Professores e pesquisadores criam grupo para produzir máscaras para hospitais baianos

Grupo pede apoio financeiro para comprar matéria-prima

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  • Fernanda Varela

Publicado em 25 de março de 2020 às 20:21

- Atualizado há um ano

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Um grupo de professores, pesquisadores e voluntários está unido para tentar intensificar a fabricação de equipamentos de proteção individuais (EPIs), que deverão ser doados aos profissionais de saúde da rede pública da Bahia, para ajudar na prevenção contra o novo coronavírus. 

O projeto é coordenado por membros da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Bahiana), Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) e Centro Juvenil de Ciência e Cultura, e tem parceria do Instituto Federal da Bahia (Ifba), da Secretaria de Sustentabilidade de Salvador, além de empresas e ONGs.

Idealizador do projeto, o professor e pesquisador da Bahiana, Atson Hernandes, explica como nasceu a ideia. "Surgiu a partir de uma demanda do Hospital Couto Maia. Esse tipo de material está em falta no mundo inteiro, na verdade. Uma médica de lá comentou do problema e pediu ajuda. Aí acionei colegas e propusemos produzir esses equipamentos".

Inicialmente, o grupo se comprometeu a produzir 200 máscaras para o Couto Maia, hospital referência no tratamento do coronavírus. Mas o número já ultrapassou de 400, segundo o site do projeto. Elas são entregues a partir do momento que ficarem prontas, sem a necessidade de aguardar que um grande número esteja confeccionado. Nesta quarta-feira (25), por exemplo, cerca de 15 unidades já foram entregues."O bom desse material é que ele não é descartável. O profissional de saúde pode reutilizar. Basta esterilizar no setor específico do hospital, que qualquer um pode reutilizar, sem danos à sáude", explica ele, que ressalta que o equipamento é de alta proteção.O material é produzido por 53 makers - ou seja, profissionais que sabem manusear impressoras 3D - espalhados em Salvador e Lauro de Freitas, na Região Metropolitana. Após o material ser recolhido, é levado para a Bahiana, onde acontecem os processos de higienização, montagem e embalagem. Elton Barreto, professor do Centro Juvenil de Ciência e Cultura, explicou o processo. “A gente atua na parte de pesquisa, montamos um grupo de pesquisa para coordenar essa parte. Cuidamos da área maker, com ferramentas digitais, construindo modelagens a laser. A tecnologia da máscara. A impressora 3D funciona com polímeros. Pode ser ABS, que é o plástico que a gente conhece, PETG, que é um plástico semelhante ao da garrafa pet, e pode ser PLA, um plástico biodegradável. Por enquanto, estamos usando nossos próprios insumos, mas estão acabando. Eu tinha três quilos em casa, usei um deles hoje”, conta.

O projeto chamou a atenção da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que também fez encomendas. A ideia é que sejam produzidas pelo menos 4 mil unidades em um mês. "A secretaria tem nos ajudado e disponibilizou carro com motorista para ajudar na logística de buscar o material e transportá-lo. Eles querem abastecer também outros hospitais além do Couto Maia", reforça Atson. Para doar insumos, basta informar sua intenção pelo Whatsapp ou ligar para o telefone (71) 98101-0030.

Além disso, instituições de todo o Brasil e até de Portugal já procuraram o grupo para entender a metodologia e reproduzir o projeto. Para atender a todos, eles criaram o site www.faceshieldforlife3d.com, pra facilitar a comunicação e dar suporte com tutoriais e vídeos explicativos. 

Ajude Só que tanto esforço e dedicação custa caro. Para conseguir a matéria-prima necessária para a produção dos materiais de proteção facial, como filamentos e acetato, o grupo arrecada doações. O projeto, que começou no sábado (21), arrecadou R$ 35,8 mil - a meta é R$ 50 mil. Para ajudar, basta contribuir com qualquer valor, através da vaquinha virtual criada (clique aqui).

* Colaborou Ivan Dias Marques SALVADOR UNIDA  O Correio está reunindo exemplos de ações sociais, conteúdos de diversão para a criançada, programações musicais online, cursos, e tudo o que possa ajudar a trazer mais leveza para esse período de isolamento social. Confira: https://bit.ly/salvadorunida

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