Produção de feijão vai crescer 487% na Bahia

Aumento da colheita já se reflete no preço pago pelo consumidor, alimento está 5,5% mais barato em Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 06:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Georgina Maynart)

Menos água e mais feijão na panela, e em abundância. A produção baiana de feijão, na chamada segunda safra, que vai de abril a setembro, deve ser 487,5% maior do que no mesmo período do ano passado. Na Bahia, as lavouras cultivadas nesta época do ano devem gerar 123 mil toneladas a mais do que em 2018, alcançado quase 149 mil toneladas. 

A estimativa atualizada da safra baiana de grãos foi divulgada nesta terça (10/9) pelo IBGE, com base em dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os dados indicam resultados praticamente consolidados, já que as principais regiões produtoras estão começando ou encerrando a temporada de colheita, e as variações climáticas já não devem influenciar tanto no volume final produzido.

A maior parte da produção de inverno está concentrada na zona rural de municípios do nordeste do estado, como Euclides da Cunha, Monte Santo, Quijingue, Cansação e Adustina. A chuva chegou tardiamente na maior parte dos municípios, mas permaneceu regular ao longo dos últimos quatro meses beneficiando as plantações. Bem diferente do ano passado quando as perdas chegaram a mais de 95%.

Em Euclides da Cunha, maior produtor do estado, são mais de 25 mil hectares plantados. Em Adustina os agricultores devem produzir cerca de 6 mil toneladas de feijão.

Já em Cansação, quarto maior produtor da Bahia, os produtores rurais esperam obter a melhor safra dos últimos nove anos. O município tem cerca de 3 mil agricultores. Eles cultivam o grão numa área de 14 mil hectares e começaram a colheita há três semanas.

“Desde 2010 vínhamos tendo prejuízos. Mas este ano, apesar da chuva ter sido tardia, e do ataque de pragas, como lagartas, vamos ter a melhor colheita dos últimos anos”, afirma Cristiano Santana de Oliveira, secretário de agricultura de Cansação.

O aumento na produção do estado já começa a se refletir nos preços para o consumidor final. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais e Econômicos), o feijão foi um dos produtos que mais caiu de preço na cesta básica da capital baiana no mês de agosto. O produto registrou queda de 5,51% no mês passado em Salvador. A redução foi registrada também em outras 14 capitais, mas com percentuais diferentes. Na capital baiana, o quilo do feijão esta custando em média R$ 5,34 centavos.

“O mercado esteve abastecido, o que explicou a redução do preço do feijão carioquinha. Já para o tipo preto, o fim da colheita no Sul do país reduziu o volume ofertado, mas foi compensada pela importação do grão”, diz o relatório do Dieese.

LEVANTAMENTO GERAL

O levantamento também revelou que deve haver crescimento na produção de 10 das 26 safras de produtos investigados na Bahia.

Os agricultores devem produzir 21,6% mais mandioca do que no ano passado, isto significa 329 mil toneladas a mais do que em 2018. O volume total deve chegar a 1,9 milhão de toneladas de mandioca.

Bom para os produtores de farinha que utilizam a raiz como ingrediente básico. Cenário favorável também para os consumidores. A partir de agora aumentam as chances de ver o preço do alimento cair nos próximos meses. Por enquanto, a farinha de mandioca tem registrado alta. Só em agosto, o produto subiu 1,41% em Salvador, ainda segundo o Dieese.

Como já divulgado pelo AgroBahia/CORREIO em agosto, o levantamento do IBGE também indica que a segunda safra de milho deve registrar um aumento percentual de quase 482,3% em 2018. A “safrinha” de milho deve alcançar 276 mil toneladas em 2019.

A safra do algodão continua com crescimento estimado em 17,1%, a de banana deve ser 26,4% maior, e a de amendoim cerca de 15,3% mais alta.

Apesar da elevação na maior parte dos produtos, no volume geral a estimativa é de queda. Segundo o IBGE, a safra baiana deve ser 11,5% menor do que em 2018, com redução puxada principalmente pela queda no volume de soja, sorgo, arroz, laranja, cacau e café arábica.

BRASIL

Ainda segundo os dados, impulsonado pelas culturas de milho e algodão, o Brasil deve fechar a safra 2019 com recorde de 242 milhões de toneladas de grãos, cerca de 6,4% a mais do que na safra passada. Os especialistas acreditam que a aumento na liberação de crédito rural influenciou nos resultados.

“O acompanhamento do desempenho de crédito rural nesses dois primeiros meses da safra foi bom. Com prioridade para os pequenos e médios produtores e investimentos em infraestrutura produtiva. Tudo isso se confirmou com aumento substancial no crédito para o médio produtor rural de 28%, e em 14% para o pequeno produtor”, afirma Wilson Vaz, secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura.