Produtos da Páscoa ficam 14,2% mais caros este ano em Salvador e RMS

Cálculo da Fecomércio-BA aponta ainda que o pescado acumulou aumento de 1,84% desde fevereiro do ano passado

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  • Da Redação

Publicado em 31 de março de 2021 às 14:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Cada ida ao mercado é um susto com o preço dos alimentos e os ingredientes para fazer o almoço de Páscoa também estão mais caros. A estimativa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), com base em dados do IBGE, é de que o consumidor de Salvador e região metropolitana terá que gastar 14,19% a mais para comprar produtos relacionados à Páscoa neste ano. A variação da é quase o triplo da inflação geral, de 5,03%, no acumulado de 12 meses até fevereiro.

Um dos itens mais requisitados para a data é o pescado, que acumulou um aumento de 1,84% desde fevereiro do ano passado, segundo a Fecomércio-BA. Já quem vai comprar ovos de Páscoa e barras de chocolate deve gastar em torno de 6,1% a mais do que em 2020. 

Os outros ingredientes encareceram ainda mais nos 12 meses: a cebola subiu 88,2%, o arroz aumentou 63,8%, e a batata-inglesa 56,6%. Já o tomate e o alho registraram queda de 3% e 4,3%, respectivamente, no período. 

Para driblar o aumento dos preços, o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze, indica buscar promoções. “Supermercados contam com dias específicos para pescados e feiras, e por isso é importante ficar atento às redes sociais e divulgações desses estabelecimentos”, recomenda.

Os donos de peixarias afirmam que os fornecedores aumentaram o preço do peixe com a proximidade da Semana Santa. Segundo a funcionária da Casa do Marinheiro, Luciana Oliveira, os seus fornecedores fizeram um reajuste de 30% no valor desse pescado há cerca de 20 dias. Sabendo da tradição, a peixaria fez um estoque de alguns frutos do mar

Para manter as vendas, a Gilton Pescados e a Casa do Marinheiro optaram por baixar a margem de lucro e não repassar o acréscimo no valor para os clientes. “Estou segurando esse preço porque a situação está complicada”, explica Aline Dias, sócia da Gilton Pescados.

Os restaurantes eram importantes clientes da Casa do Marinheiro, mas os pedidos caíram com o lockdown parcial. Isso também dificulta o repasse do aumento do valor dos pescados para os compradores, como explica Luciana: “No ano passado, eu vendi o quilo da Corvina a R$ 20. Agora, ela está por R$ 15. Tem que fazer o produto circular para não perder dinheiro”.

Comida baiana Quem vai preparar a comida baiana para a sexta-feira santa também deve gastar mais. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), o valor do saco de quiabo de 25 quilogramas no Centro de Abastecimento da Bahia (Ceasa-Ba) mais que quintuplicou em menos de um mês. O produto, que era cotado a R$ 40, em 12 de março, passou a custar R$ 220 nesta quarta-feira (31) - um aumento de 450%. A mesma porcentagem de aumento foi registrada no qiulograma do quiabo, que saiu de R$ 1,60 para R$ 8,80 no período.

O saco de 18 kg a 20 kg de amendoim com casca também registrou um grande aumento ao passar de R$ 55, em 12 de março, para R$ 220, nesta quarta. Isso significa que o produto ficou 300% mais caro na Ceasa no período.

Outro vilão para o bolso do consumidor é o gengibre, cujo preço de uma caixa de 15 Kg a  17 Kg na Ceasa aumentou em 92% no período, passando de R$ 100 para R$ 192. O quilo da castanha inteira também ficou mais caro. O item pulou de R$ 35 para R$ 55, entre 12 e 31 de março.

Os produtos estão acompanhados do dendê e do camarão seco na trajetória de encarecimento. Sócia do Acarajé da Vilma, Darlene Santos conseguia comprar 5 litros do azeite por R$ 25 na semana santa de 2020. Depois de um acréscimo de 50% no valor, o produto saiu por R$ 50 há cerca de 20 dias, quando ela fez um estoque para evitar o aumento do preço perto da Semana Santa.

Na Ceasa, o preço depende da quantidade comprada. Segundo o levantamento da SDE, uma caixa com 24 unidades de 200 ml do produto baixou de R$ 63,60, em 12 de fevereiro, para R$ 55, nesta quarta. Já um pacote com 12 unidades de 1 litro ficou 110,8% mais caro no período, passando de R$ 102, na primeira data, para R$ 215, neste dia 31 de março.“Fora o dendê, o produto que mais aumentou foi o camarão defumado. Antes, eu comprava o quilo do item por R$ 27 a R$ 35. Já, hoje em dia, ele está de R$ 42 a R$ 45", comenta Darlene.No centro de abastecimento estadual, o quilo do camarão seco grande ficou 8,6% mais caro nesta quarta na comparação com 12 de março. No período, o preço do item passou de R$ 35 para R$ 38. Já o preço do crustáceo fresco preço caiu 20% em relação à Semana Santa passada, segundo a Associação dos Criadores de Camarão da Bahia (ACCBA). 

Dentre os produtos usados na comida baiana, a banana da terra e o coco seco médio aliviaram os gastos do consumidor, com base nos preços cotados em 12 de março e nesta quarta na Ceasa. O Kg do primeiro item baixou de R$ 2,80 para R$ 2,50 entre as datas. Já o cento do segundo produto ficou 22,2% mais barato, passando de R$ 180 para R$ 140 no período.

Bolso do consumidor Os custos do pescado não chamaram a atenção da fisioterapeuta e coach de família, Cynara Ferreira, 51 anos, que garante estar sempre atenta aos preços. “Eu teria percebido se o produto estivesse muito mais caro que no ano passado”, afirma.

Para fazer a comida da sexta-feira santa, Cynara Ferreira, 51 anos, vai recorrer à entrega do pescado cru em casa. “O delivery traz comodidade e segurança. Com ele, a gente não precisa ir no mercado e recebe produtos de qualidade”, afirma.

Cynara até pesquisou os preços para encomendar pratos prontos, mas desistiu ao ver o valor mais alto na comparação com os custos de cozinhar em casa. Quem também quiser pedir delivery de ingredientes ou comidas prontas, pode conferir a lista feita pelo CORREIO dos estabelecimentos que oferecem esses serviços.

Opção do delivery A Fazenda Esperança é um dos locais onde o cliente pode encomendar produtos para a Semana Santa. Além do pescado, a empresa ainda vende comida baiana pronta e congelada. Por enquanto, o estabelecimento apenas funciona via delivery, mas uma loja física será aberta na Pituba em abril.

Com a Semana Santa, a venda de pescados aumentou 70% na Fazenda Esperança, entre os mais procurados estão o camarão defumado sem corante (R$ 27,99 por 500g) e o filé de salmão (R$ 58,90 por 1 Kg). 

“Os clientes também têm procurado bastante as comidas congeladas e essa demanda deve aumentar ainda mais durante a semana”, afirma o proprietário da empresa, Leonardo Santos.

Na Fazenda Esperança é possível comprar 250g de vatapá congelado por R$ 16,90, já a mesma quantidade de caruru sai por R$ 17,90. Os pacotes com 500g de acarajé e abará congelados custam R$ 22,90 e R$ 23,90, respectivamente.

A demanda na Gilton Pescados só atingiu os mesmo níveis da Semana Santa de 2020 nesta quarta, afirma Aline. Antes disso, as encomendas ainda estavam baixas. Ela acredita que a redução da procura é resultado da crise financeira e da data da celebração, que caiu no começo do mês, quando poucos receberam o salário.

A saída do estabelecimento tem sido o delivery, responsável por 90% das vendas. Os produtos mais procurados são a catada e o peixe. A empresa vende 1Kg de Corvina tratada e limpa por R$ 25.

Mesmo com a possibilidade de entrega em domicílio, os clientes da Casa do Marinheiro, em Lauro de Freitas, preferem ir até o estabelecimento. Segundo a funcionária Luciana, apenas 25% das vendas do estabelecimento são por delivery.

Apesar da baixa representatividade, o delivery está mais procurado nesta Semana Santa. Em 2020, a opção representava 10% das vendas da peixaria. “O delivery era mais para Salvador. Neste ano, estamos mais conhecidos em Vilas do Atlântico e temos muitas restrições pela pandemia, então a entrega foi mais procurara”, acredita Luciana.

A clientela da Casa do Marinheiro começou a garantir os pescados para a celebração. Luciana acha que as vendas desse ano serão melhores que as de 2020 porque o lockdown parcial deve fazer mais pessoas prepararem o almoço em casa.“A carne também está muito cara. Temos encomendas pagas para serem entregues na quinta. A venda deve ser 60% melhor que nas celebrações de 2020”, afirma Luciana.Ainda há quem recorra aos pratos prontos. Mesmo antes de começar a divulgação para a Semana Santa, o restaurante Ataré Ina recebeu reservas para a próxima sexta, segundo Gabriele Silva, uma das donas do estabelecimento.

“A entrega para a sexta-feira santa aumentou uns 10% na comparação com os dias normais. Mas temos muita procura e podemos acabar vendendo ainda mais”, afirma Gabriele. Para a Semana Santa, o estabelecimento oferece kits para 4 pessoas com arroz, caruru, vatapá e moqueca de peixe e marisco por R$ 130.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier