Preço de legumes está em queda em Salvador

Custo mais baixo e preocupação com a saúde devem elevar o consumo

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  • Georgina Maynart

Publicado em 18 de agosto de 2019 às 13:20

- Atualizado há um ano

As verduras e legumes nunca estiveram tão saborosos, principalmente para o bolso do consumidor. Nas últimas duas semanas os preços despencaram nas feiras da região metropolitana de Salvador, e a redução chega a mais de 70% em alguns hortifrútis.

No maior entreposto de abastecimento da Bahia, a Ceasa de Simões Filho, o preço da batata doce caiu cerca de 33%. A caixa do legume, que custava R$ 120, está sendo vendida por R$ 80. 

A queda de preços no atacado tem se refletido com intensidade ainda maior no varejo. A redução no preço do legume chegou a 65% na feira de São Joaquim, e agora o quilo pode ser encontrado por até R$ 2,50. Bem abaixo dos R$ 7 da semana passada.

As baixas cotações estão sendo registradas também no pepino e na berinjela. Eles tiveram os valores reduzidos em 50% na central de abastecimento. O quilo agora sai até por R$ 2.   Chuva favoreceu plantações de batata doce em Maragogipe, no recôncavo baiano. Safra deve ser uma das melhores dos últimos cinco anos. (Foto: Antônio Jilson Cruz Dias) Até o tomate, que nos últimos meses vinha se consolidado como principal vilão da cesta de alimentos, está dando o ar da graça e registrou queda de 71% no atacado. Na Ceasa a caixa do tomate de mesa está custando R$ 40, cem reais a menos do que no início do ano. Nas feiras, o quilo da variedade salada chegou a custar até R$ 7, mas agora sai por R$ 3.

O consumidor se empolga e aproveita para comprar também o pimentão e o repolho que estão 25% mais barato do que no início do mês. Dá para levar ainda um pouquinho mais de batata inglesa que andava sumida da lista de compras, mas está 33% mais em conta. 

“Tem promoção geral estes dias, e está vendendo muito. Principalmente porque algumas frutas ainda continuam com os preços em alta. Aí muita gente acaba consumindo mais verduras”, diz o feirante Luís Vaz, da Ceasa do Ogunjá.  Nas feiras de Salvador os preços das verduras e legumes despencaram. A boa safra na maior parte do país tem provocado redução de preços. (Foto: Luis Vaz) FATORES

As causas das oscilações nos preços dos legumes e verduras são variadas.

No caso do tomate, a colheita está intensa nas principais regiões do país. Tem remessas boas saindo de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, assim como das regiões produtoras da Bahia, onde cerca de 80% da safra de inverno já foi colhida. Na região de Irecê, a cotação deste alimento registrou queda de 22,39% na primeira quinzena de agosto.

Segundo a última pesquisa de oferta de hortifrúti no Brasil, divulgada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a desvalorização já era esperada.“Com o aumento gradual das temperaturas nos últimos dias, a maturação dos tomates se acelerou. Além disso, a primeira parte da safra de inverno continua se intensificando. A qualidade dos frutos em geral é boa, atendendo às exigências do mercado: graúdos e sem manchas. Para a próxima semana, a tendência é que a oferta siga nos patamares dessa, ou até mesmo aumente, uma vez que as temperaturas devem continuar subindo”, diz o relatório do Cepea.O ritmo de colheita também está acelerado nas lavouras de batatas. Este mês, 35% da safra de batata inglesa já foram colhidas na maior parte do Brasil, e o percentual já ultrapassou os 60% em São Paulo. Isso fez aumentar a oferta nos mercados e reduzir os preços nas gôndolas.

A situação se repete com a batata doce. No município de Maragogipe, no recôncavo baiano, os agricultores estão em ritmo intenso de colheita. O município é um dos maiores produtores do estado. A expectativa é de que esta safra seja a maior dos últimos cinco anos.

“Sofremos no ano passado por causa da estiagem. Mas nos últimos três meses choveu bem. Os agricultores familiares estão muito satisfeitos porque a demanda pelo consumo está boa, tem cada vez mais gente procurando a batata doce, principalmente as pessoas que fazem exercícios e frequentam academias”, afirma Clerisvaldo Nascimento de Andrade, secretário de agricultura de Maragogipe. Nesta região do recôncavo, a caixa de batata doce que custava R$ 70, agora não passa dos R$ 30. 

Já as hortaliças, como a alface, continuam sendo beneficiadas pelas chuvas regulares das últimas semanas. Mais de 55% da safra de agosto já foi colhida, e a produtividade em alta favorece a queda de preços. Em Salvador, na Ceasa do Ogunjá, o preço da alface caiu pela metade, e a couve está 35% mais barata. 

EXCEÇÕES

Mas nem tudo está verde no mundo dos hortifrutis. As cotações da cenoura vão continuar em alta pelo menos até o fim de setembro, quando a colheita deve aumentar. Segundo o Cepea, o preço do legume chegou a subir 105% em relação ao mesmo período do ano passado. A redução na área de plantio teria sido um dos fatores. Muitos agricultores trocaram o cultivo por outros, como alho.

“Outro motivo que contribuiu para os preços altos é que a oferta nas praças de Cristalina, em Goiás, e Irecê, na Bahia, está extremamente baixa. Poucos produtores estão comercializando a safra de cenoura e o foco de produção mudou para outras culturas”, aponta o Cepea. 

No caso da cebola, a oferta pode até subir agora em agosto, mas os preços devem permanecer altos, porque a safra não será suficiente para atender todo o mercado. 

“Nesta temporada houve um recuo de área, e isto deve manter o volume reduzido”, afirma Marina Marangon, pesquisadora do Cepea. 

Muitos agricultores também vão esperar uma elevação de preços para escoar a produção. Até agora apenas 15% da safra de cebola de Irecê foi comercializada.

CONSUMO EM ALTA 

A queda nos preços atende a uma parcela da população que vem consumindo cada vez mais legumes e verduras. Segundo os analistas de mercado, a procura por estes alimentos está em expansão no Brasil. Os pesquisadores apontam que a tendência é de que o consumo de hortifrútis se eleve a partir de 2020 no país, caso as expectativas de recuperação da economia se confirmem. “A tendência de saudabilidade deve permitir crescimento do consumo de frutas e hortaliças frescas, e de industrializados saudáveis, como sucos e águas de coco. No curto prazo, a rentabilidade tende a ser positiva para estes alimentos”, afirma Fernanda Geraldini Palmieri, especialista em tendência de mercado do Cepea.Outro estudo da consultoria Euromonitor Internacional também indica um avanço das dietas com vegetais e da procura por alimentos saudáveis. A pesquisa realizada com mais de 30 mil consumidores, de 21 países, aponta para um aumento na demanda por produtos minimamente processados e que valorizem os ingredientes regionais. A falta de tempo também tem favorecido a busca pelos chamados pratos frescos, com tempo reduzido de preparação e em porções pequenas.

A Organização Mundial de Saúde recomanda que as pessoas consumam no mínimo 400 gramas de hortaliças ou frutas por dia, em pelo menos cinco dias na semana. Os legumes e verduras são ricos em vitaminas, minerais, fibras e nutrientes de baixo valor energético. Por isso estão sendo muito consumidos por pessoas que querem perder peso. 

Com foco neste nicho de consumo muitas empresas vêm desenvolvendo opções rápidas de refeições, com base em porções individuais. É o caso da chef de cozinha Maria Anjos. Ela mantém um serviço de entrega a domicílio, no qual oferece um cardápio diferenciado que inclui muitos pratos com vegetais e legumes.

“Em qualquer parte do mundo os alimentos que chegam à mesa são quase sempre os mesmos. O que muda são alguns ingredientes e, sobretudo, a forma de preparar. Montamos um cardápio com marmitas saudáveis, no segmento fit, utilizando ingredientes leves e acessíveis, mantendo a comida gostosa. A ideia é usar os mesmos ingredientes que utilizamos normalmente, mas com técnicas que permitam uma comida diferente da que temos acesso todos os dias”, afirma a cozinheira. Chef Maria Anjos mostra receita criada com legumes e ervas. Prato é um dos mais procurados do cardápio. (Foto: divulgação) A procura por pratos que contêm vegetais e legumes já corresponde a 60% dos pedidos enviados pela empresa Maria Cozinheira. Uma das receitas mais solicitadas é a de Ratatouille com Batata doce na chapa. 

Ela forneceu a receita para o CORREIO. O ratatouille é um prato de origem francesa que leva basicamente legumes e ervas, Pode ser servido quente ou frio, com ou sem acompanhamento. 

“Tem cliente que pede essa marmita três vezes na semana, das cinco opções de que dispomos. A combinação com batatas permite uma mistura agridoce, e foge um pouco do tradicional purê. Além disso, ao preparar ela na chapa, a batata doce proporciona uma sensação diferente ao paladar”  Ratataouille com Batata Doce na Chapa. (Foto: Maria Cozinheira ) Ratatouille com Batata doce na chapa

Ingredientes para o Ratatouille (Rendimento:700g):

200g de Berinjela  200g de Abobrinha   200g de Pimentões coloridos (amarelo, vermelho, verde)  100g de Cebola (branca)  100ml de azeite   70ml Vinagre, limão ou vinho  10g de sal (colher de chá) 2 dentes de alho amassados Pimenta do Reino preta (à gosto) Manjericão, Tomilho, Louro, Salsa (ou outras ervas de sua preferência) à gosto

Modo de preparo:

Corte separadamente em cubos os pimentões, a abobrinha, a berinjela e a cebola. Em três frigideiras diferentes, refogue os pimentões, a abobrinha junto com a berinjela e na terceira, a cebola. Refogue com azeite e durante o processo acrescente o alho, a pimenta e o sal. Vá colocando azeite, principalmente na berinjela e na abobrinha para não ressecar. Depois de refogados (em torno de 8 minutos), coloque as ervas e o vinagre. Reserve.

Ingredientes para a Batata Doce na Chapa  *500g de batata doce branca ou vermelha *Água para cozimento 

Modo de preparo:

Cozinhe as batatas inteiras e com a casca em água ou vapor, como preferir. Desligue o fogo assim que levantar o cheiro, pois elas precisam ficar durinhas. Depois descasque e corte em fatias grossas. Em seguida aqueça bem uma chapa de ferro ou frigideira, e coloque as batatas. Vire quando estiverem com uma crosta preta. Observe que ela fica preta, mas não queimada. Sirva depois com o Ratatouille.

Dica: O ratatouille pode ser servido como entrada, prato principal ou ainda junto com alguma proteína.