Queiramos ou não, a web e as redes sociais estão a serviço do capitalismo

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  • Armando Avena

Publicado em 17 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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A internet e as redes sociais estão a serviço do capitalismo. É simples assim. E não poderia ser de outra maneira, afinal, embora tenha sido criada como uma rede acadêmica de pesquisa, foi sob a égide do capitalismo que a internet se desenvolveu e hoje é usada por mais de 4 bilhões de pessoas. Estar a serviço do capitalismo não é um mal em si mesmo, pelo contrário, o próprio Karl Marx, no Manifesto do Partido Comunista, reconheceu a capacidade inovadora do sistema capitalista ao dizer que ele “realizou maravilhas que ultrapassam em muito as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, as catedrais góticas” e a internet é, sem dúvida, o maior avanço da humanidade no século XX..

Mas, ao usar esse maravilhoso instrumento,  é mister não esquecer que o capitalismo, como também afirma o velho Marx, estabele entre os homens o “frio interesse do dinheiro vivo”.  Há anjos e demônios na web e é preciso saber que muitos deles são movidos por dinheiro. Assim, ao acessar a rede e  encontrar uma menina meiga falando das vantagens desse ou daquele produto,  um especialista elogiando esse ou aquele serviço, a resenha de um livro especial e otras cositas más,  o internauta pode ter certeza que, provavelmente, ali tem alguém ganhando dinheiro.

 As editoras já gastam fortunas contratando blogueiros para resenhar livros, as empresas gastam outro tanto para youtubers filmarem tutoriais elogiando seus produtos e os políticos gastam fábulas contratando equipes que propagam notícias, muitas vezes falsas, e as espalham nas redes sociais. Nada contra ganhar dinheiro com a internet, mas é preciso cuidado com as fake news e ter consciência de que algumas postagens ou comentários podem não ser uma cândida expressão de opinião, mas apenas “conteúdo patrocinado”.

 Nesse sentido, o mais correto é cobrar pelo acesso ao conteúdo, como já vem fazendo os grandes jornais do país, ou deixar claro o caráter econômico da postagem na internet. Aliás, mesmo as acaloradas discussões políticas travadas no Facebook podem estar marcadas por um vício de origem, afinal, o ideal seria saber esse ou aquele internauta que defende acaloradamente esse ou aquele partido está fazendo isso por uma crença ideológica pura ou porque detém um cargo em comissão no governo ou na cúpula do partido, pois, se assim for, ele estará apenas defendendo seu bolso. 

Queiramos ou não,  a web e as redes sociais estão a serviço do capitalismo e o incauto internauta que demonstrar interesse em comprar um produto ou serviço no Google, no mesmo dia estará recebendo uma enxurrada de oferta desse ou daquele vendedor, pois só o fato de ter acessado a rede já permitiu aos algoritmos do Big Brother do século XXI identificá-lo, saber o que ele gosta, o que repudia, o que consome, o que gostaria de consumir. Quão longe estamos do tempo de Marx e dos economistas clássicos que defendiam o liberalismo supondo a existência de milhares de compradores e milhares de vendedores sem que nenhum deles soubesse exatamente o que o outro queria.

A web mudou o mundo e hoje alguns gigantes com seus supercomputadores detêm a informação exata, ou quase, sobre cada um de nós. Dificilmente será possível deter o caráter capitalista da internet e ela reproduz a mesma forma monopólica ou oligopólica do capitalismo moderno, mas de maneira muito mais avassaladora, tão avassaladora que se torna improvável novas formas de organização social, mesmo estatizantes, nesse mundo virtual.

 Só resta, então,  o estabelecimento de regras de convivência e proteção, como fazem as democracias modernas e desenvolvidas, e a capacidade do internauta de reconhecer em cada postagem ou informação quem é quem, o que quer e o que faz nas tortuosas searas da rede mundial de computadores.

Eleições: algumas questões Com o término do registro de candidaturas, tem início a disputa pela Presidência da República. O cenário atual é imprevisível, mas  é possível levantar alguns pontos.  O primeiro é o alto número de eleitores indecisos ou que dizem não votar em nenhum dos candidatos, que varia entre 30% e 33% do eleitorado. Esse contingente pode se pulverizar, mas pode também optar por uma candidato determinado e aí a eleição fica imprevisível.

Outro ponto diz respeito a Jair Bolsonaro que registrou na última pesquisa do Instituto Paraná 24% das intenções de voto. Será difícil o candidato do PSL ampliar essa pontuação, já que terá tempo ínfimo na TV, mas, por outro lado, essa pontuação parece cristalizada e para cair será necessário desconstruir a figura do famigerado capitão do exército.

Se mantiver essa pontuação, Bolsonaro provavelmente estará no segundo turno, mas aí perde em qualquer cenário, já que seu índice de rejeição supera os 50%. Com relação ao PT, no seu maior reduto, o Nordeste, ninguém conhece Fernando Haddad e quanto mais Lula demora em indicar oficialmente seu nome, mas as coisas ficam confusas para o eleitor.

Semana que vem Haddad começa viagem pela região e vai ter de se apresentar como  “o candidato a vice do candidato que pode não ser candidato” ou como “o candidato de Lula se Lula não puder ser candidato”. O sertanejo vai estranhar.

O reitor da Ufba vem prestando um serviço ao país ao denunciar os cortes nas universidades

Convite - Quero convidar os leitores desta coluna – amigos, empresários, intelectuais, professores e a sociedade baiana – para o lançamento do meu livro Maria Madalena: O Evangelho Segundo Maria, que ocorre na próxima quarta-feira, das 17 até as 21h30 , na Livraria Cultura do Shopping Salvador. O livro, escrito na  primeira pessoa por Maria e Maria Madalena, é a história de Jesus Cristo contada pelas mulheres e foi um dos mais vendidos na 2ª Feira Internacional do Livro – Flipelô.