Quantidade de óleo que chega às praias depende de correntes marítimas e ventos, diz oceanógrafo

Foram retiradas 15 toneladas do resíduo das praias da Pituba e Jardim dos Namorados nesta quarta-feira (16)

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  • Da Redação

Publicado em 17 de outubro de 2019 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arrison Marinho/CORREIO

Após um período de calmaria, o óleo voltou em grande quantidade para as praias de Salvador. Nesta quarta-feira (16), foram retiradas 15 toneladas do resíduo na Pituba e no Jardim dos Namorados. Apesar da mudança na intensidade de óleo que chega à costa parecer estranha, o professor do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE), Clemente Coelho, explicou que esse fenômeno é normal.

Segundo ele, a mancha de petróleo cru é empurrada pelas correntes marinhas e sofre influência dos ventos. Coelho revelou, ainda, que agora os ventos apontam para Bahia e Alagoas, o que fez com que mais resíduos fossem depositados nas praias dos estados. “Existem manchas órfãs que derivam no oceano e chegam em pacotes conforme os ventos. Com a corrente Sul Equatorial, elas são derivadas para norte ou para sul e levadas com a maior ou menor intensidade”, contou.

O professor ressaltou que as manchas são extremamente difíceis de identificar, pois circulam abaixo da superfície da água. Mesmo assim, ele apontou que os municípios podem tentar prever a chegada do óleo com a previsão dos ventos, das ondas e o conhecimento empírico de pescadores e marinheiros. “Ainda não conseguimos modelar a dispersão e estamos apenas apagando o fogo com os procedimentos de limpeza”, pontuou. Manchas de óleo chegaram com mais intensidade na Pituba (Arrison Marinho/CORREIO) Coordenador operacional local do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), o contra-Almirante da Marinha, Rodolfo Saboia, indicou que é praticamente impossível prever a movimentação do resíduos. Segundo ele, seria necessário saber a origem do óleo, a data do derrame e a quantidade derramada. “O óleo está abaixo da superfície. Não tem como detectar por monitoramento aéreo ou por radares. A nossa ação de resposta fica praticamente limitada a limpeza rápida da praia”, afirmou.

O esperado era que o incidente se encerrasse depois da primeira onda de óleo que tocou a costa, informou Saboia. ”Há uma recorrência de óleo em praias que já foram atingidas anteriormente e isso volta a acontecer, muitas vezes, pelo movimento de maré. Eventualmente, somos surpreendidos pela chegada de resíduos em uma área que já havia sido limpa”, disse.

Segundo Saboia, a ação de limpeza é importante por prevenir que a mancha, que já chegou a praia, retorne ao mar. “A nossa prioridade é limpar as praias assim que o óleo chega, essa é a menor maneira de evitar que óleo se mobilize para outros locais. Nossa estratégia tem sido combater, o mais rápido possível, quando a mancha chega”, disse a coordenadora geral de emergências ambientais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fernanda Pirillo.

A coordenadora explicou, também, que os servidores do Ibama e da Marina estão de prontidão para acionar os recursos de limpeza dos municípios e da Petrobras assim que uma mancha é avistada. “A prefeitura de Salvador tem sido muito ágil em limpar os locais. A nossa preocupação é nos lugares mais remotos e de difícil acesso”, disse Pirillo sobre o foco dos trabalhos do instituto.

Na última segunda-feira (14), o Grupo de Acompanhamento e Avaliação do Plano Nacional de Contingência foi acionado para disponibilizar recursos federais para serem colocados a serviço da ação de resposta ao óleo. “O grupo articula os recursos que o governo federal pode disponibilizar. Há o máximo de esforço nas ações de resposta”, afirmou o contra-almirante Rodolfo Saboia.

Óleo na Capital Um balanço divulgado pela Limpurb às 20h desta quarta-feira (16) estimou que 15 toneladas de óleo foram retiradas da Praia da Pituba e do Jardim dos Namorados durante todo o dia. Além disso, outras 7 toneladas e 660 quilos da substância foram recolhidas das praias Jardim de Alah, Boca do Rio, Stella Maris e Praia do Flamengo. A pesagem do material recolhido ainda não foi concluída.

O óleo se espalhou no litoral nordestino desde setembro e chegou a Salvador na última quinta (10). No bairro da Pituba, a mancha de petróleo foi encontrada, na manhã desta terça-feira (16), num trecho de cerca de 800 metros na altura das ruas Piauí e Pará. As manchas também voltaram a aparecer nas praias do Jardim de Alah e no Jardim dos Namorados.

Nesta quinta-feira (17), o governador Rui Costa vai se reunir com os prefeitos das oito cidades atingidas pela mancha de óleo na governadoria, às 15h.

Um próximo multirão de limpeza nas praias do estado deve acontecer neste final de semana.  As ações devem ocorrer em vários pontos da costa baiana a partir das 8h. Mais informações vão ser divulgadas no instagram @guardioes_do_litoral.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro