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Gabriel Galo
Publicado em 18 de março de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
O Vitória está menor que o Moto Club. Tomou 2 a 0 no Maranhão para ser eliminado ainda na primeira fase da Copa do Brasil. Aquela que mais paga no futebol brasileiro. Perdeu, pois, os polpudos depósitos e prêmios em fases seguintes, comprometendo suas já combalidas finanças.
O Vitória está menor que o Botafogo da Paraíba, que o Ceará, que o ABC, que o Náutico, que o CSA, que o Fortaleza, que o Santa Cruz, que o Confiança, que o Salgueiro, que o CRB. Incapaz de batê-los ou merecer fazê-lo. Empata na sorte, perde no merecimento. Vê a todos pelo retrovisor na Copa do Nordeste, onde repousa fora da zona de classificação às quartas-de-final, mesmo em grupo incomparavelmente mais fraco.
O Vitória está menor que o Bahia. Não bate o maior rival há mais jogos do que reza o bom senso. Vê de baixo os tricolores em divisão superior e planos maiores – mesmo que tropecem.
Mas o pior é olhar para o pobre campeonato Baiano e ver o tamanho minúsculo que o Vitória assumiu. O Vitória está menor que o Bahia de Feira, que o Atlético de Alagoinhas, que o Primeiro Passo de Vitória da Conquista. Está também menor que o Fluminense de Feira, como dizer que não?
Veste o mais que centenário manto um bando que não sabe o que faz, nem quer saber. Perambula sem alma, sem qualidade e sem potencial a horda nos verdes campos de listras brancas.
Ainda assim, contra todos os prognósticos, contra todos os avisos de quem tem juízo, menos de 3 mil teimosos torcedores desperdiçaram seus suados caraminguás para presenciar mais um show de horrores, uma ópera bufa (fria?) de fazer sangrar os olhos e gelar o coração.
Ao fim de mais um vexame, de mais uma vergonha, de mais um embuste, desta vez, os que ainda tomavam arquibancadas e cadeiras não esboçaram reação. Não houve aquela aglomeração para colocar para fora o grito que externa a honra despedaçada. Prevaleceu o silêncio e as expressões um tanto atônitas, outro tanto resignadas.
E isto preocupa. Porque quando a torcida entra em tal estado letárgico, a paixão deu lugar ao tanto-faz. A derrota não é mais algo do jogo, mas uma previdência. Perder é rotina; empatar é o limite; vencer é uma impossibilidade, quase um milagre.
Na esteira das vaidades desmedidas, da idiotice com iniciativa e das desculpas esfarrapadas, o primeiro semestre foi jogado no lixo. O fundo do poço é apenas uma etapa, e seguimos cavando mais fundo. A Série C não é um fantasma, mas uma meta. A baixeza é proporcional à inépcia.
Hoje, no auge da dor pela contínua deterioração de um clube que é uma instituição da Bahia e do Brasil, retrato de um povo, percebemos sem haver chance de erro. O Vitória está do tamanho da incompetência atroz e da falta de vergonha na cara e hombridade de Ricardo David e Marcelo Chamusca. Caberá à história reduzi-los ao que de pior passou pelos portões sagrados do Barradão.
Perceba, no entanto, que o Vitória está, não é, menor. David e Chamusca, por mais esforçados que estejam para desmantelar o Vitória, são transitórios. Haverá o clube de se reerguer, nos braços e clamor de sua torcida, que tem que achar forças sabe-se lá de onde para assumir para si a responsabilidade de reconduzir democraticamente o clube ao seu patamar merecido. Enquanto isso, resta apenas a ressaca pela vergonha que parece não ter fim.
Gabriel Galo é escritor.