Produtor também é gente

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  • Fernando Guerreiro

Publicado em 24 de janeiro de 2021 às 15:15

- Atualizado há um ano

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Quando comecei minha labuta na área teatral, lá pelo final dos anos 1970, a figura do produtor não existia, pelo menos oficialmente. A época era dos grupos, a gente metia a mão na massa, arranjava dinheiro, fazia as contas, construía cenário e figurino, se virava na organização ou na desorganização do todo. Já fiz de tudo um pouco: sonoplastia, iluminação, pintura de cenário, Bordeaux, prestação de contas, varrição de palco e por aí vai, sem falar da divulgação, com minhas idas a redações de jornais, rádios e tvs com o release datilografado na mao e algumas fotos na mochila.

Os anos 1980 chegaram e com eles os espetáculos começaram a ficar mais profissionais, complexos, e o bicho começou a pegar: não dava mais pra fazer tudo ao mesmo tempo, o stress aumentava e a qualidade saia prejudicada. Comecei a catar uma figura que cuidasse dessa organização geral enquanto ficaria livre para a criação, minha maior paixão. Uma amiga querida, Fa Almeida, linda, virginiana e toda organizada topa e vira a primeira produtora da minha carreira. Juntos construímos uma estranha montagem de A Casa de Bernarda Alba, na capela do Solar do Unhao, iluminada a fogo. E deu certo. Super arriscado e funcionou.

Dai em diante o produtor se torna elemento indispensável na minha carreira. E eles começam a aparecer, construindo um lastro indispensável a revolucao que começamos a fazer nas ribaltas da cidade. Dalmo, Wanderley, Odilon, Selma, Sibele, Marlucia, Milena, heroicos batalhadores e batalhadores, muitas vezes esquecidos nos prêmios e louros e acusados de só se preocuparem com lucros, em produções que muitas vezes nem dinheiro tinham em caixa.

Estou contando essa história para falar da importância do surgimento da ABAPE, associação que agrega essas figuras de suma importância para a arte e cultura, viabilizadores e gestores de delirios e genialidades,  mas também de egos inflados e dificuldades de toda a natureza, como as que estão enfrentando agora com a pandemia do Covid. Como gestor fiquei impressionado com a clareza e objetividade dos pleitos e como artista fico esperançoso de que este agrupamento semeie novos ventos para a criação na nossa cidade. Viva a cultura,  o trabalho coletivo e a esperança de tempos melhores. Estou aqui colado no diálogo e na torcida!