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Hilza Cordeiro
Publicado em 9 de junho de 2020 às 20:50
- Atualizado há 2 anos
Sem licitação, a Prefeitura Municipal de Sapeaçu, no Recôncavo baiano, comprou adesivos personalizados e seis pias improvisadas feitas de tambor de plástico pelo valor de R$ 16,7 mil.>
Segundo a gestão, os equipamentos foram adquiridos para a lavagem de mãos da população a fim de evitar a disseminação da covid-19 na cidade.>
Sapeaçu registra, até esta terça-feira (9), seis casos da nova doença, conforme dados do boletim epidemiológico estadual. Moradores do município suspeitam de mau uso do dinheiro público.>
Espalhados em pontos da cidade, os lavatórios levam o adesivo da prefeitura e estão localizados na barreira sanitária, no Hospital Municipal, na Secretaria Municipal de Saúde, no Mercado Municipal, na delegacia de polícia e numa agência do Banco do Brasil.>
Em anonimato, um morador contou ao CORREIO que os lavatórios não dispõem de detergente ou sabão para lavar as mãos, o que seria necessário para matar o vírus.>
Auxiliar administrativo e também habitante de Sapeaçu, Cristiano Santos Oliveira conta que ao saber da instalação das pias, achou que haveria mais delas distribuídas pela cidade. "Não vejo muito o pessoal usando", comenta.>
A compra dos equipamentos foi publicada no último dia 20 no Diário Oficial do município. A empresa vencedora foi a J.B. Comunicação Eirelli, de propriedade de Edijaldo Lopes de Souza Junior, que além das pias, forneceu também os adesivos personalizados.>
Embora a informação do valor pago esteja publicada no próprio site da prefeitura, o prefeito George Góis (PPS) disse, em nota, que “essa denúncia é fake news”. >
A prefeitura enviou ao CORREIO a nota fiscal da compra das seis pias, no valor de R$ 4,2 mil, mas não explicou exatamente como foram gastos os outros R$ 12,5 mil, que seriam referentes ao serviço de personalização adesiva.>
Feitas com barril de plástico, as pias têm dispensador de papel e suporte para sabão líquido. Cada uma saiu a R$ 700. A reportagem pediu as demais notas fiscais do contrato, mas elas não foram enviadas."Estamos trabalhando e intensificando cada dia mais as ações de combate ao covid-19 na cidade, e não estamos medindo recursos nem esforços para investimento de equipamentos, treinamentos, equipamentos de proteção, conscientização, distribuição de máscaras de proteção, desinfecção de espaços públicos e muito mais para evitar a proliferação desta doença”, disse o prefeito. O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) informou que não acompanha diariamente as ações administrativas dos municípios, afinal a Bahia tem 417 cidades. A prestação de contas relativas ao mês de maio ainda será apresentada à corte. Se constatada alguma irregularidade — como a falta de licitação para a compra —, o prefeito pode ser chamado a depor. >
Se o gestor municipal não fornecer explicações, a Inspetoria Regional do TCM instaura um termo de ocorrência para apurar a possível irregularidade, que depois será examinado pelos conselheiros e pode resultar em punição. >