 a 100 dias para chegar no ponto de consumo. Depois disso tem 30 dias para fazer a colheita. Então não há pressa para colher. Embaixo da terra ela fica conservada. A batata só é retirada do solo na hora do transporte. Como não podíamos transportar neste período de paralisação dos caminhoneiros, a batata não chegou a ser colhida, não foi retirada do campo”, argumenta. 

Agora que o produtor voltou a fornecer para os centros urbanos, a tendência é a de que o preço caia vertiginosamente, já que não existe falta de batata.“A alta da batata é ilusão. A oferta de batata no Brasil e na Bahia está equilibrada. Esta alta no preço não é por falta de oferta, nem por falta de demanda, é por falta de logística. Os agricultores não tinham como levar a batata do campo para cidade por que os caminhões não passavam”, afirma Fraga.  Oscilações Em 2017 o saco de 50 quilos chegou a ser vendido por R$ 55, menos de R$ 1,50 o quilo. No início de 2018 houve alguns dias de chuva que impediram a colheita e provocaram uma pequena alta no preço por um curto período. Entretanto, antes das paralisações, a cotação da batata estava em queda, inclusive com agricultores reclamando de preços abaixo do custo de produção. 

Por causa da crise hídrica que atinge a região da Chapada Diamantina desde 2015, e a consequente queda no nível da Barragem do Apertado (hoje com apenas 5% da capacidade), os agricultores foram forçados a diminuir a irrigação e a produção. Nos últimos 3 anos a área plantada foi reduzida em quase 60%, para menos de 3 mil hectares (antes chegava a 6 mil hectares). 

Apesar do racionamento, o Agropolo ainda produz cerca de 30% das batatas que abastecem todo o Nordeste. Elas são valorizadas no mercado porque costumam chegar ainda frescas nas prateleiras, devido à proximidade com o mercado consumidor. Antes a Bahia era abastecida exclusivamente pelos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Paraná, fator que encarecia o produto devido ao frete.  

A Chapada Diamantina é a única região da Bahia onde há cultivo de batata em escala. As condições climáticas são consideradas ideais, devido à altitude, insolação, umidade e temperatura, que pode chegar a 10 graus no inverno. A produção é mantida ao longo de todo o ano e gera cerca de 2.500 empregos diretos. Os mesmos agricultores também cultivam outros legumes e verduras, como tomate e pimentão, e grãos como café.  

Tomate Situação oposta à da batata ocorreu nas lavouras de tomate da região. Durante a paralisação dos caminhoneiros as perdas chegaram a 2 mil toneladas, principalmente do tomate de mesa, o mais consumido na Bahia.