Prefeitura mapeia 20 hotéis para abrigar pessoas durante pandemia e chuvas

Imóveis desocupados poderão servir de acolhimento institucional para pessoas em situação de rua e moradores de áreas de risco

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 24 de março de 2020 às 18:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Max Haack/Secom

O prefeito ACM Neto informou através de suas redes sociais, nesta terça-feira (24), que estuda utilizar hotéis e motéis desocupados de Salvador para acolher pessoas em situação de rua durante a pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, e as fortes chuvas previstas para a cidade. De acordo com o administrador, 20 estabelecimentos já estão em vista e foram identificados pelas prefeituras-bairro.

Em reunião com a presença de representantes do Movimento População de Rua da Bahia e da secretária Ana Paula Matos, da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Sempre), o prefeito anunciou que, a princípio, a ideia é alugar esses espaços, mas se os proprietários resistirem, a prefeitura poderá solicitar a requisição administrativa dos espaços, assim como o governador do estado fez com o Hospital Espanhol.

Durante a chuva que caiu entre esta segunda e terça, a Defesa Civil de Salvador recebeu 129 chamados, sendo a maioria por ameaça de desabamento de imóveis e deslizamento de terra. Também nesta terça, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), informou que já existem 79 casos confirmados da doença na Bahia, sendo que 48 ocorrências estão na capital.“Normalmente, o morador de rua tem imunidade menos favorável do que tem uma casa. Esse coronavírus no morador de rua pode ser mais severo do que no restante da população e essa é a nossa preocupação, precisamos estar juntos para fazer o acolhimento”, disse ACM Neto, que ainda prometeu que a Sempre ofertará cerca de 3 mil refeições por dia para esse público vulnerável. Em 2017, um levantamento da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em parceria com o Projeto Axé, apontou que em Salvador podem existir cerca de 17 mil pessoas em condições de rua. Os gestores acreditam que os números estão desatualizados e, em dezembro do ano passado, a prefeitura firmou um novo convênio com o Projeto Axé para realizar um novo censo sobre essa população. A previsão é de que o estudo fique pronto ainda em 2020.

Ao CORREIO, a secretária Ana Paula Matos disse que a prefeitura quer garantir o acolhimento institucional para pessoas em situação de rua que assim desejarem, ou aceitarem. No início desta semana, a administração municipal inaugurou uma nova unidade em Amaralina com 50 vagas exclusivas para esse público na faixa maior de 60 anos. 

“Além disso, mais 120 vagas estão em fase de mobilização e, até o final da semana, serão 500 novas vagas. Foram visitados e considerados aptos 20 hotéis, motéis e semelhantes onde há sirenes. Se a chuva vier, nós também teremos essas famílias a serem realocadas. A crise tem sensibilizado a todos e temos conseguido uma grande rede de parceiros, muito em breve iremos anunciar vagas em instituições conveniadas ou requisitadas”, contou.

Outras ações: comida e higiene

Ainda hoje, a prefeitura também fez a distribuição inicial de 300 quentinhas na sede do Movimento de População de Rua da Bahia, no Pelourinho, funcionará como uma espécie de central para a entrega dos alimentos para essas pessoas. Os alimentos serão distribuídos duas vezes ao dia, sendo 150 unidades no horário do almoço e a outra metade no jantar. A intenção da prefeitura é contratar mais fornecedores para que a quantidade seja ampliada para 3 mil quentinhas, que serão oferecidas diariamente.

Na segunda, a Sempre já havia iniciado a disponibilização de 600 máscaras e mil luvas de proteção para a população em situação de rua. O montante foi entregue aos representantes do movimento na sede da Sempre, no Comércio.

Além disso, serão oferecidos três contêineres para higienização, nos moldes dos que funcionaram no Carnaval, com a disponibilização de materiais de higiene pessoal. Também estão sendo contratadas em caráter emergencial, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), unidades de consultório de rua para garantir atendimento médico a esta população.

Os Centros de Referência e Assistência à População de Rua (Centros Pop) estão sendo reconfigurados nesse período de combate ao coronavírus, oferecendo espaço de higienização com banho, utilização de álcool gel e lanche. A prefeitura também contratou um caminhão com lavanderia móvel para que as pessoas possam lavar suas roupas.