Público vibra com Ivete na virada do ano; confira programação de hoje

Apresentações começam a partir de 15h

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  • Hilza Cordeiro

Publicado em 1 de janeiro de 2020 às 08:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Secom

A chuva parecia até que tinha desistido de dar as caras, mas, de uma hora para outra, o tempo virou junto com o ano. A água que caiu na terça no Festival da Virada respingou nesta quarta-feira, 1º dia do ano, justo nos minutos seguintes à virada. Como tem se tornado tradição, Ivete Sangalo fez a contagem regressiva para a chegada de 2020 e a energia do axé da cantora embalou os abraços molhados, brindes e beijos apaixonados dos presentes no evento na orla da Boca do Rio, em Salvador.

Usando um vestido prateado de franjas, Ivete apostou no hit “Teleguiado” para abrir o apresentação e emendou o show da dobra do calendário com outras canções clássicas como Cadê Dalila. Durante a apresentação, que teve início às 23h48, o telão exibia os minutos finais para o início do novo ano. Faltando um minuto, a cantora parou a cantoria para a exibição de um vídeo do festival com uma mensagem inspirando mais amor em 2020. 

Assim que o dia primeiro entrou, a queima de fogos com 28 toneladas de artefatos pirotécnicos tomaram conta do céu. Enquanto as pessoas confraternizavam, Veveta aproveitou o momento para deixar o seu próprio recado."Vamos se abraçar todo mundo! Que a gente possa dizer tudo aquilo que a gente tem vontade, com liberdade e alegria. Quem transforma o nosso destino é a gente mesmo!", discursou. Em seguida, ela retomou a cantoria com a música “O Mundo Vai”, composta em 2019. A virada de Veveta ainda teve participação do grupo de Filhos de Gandhy na canção Muito Obrigado Axé, composição de Carlinhos Brown. Na batera, Marcelinho Sangalo, filho da cantora, deu o nome e sobrenome tocando percussão em diversos momentos do show. Muitas famílias também fizeram questão de levar suas crianças para a festa e várias assistiram ao show montadas nos ombros.

Antes mesmo de Ivete Sangalo subir ao palco para fazer o show da virada, o fã dela, Rafael Santos Andrade, 20 anos, já estava rouco de tanto gritar pedindo pela entrada da cantora. Dizendo ter sido “abandonado” pelo marido, que escolheu passar o Réveillon na Ilha de Mar Grande, Rafael saiu sozinho do bairro do IAPI para curtir a festa e por lá mesmo fez amizade com quatro meninas, também fãs da artista.“É um amor muito grande, sou fã desde os 6 anos. E eu não ligo de vir só, eu gosto mesmo é de fazer amizades. Botou o dinheiro e a identidade no bolso, já foi, tô pronto”, brincou ele.Na conversa com jornalistas antes da apresentação, Veveta reafirmou ao CORREIO o seu prazer de poder tocar no evento. “Poder ficar na minha cidade é um presente muito grande e só melhora. Estou feliz que essa festa está se transformando numa tradição de Salvador. É massa saber que Salvador está trazendo, além da sua beleza natural, que é uma cidade especial, está também com esse movimento para atrair turistas”, disse. Em seguida, ela revelou que em breve deve gravar uma música com a drag queen Pablo Vittar. 

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No meio da galera, assistindo Veveta, estava a paraguaia Nathália Medina, 30. Acompanhada de vizinhos que também são fãs da cantora, ela contou que conhece a artista desde a época da Banda Eva.“O meu irmão escutava muito e me influenciou. O axé invadiu com força o meu país, então foi uma referência muito forte”, disse ela, que está morando na capital baiana enquanto cursa mestrado em Medicina. Confira:

Vestida de amarelo por obra do acaso, uma senhora de 67 anos curtiu o show de Ivete do jeito que saiu de casa. “Eu queria resolver umas coisas no banco, em Itapuã, mas não sabia que estava fechado. Como eu ia vir de noite para a festa, pensei que se eu fosse para casa, não daria tempo de pegar os shows”, conta ela, que também foi sozinha e preferiu não revelar o nome. Se dava para ir em casa e voltar a tempo, nunca saberemos, mas, até dar a hora do evento, a aposentada foi ao supermercado, à feira livre, à missa e até teve um momento poético e reflexivo observando o mar de Itapuã vendo o dia cair. 

Mesmo já na casa dos 60, a senhorinha esguia mostra que nunca é tarde para sonhar e tem planos bonitos para 2020: quer uma vaga numa faculdade de Direito. Em 2019, ela fez sete meses de cursinho pré-vestibular promovido pela Uneb e prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Na roda gigante da vida, eu fiquei para baixo, mas agora eu quero ver se consigo Uneb ou um Fies. Tenho vontade de ser advogada cível”, revelou. Ela curtiu o sábado de festival e pretende bater ponto também no show de Daniela Mercury, nesta quarta-feira (1º), último dia de evento.

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Por falar em Daniela, uma das mais fortes defensoras da diversidade sexual e de gênero, não foram poucas as pessoas que elogiaram a campanha do festival, que pregava um 2020 com menos preconceito. Uma delas foi a estudante universitária Thalyta Carmo, 23, que ressaltou a mensagem para pedir mais amor e tolerância. “Eu amei isso. Perdi duas amigas por homofobia, elas foram mortas numa boate. Para você ver, a minha mãe é evangélica e me aceita como eu sou”, diz ela, que tem um relacionamento homoafetivo há oito anos. 

Até às 22h30, Thalyta curtia a festa sozinha, mas aguardava a chegada de uma amiga, que viria direto do trabalho. Experiente que é em folias soteropolitanas, ela pegou as manhas de saber que sinal de celular em dia de Réveillon é artigo de luxo. “Como a gente sabe que não pode contar com isso, combinei com minha amiga de encontrar ela no mesmo local que ficamos ontem”, contou.

Passado o show de Ivete, os fãs dela deram a frente de palco para os de Jorge e Mateus, que tocaram em seguida. Com cartolinas e tatuagens provando o amor pelos artistas, para todo lado eles exibiam pandas, animal símbolo da dupla. Essa marca surgiu porque Jorge passou a ter muitas olheiras fazendo apresentações Brasil afora e lhe deram o apelido de panda, visto que o bichinho tem a região dos olhos toda preta. O bullying acabou virando marketing. 

Logo no início do show, alguém jogou um presente embalado no palco. Jorge agarrou e, todo gaiato, rasgou o papel no dente. O cantor revelou o brinde: uma almofada em formato de panda. Em retribuição ao carinho, a dupla jogou inúmeras toalhinhas de rosto para a galera, que aproveitou para se secar da chuva.

Moradora da Boca do Rio, a cozinheira Jô dos Santos, 51, foi para a festa todos os dias e diz que as apresentações que mais lhe agradaram foram as de Claudia Leitte, Xanddy e Igor Kannário. Neste último dia ela também vai colar lá.“Lá no trabalho todo mundo diz que eu sei a programação toda, que se quiserem saber quem vai tocar é só perguntar para mim, e o pior é que eu sei mesmo. Eu não perco dia nenhum desde que a festa passou a ser aqui. Amo festa, não pode nunca mais deixar de ser aqui”, diz. Planos para 2020 A chegada de 2020 marca o início de uma nova década e é comum traçar metas e desejos pessoais para o novo ano. Para a cozinheira Jô dos Santos, uma das realizações que ela espera concretizar é terminar de construir a própria casa, que tem apenas um quarto, compartilhado entre ela e as duas filhas. Jô acrescenta que o que espera para o país é que a violência diminua, que as pessoas tenham mais acesso à saúde e que o Brasil melhore.

Fã dos sertanejos Jorge e Matheus, a iraraense Antônia Cerqueira, 20, veio de ônibus para Salvador só para ver o show da dupla. Aos 15 anos, ela escrevia as canções deles à mão num caderninho para conseguir decorar melhor as letras. No aniversário de debutante, ganhou da irmã um CD original dos dois.

Aos 17, conseguiu ir ao primeiro show deles, também em Salvador, mas só os viu de longe porque comprou pista e ficava muito ao fundo. “Para 2020, um abraço e uma foto com eles tem que sair e eu também quero voltar para a faculdade. Eu fazia Serviço Social, mas tive depressão e tranquei. Agora, eu quero fazer Psicologia”, sonha ela, que foi para a festa junto com o namorado.

Já para a estudante Beatriz Queiroz, 19, o sonho a ser realizado em 2020 é ingressar na faculdade de Direito. “Para as pessoas, eu desejo amor e paz”, disse. Uma amiga dela diz que também quer entrar para a universidade e ter um emprego fixo para conseguir estudar. Para celebrar a virada, elas vieram num grupo de quatro parceiras e levaram uma garrafa plástica com bebida quente para brindar e, claro, economizar.

Programação Festival Virada Salvador Quando: Quarta-feira (1º), a partir das 15h Entrada gratuita  

Ordem dos shows: Danniel Vieira Cronista do Morro (pocket) Telefunksoul (pocket) Daniela Mercury Aiace (pocket) Olodum Ylaa (pocket) Saulo