Produção de frutas e legumes emprega 13 milhões de pessoas no Brasil 

Pesquisa inédita revela perfil do setor, veja lista com os cultivos que mais geram postos de trabalho

  • Foto do(a) author(a) Georgina Maynart
  • Georgina Maynart

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Georgina Maynart

As plantações de feijão são as que mais empregam mão de obra no Brasil. Cerca de 2 milhões de pessoas trabalham no cultivo da leguminosa no país. Depois vem as plantações de banana, que empregam cerca de 476 mil pessoas. Em seguida estão os cultivos de alface, que utilizam a mão de obra de quase 304 mil pessoas. As plantações de cebola aparecem em quarto lugar, elas geram aproximadamente 203 mil empregos. Depois delas se destacam ainda as lavouras de melancia, pepino, batata, tomate de mesa, manga e repolho. Elas estão entre as 10 plantações que mais empregam mão de obra.

Esses dados fazem parte do Cenário Hortifruti Brasil 2018, um estudo inédito realizado pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O relatório foi feito a partir de entrevistas com profissionais do setor, métodos estatísticos e análise de dados da Pesquisa Agrícola dos Municípios (PAM) do IBGE. “O estudo vai nos dar uma visão mais ampla da produção de frutas e hortaliças no Brasil. Iremos trabalhar esses dados para transmitir segurança ao consumidor e agregar valor ao produto que ele está levando para casa”, afirmou Bruno Lucchi, superintendente Técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

O levantamento investigou 24 cultivos e concluiu que a fruticultura emprega 6 milhões de trabalhadores em uma área de 2,4 milhões de hectares. Isso significa 27% dos postos de trabalho gerados pela produção agrícola nacional.

Já na olericultura, que abrange o cultivo de hortaliças e legumes, são 7 milhões de empregos distribuídos em aproximadamente 2,6 milhões de hectares. Os números mostram que a cada 10 hectares cultivados com frutas ou hortaliças são empregadas cerca de 25 pessoas. Só para comparar, 10 hectares plantados de soja geram um posto de trabalho.

O volume total de frutas e hortaliças produzidas no Brasil chega a 37 milhões de toneladas por ano. De modo geral, a maior parte, cerca de 95%, fica no mercado interno. Apenas de 3% a 5% são exportadas. Mas, analisando os dados específicos, como o cultivo de manga por exemplo, o volume de exportação aumenta e ultrapassa os 50% da produção.

Além do impacto macroeconômico relevante para a geração de emprego e renda, a pesquisa chama a atenção para a importância social, econômica e industrial das atividades que estão em plena expansão no país.

“Ficou muito claro que temos um potencial grande para aumentar nossa produção de hortifrútis à medida que aumentamos o consumo, que ainda é muito baixo no Brasil,” avaliou o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA e da Abrafrutas, Luiz Roberto Barcelos.

Segundo dados do Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, as duas atividades se destacam em várias regiões do país. Na Bahia, o estudo aponta como polos produtores o Vale do São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco, a região de Irecê e a Chapada Diamantina. Outros estados também são citados como o Rio Grande do Norte e o Ceará, além da Chapada Cristalina em Goiás, o norte de Minas Gerias e o Triângulo Mineiro.

Perfil tecnológico 

Entre os destaques do estudo estão os dados sobre o perfil tecnológico dos produtores rurais por cultivo. Se por um lado as lavouras ainda geram muita mão de obra, por outro, tem cada vez mais agricultores utilizando tecnologia de ponta para reduzir os custos com mão de obra, aumentar a produtividade, combater o aparecimento de pragas que prejudicam as lavouras e diminuir o gasto com água.

O estudo considera que o uso da tecnologia, mais do que uma opção, é uma necessidade. O relatório traz uma lista de cultivos classificados entre baixa, média e alta tecnologia. Entre os classificados como de média tecnologia estão o abacate, o limão, a manga, o morango e a cebola. Culturas como a do mamão, melão e brócolis apresentam índices que demonstram alta tecnificação, superior a 50%.

Cerca de 80% das plantações de mamão já têm tecnologia de ponta, seja em equipamentos de irrigação ou na hora da colheita. A fruta é a que apresenta o perfil tecnológico mais alto entre as plantações de frutas e hortaliças do Brasil. 

Depois vem as plantações de melão, onde 70% dos produtores usam alta tecnologia, seguidos dos cultivos de tomate de mesa e brócolis, onde 53% das lavouras são tecnificadas.

Na contramão estão cultivos como o de morango, onde apenas 6% usam alta tecnologia, e lavouras como a de pepino onde 74% tem baixo perfil tecnológico.

Na cadeia produtiva da banana, uma das frutas mais populares entre os brasileiros e a mais consumida no mundo, 58% tem baixo perfil tecnológico, enquanto apenas 15% usam tecnologia de ponta.

“Temos um baixo nível de tecnologia ainda e, justamente por esse motivo, estamos aqui buscando parcerias para poder melhorar e fazer essas tecnologias chegarem aos produtores de todo o País. Com mais tecnologia você vai usar menos insumo para a mesma produção que tem hoje. Porém respeitando o meio ambiente e produzindo com sustentabilidade”, afirma Jeferson Magário, presidente da Confederação Nacional de Bananicultores.

Foco na sustentabilidade

O levantamento aponta que os produtores estão intensificando a utilização de técnicas de irrigação que evitam o desperdício de água, como o gotejamento e a microaspersão. Também estão lançando mão de variedades que demandam menos uso de defensivos químicos.

“Apesar de o Brasil ser um dos principais produtores agrícolas do mundo, nossos produtores enfrentam o desafio de trabalhar em um cenário adverso. O clima tropical é propício para o desenvolvimento de insetos, fungos e outras pragas que prejudicam a lavoura. Isso implica um estudo cuidadoso do clima, do solo, das culturas e da interação entre esses elementos, além da utilização de técnicas engenhosas de irrigação, máquinas modernas, ferramentas genéticas, fertilizantes para correção de aspectos naturais pouco favoráveis e defensivos agrícolas”, afirma Adriana Brondani, coordenadora científica do programa Hortifruti Saber e Saúde, que também participou do estudo.

Entraves e mercado

O levantamento também mostrou que ainda há muitos ajustes a serem realizados para dinamizar o setor.

No segmento de exportação, poucos produtores exploram o potencial de mercado externo, principalmente devido a limitações de volume. Ou seja, muitos consideram que só vale a pena exportar em grande quantidade.

Já quanto a certificação, há baixa adesão aos programas. Em geral, apenas os exportadores e poucos agricultores investem em criar diferenciação dos produtos.

Em relação às associações, cooperativas e confederações, o estudo destaca que há reduzida estruturação, apesar da adesão a estes formatos de organização trazer vantagens para os produtores rurais.

RANKING 10 CULTIVOS QUE MAIS EMPREGAM 1º) FEIJÃO 2º) BANANA 3º) ALFACE 4º) CEBOLA 5º) MELANCIA 6º) PEPINO 7º) BATATA 8º) TOMATE DE MESA 9º) MANGA 10º) REPOLHO