Programa de formação em tecnologia abre vagas exclusivas para pessoas trans e mulheres negras

Programa gratuito tem objetivo de acelerar carreiras e dura 6 meses

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  • Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2022 às 14:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nappy

Como empresas e organizações podem contribuir para a transformação do cenário de empregabilidade de pessoas trans, travestis e mulheres cisgênero pretas? Segundo o relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais de 2021, 90% da população trans e travestis encontra na prostituição a sua única fonte de renda e subsistência. Por outro lado, uma análise realizada pela data_Labe, laboratório de dados e narrativas da favela da Maré - a partir de dados do IBGE e PNAD - constatou que a chance de subocupação para mulheres negras foi 35% maior que a de homens brancos no primeiro trimestre de 2021. 

Formação e oportunidades respondem bem a essa pergunta. E esse é o objetivo do programa Lab Plural, iniciativa de formação em Agilidade oferecido pela AsteriscoLab e K21, com o objetivo de capacitar pessoas trans, travestis e mulheres cisgênero pretas para que aumentem as suas chances de inserção no mercado de trabalho. O programa oferece capacitação para que esse público se forme e possa atuar no mercado de tecnologia.

Inovação, criação de produtos e soluções digitais são caminhos versáteis para potencializar carreiras já existentes ou, então, fomentar mudanças de percurso no desenvolvimento profissional. O programa Lab Plural - desenvolvido pela AsteriscoLab - têm por objetivo contribuir para o aumento de mulheres cis pretas, pessoas trans e travestis em condições competitivas no mercado de pessoas trabalhadoras do conhecimento através, especificamente, da entrega de produtos digitais assertivos. 

Para Bernardo Gonzales, pessoa transmasculina e um dos coordenadores do programa, a iniciativa é um passo importante para a empregabilidade de pessoas trabalhadoras do conhecimento no Brasil, uma vez que perfis de pessoas trans e travestis, principalmente, estão mais submetidas à violência e discriminação do que alocadas no mercado de trabalho formal. “Ao mesmo tempo em que o curso oferecerá acesso à cultura e às metodologias ágeis de forma gratuita, também proporcionará upgrade de carreira com chances reais de melhores oportunidades de emprego”, explica Bernardo.Ele também explica que esse universo profissional tem uma forte relação com times multifuncionais e com perfis diversos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Fórum Econômico Mundial em 2020, times e equipes diversas aumentam a lucratividade da organização entre 25% e 36%, enquanto a taxa de inovação aumenta em até 20%. Bernardo Gonzales é um dos coordenadores do curso (Foto: Divulgação) Bernardo explica que a concepção do projeto contou com uma equipe que tem duas pessoas trans na coordenação e isso dá possibilidade de produzir uma narrativa de que pessoas trans e travestis podem ocupar cargos de liderança e contribuir para a transformação do mercado de trabalho.

"Se responsabilizar pela transformação do mercado de trabalho é, essencialmente, estar disposto a oferecer formação a perfis que historicamente estão submetidos a violência e discriminação", pontua.

Dentro do programa do curso, estão temas como design thinking, gestão de produtos digitais e temas ligados a gestão como técnicas de facilitação e transformação organizacional.