Presidente em exercício do Vitória, Luiz Henrique avisa: 'Não rompi com Paulo Carneiro'

Cenário político, contratações e retorno da torcida aos estádios estão entre os assuntos comentados pelo dirigente

Publicado em 13 de setembro de 2021 às 15:33

- Atualizado há um ano

. Crédito: DIVULGAÇÃO ECVITÓRIA

Presidente em exercício do Vitória, Luiz Henrique Viana concedeu nesta segunda-feira (13) a primeira entrevista coletiva após assumir o cargo e garantiu que não rompeu com Paulo Carneiro, afastado da função inicialmente por 60 dias. Na última quinta-feira (9), Luiz Henrique já havia falado com exclusividade ao CORREIO.

"Não rompi com Paulo Carneiro, como não rompi com nenhuma liderança do clube. Muito pelo contrário. Estou tentando fazer novas alianças, conversar com todos e tentar ver se a gente consegue dar uma governabilidade para o clube", afirmou Luiz Henrique. "Eu acredito no projeto que trouxemos para o clube. Esse projeto aos poucos vem mostrando eficiência. Vamos seguir com o projeto", completou o dirigente, que antes ocupava o posto de vice-presidente. 

Paulo Carneiro foi afastado no último dia 2, quando o Conselho Deliberativo aprovou o parecer da Comissão de Ética que recomendava o afastamento do dirigente, motivado por indícios de gestão temerária.

A chapa formada por Paulo Carneiro e Luiz Henrique foi eleita em 24 de abril de 2019 e tem mandato até o final de 2022. Inicialmente, o principal dirigente tinha o amparo maciço de lideranças do clube, mas se isolou politicamente ao longo dos últimos meses em meio a uma longa crise técnica e financeira.

Atualmente, o Vitória amarga a zona de rebaixamento da Série B do Brasileiro, em 17º lugar, com 23 pontos. Na opinião de Luiz Henrique, o elenco precisa ser isolado dos assuntos extracampo para conseguir se reabilitar no campeonato. "Primeiro, blindar o time das situações políticas que nós estamos enfrentando. Confiamos na comissão técnica, confiamos nos jogadores e vamos trabalhar para que o pior não aconteça", disse, referindo-se à possibilidade de rebaixamento para a Série C. 

Apesar da situação delicada na tabela, Luiz Henrique Viana não garantiu que o grupo será reforçado. "Até 30 de setembro, temos possibilidade de inscrever novos jogadores. Estamos trabalhando para ver se existe no mercado algo que venha a contribuir com o clube. Caso contrário, não faremos nada para mudar", afirmou.

Luiz Henrique também opinou sobre o retorno do público aos estádios nos jogos da Série B do Brasileiro. Na última quarta-feira (8), em reunião entre os 20 clubes participantes e CBF, ficou definido que ainda não seria permitido a volta dos torcedores e que a decisão seria revista no próximo dia 17.

"Essa é uma decisão que não cabe a mim. Sou a favor. Inclusive o Cruzeiro está fazendo isso de uma forma deliberada, através de uma liminar. Acredito que nos setores todos, o que ainda não voltou é o futebol. Acredito no governo do estado, na prefeitura, em suas ações de saúde e confio que vai voltar esse ano ainda", disse o presidente em exercício do Vitória.

Ao final da entrevista, ele mandou uma mensagem para a torcida. "Acreditem no clube, o trabalho está sendo desenvolvido. Eu acredito nas pessoas, a gente precisa criar unidade, abraçar o projeto. O projeto não é de Paulo, não é meu. O projeto é do clube. A torcida tem que vir para junto do clube. Já tentei falar com alguns representantes de torcida para mostrar que aqui não se fala das pessoas; se fala do clube. Essa é a esperança que tenho. Espero que todos se unam. Só quem levanta o clube somos nós. O tamanho do clube é do tamanho da mentalidade de seus representantes. Se nós acreditarmos que vai sair dessa situação, todos nós de mãos dadas sairemos. É só acreditar", disse. 

Confira outros trechos da entrevista coletiva concedida por Luiz Henrique Viana:

Afastamento de Paulo Carneiro do cargo de presidente Primeiro, temos que separar a parte de chapa política para, agora, a governança do clube. No momento que a gente estabelece alianças na chapa política, naquele momento a gente coloca para a decisão dos torcedores e dos associados que comprem a ideia de um projeto que a gente ali estabeleceu. No momento que a gente é eleito, o projeto deixa de ser político de Paulo ou das alianças e passa a ser do clube. Portanto, o projeto, hoje, é do clube. Quando cheguei, sempre me referi ao Conselho Deliberativo que não vim ao Vitória para fazer inimigos. Vim para fazer amigos e estou aberto para todos aqueles que queiram contribuir. Não tenho desavença com Paulo ou com nenhuma outra liderança. Estou aqui para trabalhar a serviço do clube.

Suposto aporte financeiro de grupo estrangeiro à base do Vitória A gente não recebeu nenhuma notícia, informe ou documento que tornasse verdade esse quesito do interesse de empresas de fora em relação à base do clube. E aí você pergunta o que você pode falar sobre isso? Primeiro eu entendo que se de fato existe o interesse de empresas na base do clube, significa que o projeto do Vitória está começando a surtir efeitos. Essa é a primeira afirmação que nós podemos constatar. Aí eu faço alguns quesitos que levo para reflexão de vocês. Na rede social que saiu essa publicação, onde uma empresa da Dinamarca ofereceria, a princípio, R$ 15 milhões por 5% de todos os jogadores da base do Vitória, eu faço o primeiro quesito e me pergunto: esse valor é caro ou é barato? Muitos de vocês vão responder de forma de caro ou barato, certamente. Eu posso na minha visão responder que não temos como afirmar se esse valor é caro ou barato. Esses meninos da base não foram para a vitrine e ainda não têm uma valoração do mercado. Então fica difícil a gente atribuir se é caro ou se é barato. O segundo quesito que eu faria para reflexão da gente, que se caso concretizar uma venda dessa natureza e a empresa, ao final do processo, não conseguir auferir os lucros necessários ou tiver prejuízo na transação, a gente pode caracterizar que a gestão do clube é temerária? Fica para reflexão. A terceira pergunta é exatamente ao contrário. Se esse mesmo grupo amanhã, ao final de sua transação, conseguir alavancar valores vultosos em relação ao seu financiamento, à sua compra, a gente pode atribuir ao clube a gestão temerária ou não? Fica para reflexão.

Manutenção de contato de Paulo Carneiro com o elenco para negociação de bicho Quando Paulo entrou em contato com os jogadores e fez essa premiação, ele não tinha sido notificado ainda pela comissão e pelo Conselho que ele não estaria à frente do clube. Portanto, ele fez realmente esse contato. Posteriormente, eu não tenho conhecimento de nenhum contato de Paulo Carneiro com os jogadores.

Afastamento de Paulo Carneiro e probabilidade dele retornar Veja bem, o processo agora está indo para uma segunda etapa. Eles vão verificar toda a documentação. Não estou aqui para avaliar se é justo ou não. A comissão é quem vai fazer essa avaliação.

Confiança na gestão A confiança foi dada no momento que nós nos elegemos. Vamos continuar trabalhando com seriedade, fazer novas alianças, garantir a governabilidade. É dessa forma que a gente vai trabalhar.

Onde pretende mexer primeiro A situação delicada do clube, desde que chegamos, permanece. As dificuldades financeiras são muito grandes. O que a gente tem que fazer é blindar o nosso clube, blindar a parte de futebol para que eles consigam trabalhar sem nenhuma interferência externa.

Sócio torcedor do Vitória Temos conhecimento dos fatos, isso é uma herança que trazemos de gestões anteriores, são contratos que ainda estão em vigor e que estamos estudando a melhor forma de melhorar esse sistema e atender o torcedor.