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Jairo Costa Jr.
Publicado em 2 de julho de 2022 às 07:00
Fora a chance de matar a saudade da maior celebração cívica do estado após dois anos de espera, o público ligado na festa pela Independência da Bahia verá, pela primeira vez na história, a presença simultânea de quatros candidatos à Presidência da República melhor posicionados nas pesquisas durante as comemorações do Dois de Julho em Salvador. Tem mais: será também a primeira vez na pré-campanha deste ano que Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) desembarcam ao mesmo tempo em uma cidade.>
O ineditismo do episódio está longe da coincidência ou da relação que qualquer um dos integrantes do quarteto tenha com a data magna do estado. Quarto maior colégio eleitoral do país e primeiro do Nordeste, a Bahia sempre foi estratégica nas sucessões nacionais realizadas desde a redemocratização de 1988. Papel que cresceu na corrida de 2022 por duas razões. Uma delas diz respeito ao cenário atualmente desenhado para a eleição estadual. >
Depois de quase 16 anos em que a Bahia está sob comando dos petistas, o grupo adversário tem grandes chances de retomar o poder, segundo o retrato projetado por todas as pesquisas de intenção de votos divulgadas até o momento. De forma unânime, o panorama para o presente detectado pelas sondagens aponta a vitória do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) no primeiro turno, com larga vantagem sobre os demais concorrentes: Jerônimo Rodrigues (PT), apoiado por Lula, e João Roma (PL), representante de Bolsonaro na disputa local.>
A outra é a popularidade do ex-presidente petista junto ao eleitorado baiano, onde desponta como favorito a levar a maioria dos votos na corrida presidencial. Como o Nordeste é a pedra no caminho de Bolsonaro e onde Ciro aparece com os mais altos percentuais, nenhum dos pré-candidatos quis ficar fora de uma vitrine como o Dois de Julho no estado que acumula o maior contingente de votos na região - 11,29 milhões ou 26% do bolo completo. Para isso, cada um decidiu capitalizar a participação na festa à sua maneira.>
Lula, por exemplo, concentrou sua passagem por Salvador no sábado ao ato organizado pelo PT na Arena Fonte Nova. Até o fechamento desta edição, ainda havia dúvidas se o petista iria ou não engrossar o cortejo da legenda pelo Centro Histórico, por receio quanto à segurança do ex-presidente. Já Bolsonaro, que tirou a festa de rua dos planos, apostou tudo na motociata organizada por apoiadores na capital, cujo ponto de partida escolhido foi a orla da Barra.>
Do quarteto, apenas o ex-ministro Ciro Gomes e a senadora Simone Tebet decidiram comparecer pessoalmente em uma celebração conhecida pela pluralidade ideológica, humana, social, cultural e, obviamente, política com a qual é comemorado o triunfo dos baianos sobre as tropas portuguesas em 2 de julho de 1823 . Em contrapartida, os quatro presidenciáveis começaram a marcar terreno na Bahia um dia antes, com maior ou menor intensidade.>
Prévia Em segundo lugar nas pesquisas, o atual presidente começou a incursão pelo interior, onde juntou milhares de simpatizantes em eventos de palanque e motociatas pelas ruas de Feira de Santana e Cruz das Almas. Ciro, que aparece em terceira colocação nos últimos levantamentos, participou de encontros políticos. Entre os quais, com o prefeito Bruno Reis (União Brasil). Na sequência concedeu coletiva à imprensa local e nacional. >
Em fala permeada por críticas aos dois principais adversários, o pedetista declarou apoio a ACM Neto na eleição para o governo estadual, mesmo ciente de que o ex-prefeito da capital decidiu caminhar de modo independente da sucessão presidencial. “De cima para baixo, eu não imponho nada, porque para a Bahia, estado que amo profundamente e é a síntese da brasilidade, nesse momento o melhor é o ACM Neto. E essa posição é unilateral, não depende de ter o apoio dele”, declarou.>
Lula e Simone Tebet tiveram passagem mais discreta do primeiro dia em Salvador. A diferença é que o ex-presidente terá o auxílio de um aparato, e grande, com o qual ela não poderá contar no Dois de Julho, já que seu partido, o MDB, vai marchar com os petistas no estado, em negociação que passou pelo crivo dos membros da Executiva Nacional emedebista. >
“A candidatura da senadora terá nosso apoio na convenção nacional, mas na Bahia estamos na base do PT, em um acordo que respeita as alianças regionais. Nos colocamos à disposição para ajudá-la no que for preciso durante a visita dela, só que não estaremos juntos na festa”, justificou o ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima, que junto com o irmão, o ex-ministro Geddel, controla o MDB no estado. Entretanto, o sol do Dois de Julho político pode dar brilho a todo quarteto, ainda que mais para uns do que para outros.>