Programa para combater racismo institucional dentro do MPBA é lançado

Para a promotora Lívia Vaz, diversidade étnica e cultural da Bahia não é refletida dentro do Ministério Público

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  • Da Redação

Publicado em 23 de março de 2021 às 08:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

“Não há como o Ministério Público efetivamente promover igualdade racial, promover uma justiça reparatória para o povo negro baiano sem antes fazer o dever de casa, olhar para dentro e enfrentar o racismo institucional”, é o que defende a promotora de Justiça Lívia Vaz, reconhecida como uma das 100 pessoas de descendência africana mais influentes do mundo pelo Mipad. Partindo desse entendimento, foi criado um Grupo de Trabalho (GT) com a missão de elaborar um programa de enfrentamento ao racismo nos quadros do MPBA. O projeto pioneiro foi instituído justamente no dia em que o Estatuto da Igualdade Racial completou 10 anos, em 20 de julho de 2020, e será entregue à procuradora-geral de Justiça, Norma Cavalcanti. 

Quantas pessoas negras compõem o Ministério Público baiano, onde elas estão, de que maneira a instituição pode promover uma abertura para a diversidade étnico-racial, como um programa de combate ao racismo institucional pode impactar na atuação finalística do MP no combate ao racismo e na promoção da igualdade racial, entre outros questionamentos são os alicerces para a construção de propostas antirracistas a serem implementadas pelo GT no plano de ação, que está dividido em quatro eixos: gestão, formação, estrutura organizacional e recursos humanos. 

Fazem parte do GT promotores e promotoras de Justiça, além de servidores e servidoras que integram a chefia de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça; a coordenadoria e superintendência de Gestão Administrativa; a diretoria de Gestão de Pessoas; a coordenação do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf); a coordenação do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH); a coordenação do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhis); a Associação do Ministério Público do Estado da Bahia (Ampeb); o Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado da Bahia (Sindsemp); além de integrantes do Coletivo Maria Felipa, entidade antirracista autonôma e independente criada por servidores, colaboradores e estagiários que atuam no MP.

Lívia explica que a aposta está justamente na ampla diversidade e pluralidade de visões na composição do grupo, promovendo, assim, o debate e conscientização sobre a discriminação racial em suas mais diversas formas. “Nós sabemos que as instituições públicas e privadas no Brasil não refletem, sequer minimamente, a diversidade étnico-racial da população brasileira. Isso não é diferente no Sistema de Justiça, nem no Ministério Público brasileiro”, destaca. 

Para ela, apesar da Bahia ser um dos estados mais negros do Brasil e Salvador ser conhecida como a cidade mais negra fora da África, essa negritude não está espelhada nas instituições. Há pouca representatividade, a população negra ainda enfrenta muitas barreiras para alcançar os espaços de poder. “Com certeza os frutos dessas medidas de combate ao racismo na instituição atravessam paredes, constroem pontes, e se colocam como um verdadeiro divisor de águas, inclusive, a inspirar outros Ministérios Públicos no Brasil”, conclui. 

Canais de denúncia  Para fazer denúncias de racismo, injúria racial e intolerância religiosa, o cidadão pode entrar em contato com o MPBA por meio dos número telefônicos 3103 – 6437/ 6519/ 6409, ou encaminhar a denúncia para o email [email protected]. Também é possível fazer denúncias pelo aplicativo ‘Mapa do Racismo e da Intolerância Religiosa’.