Prefeitura decide manter feirantes na Rótula da Feirinha em Cajazeiras

Trabalhadores não precisarão mudar para o Mercado Municipal, mas feira terá que ser adaptada

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  • Gil Santos

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 16:44

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ Arquivo CORREIO

Os vendedores ambulantes que trabalham na Rótula da Feirinha, em Cajazeiras X, não terão mais que mudar para o Mercado Municipal do bairro. A decisão da prefeitura atendeu ao pedido dos trabalhadores, e foi anunciada durante a reabertura do mercado, nesta quinta-feira (10).

Quando entregou o mercado pela primeira vez, em 2015, a intenção da prefeitura era que os feirantes mudassem para a nova estrutura. O objetivo era desobstruir as calçadas, as pistas e ordenar o comércio, mas houve resistência por parte dos trabalhadores. Na época, alguns alegaram que o movimento de fregueses era menor no mercado na comparação com a rua. Mercado Municipal de Cajazeiras foi reaberto (Foto: Secom/ Divulgação) Por conta do incêndio ocorrido em junho de 2017, a prefeitura precisou fazer uma reforma na estrutura e revolveu construir um novo espaço para os trabalhadores, na praça ao lado da Rótula. O camelódromo, como está sendo chamado, ficará pronto até dezembro de 2020. O prefeito ACM Neto disse que serão 450 metros quadrados disponíveis para os feirantes.

“Inicialmente, tínhamos a ideia de tirar os feirantes da Rótula na Feirinha para que eles fossem alocados para o Mercado Municipal, mas não funcionou. Entendemos que não é o caminho forçar a saída desses trabalhadores, que são pais e mães de família e que estão lutando para levar o ganha-pão para dentro de casa”, afirmou. Projeção de como vai ficar o novo espaço (Foto: Semop/ Divulgação) Os produtos vendidos nesse local, como frutas e hortaliças, não poderão ser vendidos no Mercado Municipal. Assim como os produtos do mercado, artigos religiosos, floriculturas, restaurantes etc, não serão encontrados na feira. A proposta é que os dois espaços sejam complementares e não concorrentes.

“Vamos implantar um novo pavimento, fazer toda a cobertura, e o ordenamento do conjunto de feirantes da Rótula, desobstruindo as calçadas. O projeto está sendo autorizado hoje. Com esse projeto, vamos retirar os feirantes que estiverem na lateral e levá-los para a praça. Vamos ordenar, e o local vai se tornar uma espécie de mercado livre voltado para a comercialização de hortifrúti”, disse.

Mais público Como os feirantes não serão mais transferidos para o Mercado Municipal o número de boxes desse espaço diminuiu de 133 para 69, e o segundo piso foi liberado para a implantação da prefeitura-bairro e de um teatro. O secretário municipal de Ordem Pública (Semop), Marcus Passos, disse que a estratégia é para atrair mais público.

“A Rotatória da Feirinha é muito movimentada e a gente estava pensando em como trazer mais pessoas para o Mercado. O prefeito decidiu, uma decisão que eu considero bastante assertiva, trazer a prefeitura-bairro, que realiza mais de mil atendimentos por dia, e o projeto Boca de Brasa, que atende várias entidades culturais, para cá. Isso tornou o mercado multifuncional, atendendo a população na parte de serviço, cultura, e comércio, e dando a oportunidade das pessoas gerarem renda”, contou. Objetivo é ordenar os feirantes e desobstruir as vias (Foto: Semop/ Divulgação) As prefeituras-bairro retomaram as atividades esta semana. O titular da Secretaria Geral de Articulação Comunitária e Prefeituras-Bairro, Luiz Galvão, disse que a transferência para o Mercado Municipal também representa uma economia para os cofres públicos já que a antiga unidade funcionava em um espaço alugado.

“Essa mudança já fazia parte do planejamento da prefeitura para atender a população com mais conforto. São 250 metros quadrados de área útil. É um ambiente mais acessível e com mais conforto. Por conta dos protocolos de segurança estamos com o atendimento limitado a uma pessoa a cada 9 metros quadrados, mas assim que a situação se normalizar a população terá mais conforto para ter acesso aos serviços”, disse.

Ao lado da prefeitura-bairro, também no segundo piso do mercado, fica o Espaço Boca de Brasa. É um teatro com 260 lugares, climatizado e que será usado para apresentações culturais. O presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro, responsável pela administração do espaço, disse que ele será usado para apresentações, oficinas, bate-papos, entre outros.  

“Cajazeiras é um bairro novo, tem três ou quatro décadas, e nós não tínhamos até hoje um espaço cultural em Cajazeiras. A população é quase do tamanho de muitas cidades. Os artistas não tinham onde se apresentar. Aqui temos um movimento de valsa que é conhecido no Brasil inteiro, tem artistas ensaiando em garagem, em ponto de ônibus e no meio da rua”, contou.

Por conta da pandemia as atividades culturais ainda estão suspensas em Salvador, mas os interessados em usar o espaço podem acompanhar a programação e as novidades pelas redes sociais do projeto Boca de Brasa.