Profissional tem que desenvolver competências complementares para se inserir no mercado

Fazer uma pós-graduação se tornou importante passo para se manter competitivo

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  • Do Estúdio

Publicado em 29 de julho de 2019 às 17:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: REINHART JULIAN / UNSPLASH

Ter um diploma de graduação, procurar emprego e não conseguir exercer a profissão por falta de oportunidade. Ou até estar empregado, mas após anos de carreira se sentir pouco aproveitado ou estagnado. Se enxergou em alguma dessas situações? Pois você não está sozinho. É a realidade da maioria dos brasileiros.

A taxa de desemprego no país ficou em 12,4% no trimestre encerrado em fevereiro deste ano, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). São 13,1 milhões de pessoas sem emprego. E a culpa não é somente da crise econômica. O mercado de trabalho mudou. Segue mudando. Não há mais espaço para pouca especialização. Os cargos não existem mais em igual proporção aos diplomas. A graduação se tornou apenas o ponto inicial de estudo dos profissionais.

“O Brasil, como uma das maiores economias do planeta, precisa e é carente de profissionais especialistas em algumas áreas. Então, quanto mais o profissional se especializar e demonstrar como pode ser produtivo na empresa, mais possibilidade de empregabilidade ele tem. Na área de Tecnologia da Informação, por exemplo, há uma grande busca por profissionais qualificados no mercado sem que haja preenchimento de vaga. Especializar é necessário, ainda mais nesta área, em que há mudanças constantes. Como não se especializar para dar conta deste mercado?”, pondera Cristian Campos, diretora de EAD da Faculdade Dom Pedro II.

Até quem está há anos no mercado de trabalho se vê impulsionado a olhar para além de sua formação original. Ter um entendimento mais amplo da própria carreira e usar novos conhecimentos para propor algo inovador no seu segmento. Ser disruptivo e dinâmico. Fazer uma pós-graduação se tornou importante passo para buscar competências complementares. Desenvolver habilidades em todas as áreas, do empreendedorismo a novas tecnologias. Ser multidisciplinar e potencializar aptidões que nunca foram exploradas.

O momento mais difícil é também uma boa oportunidade para que os profissionais repensem suas carreiras, segundo a consultora empresarial Fabiana Aragão. “A transformação do cenário está obrigando as pessoas também a repensarem seu planejamento em relação às competências para atender ao mercado. Acho que também falta aos brasileiros, que é uma questão educacional histórica, uma formação compatível com o que o mercado precisa, assim como falta ao mercado também uma política de assimilar essas pessoas quando saem da faculdade e da pós-graduação”, destaca a consultora.

Competências Mais do que entregar um profissional competente ao mercado de trabalho, a especialização tem o importante papel de dar um direcionamento profissional e humano ao aluno, para que ele consiga canalizar as suas principais competências e assim alcançar a sua própria versão de sucesso.

“É preciso sair do curso não somente com competências técnicas. O profissional desta nova revolução, para atender essas necessidades, precisa não só ter conhecimento. Ele precisa estar ciente de suas competências e entender melhor todas elas para que potencialize as competências técnicas e intensifique um plano de carreira concreto”, ressalta Geandro Silva, coordenador geral de Pós-Graduação da Rede FTC.

A faculdade é uma das instituições que atua em Salvador e que tem remodelado o programa curricular para atender esta nova demanda. Pretende formar o profissional para além da parte técnica ao substituir o tradicional TCC por um Plano de Desenvolvimento Profissional (PDP). Ao invés de focar em teoria, o PDP propõe que o pós-graduando se submeta a uma avaliação capaz de mapear seu perfil comportamental, suas principais competências profissionais e verificar a compatibilidade com a área em que atua.

“De posse do autoconhecimento profissional e ciente de sua atual posição no mercado de trabalho, o aluno irá construir o PDP propriamente dito: um plano de ação com metas claras e objetivas para conquistar o que, para este aluno, é o sucesso profissional”, reforça o gestor.

A UNIFACS também tem repensado o modelo de ensino. A partir deste semestre está implantando cursos com um novo design de currículo, organizado por eixos de competências: Comportamental, fundamental para o bom desempenho profissional, Área de Conhecimento e Competências Específicas, que possibilita a especialização do estudante em um determinado tema.

“Queremos garantir que os estudantes/profissionais adquiram as competências técnicas e comportamentais essenciais para àquela especialização específica. Completamente alinhado às necessidades do atual mundo do trabalho. Os blocos de aprendizagem são trabalhados a partir de um conjunto didático organizado para o desenvolvimento de competências gerais e/ou específicas significativas do perfil do egresso. Além disso, esta organização possibilita a entrega de elementos didáticos importantes para a aprendizagem e favorece o desenvolvimento das competências essenciais para determinada especialização”, destaca Verena Alcântara, coordenadora dos cursos da Pós-Graduação Lato Sensu da UNIFACS. Até quem está há anos no mercado de trabalho se vê impulsionado a olhar para além de sua formação original (Foto: ALEXIS BROWN / UNSPLASH) Mercado e academia Mestrado e doutorado só se enquadram para profissionais que querem seguir vida acadêmica? Não necessariamente. “Temos alunos que são docentes ou que pretendem seguir a carreira de professor, mas temos também muitos profissionais, inclusive empresários, que procuram o mestrado como forma de ganhar conhecimentos e novas habilidades para lidar com a gestão dentro de suas empresas, sejam elas públicas, privadas ou não governamentais”, destaca Élvia Fadul, coordenadora do Mestrado em Administração da UNIFACS.

O ideal mesmo, segundo a coordenadora, é não tentar se limitar ao iniciar uma pós-graduação, seja ela stricto sensu, que são mestrado e dourado, ou lato sensu, que compreende as especializações. No decorrer do processo de aprendizado, muitas habilidades podem, inclusive, ser descobertas. “Há pessoas que iniciam mestrado porque precisam do título por alguma exigência do trabalho e descobrem que gostam de ensinar. O contrário também acontece. Ao longo do mestrado e na convivência com os professores, vão descobrindo outras habilidades e quando saem vão investir em empresas, criam um negócio ou até mesmo se tornam consultores”, ressalta Élvia Fadul.  

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