'Queriam fazer barreira humana com rodoviários', diz sindicalista sobre ataque

Ônibus foi alvejado durante tentativa frustrada de furto a uma agência da Caixa em Castelo Branco

  • Foto do(a) author(a) Daniel Aloísio
  • Daniel Aloísio

Publicado em 22 de maio de 2020 às 17:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO

O ataque que cerca de 18 rodoviários sofreram, por volta das 3h30 da madrugada, quando cruzaram pelos caminhos de bandidos que tentavam furtar uma agência da Caixa Econômica Federal, em Castelo Branco, ainda causa pânico na categoria. Segundo o representante do corpo jurídico do sindicato, Pedro Celestino, que conversou com seus colegas que passaram pela situação traumática, os bandidos queriam utilizar os rodoviários como reféns.  “Uma amiga minha estava no ponto esperando o ônibus que ia levá-la para o trabalho. Só que um colega passou primeiro num carro particular e ofereceu uma carona. Ela aceitou. O carro foi rendido pelos bandidos e eles ficaram como reféns. O ônibus via logo atrás. Eles queriam utilizar o ônibus para obstruir a via e os rodoviários como barreira humana”, disse Celestino.  Ainda segundo o representante da categoria, o motorista do ônibus deu uma ré, pois se confundiu com a própria ordem dos bandidos. “Um meliante mandou seguir e outro queria que parasse. Na indecisão, o ônibus foi alvejado”, relatou. Nesse momento, os rodoviários se lançaram ao chão, mas uma bala acertou o ombro esquerdo do cobrador Marcelo Machado, 47 anos. Não houve mais feridos. 

“Os bandidos fugiram após alvejarem o ônibus, pois sabiam que podiam ter acertado alguém e a Polícia Militar (PM-BA) ia chegar logo depois”, disse Pedro Celestino. De fato, quando a PM-BA chegou no local, os ladrões fugiram e ainda não foram capturados. Marcelo foi levado para o Hospital Geral do Estado e recebeu alta hospitalar ainda pela manhã. Ele está em casa com a família e não quis falar com a imprensa, assim como os outros rodoviários que vivenciaram o momento de pânico, já que os bandidos ainda estão soltos.  

O ataque A agência atacada é situada na Rua Genaro de Carvalho, na 1ª etapa de Castelo Branco. Ela foi alvo de explosão e tentativa de furto na madrugada desta sexta-feira (22). Dois terminais de autoatendimento foram violados, mas os bandidos fugiram sem conseguir levar dinheiro ou equipamentos da agência. 

“Eu acordei com o som dos tiros, mas não tive coragem de olhar. Permaneci na cama. Achei que fosse algum assalto ou execução. Graças a Deus que não tinha mais as filas que já teve aqui antes por causa do auxílio emergencial, pois o que seria desse povo com os bandidos tão armados?”, disse Cristina Santos, 43, que mora na frente do banco. 

Alessandro Jorge, 38, que trabalhou no local como pintor e também é vizinho da agência, também se assustou de madrugada. “Eu acordei com a minha esposa dizendo que alguém estava sendo executado. Aqui às vezes acontece isso, mas tinha parado nesse tempo de pandemia. Só que como o som da explosão, eu deduzi que fosse a agência que estivesse sendo atacada”, lembrou.  

"Pensei que fosse São João"

Um outro vizinho que não se identificar gravou alguns áudios no momento da ação e enviou para a reportagem. “Eles estão encapuzados e dando muito tiros. Estou com muito medo. Quando acordei pensei até que fosse São João por causa das bombas. Eu até já liguei para a polícia, mas eles ainda não chegaram”, dizia no áudio. Momentos depois, o rapaz relata a fumaça que saia do banco. 

 Além dos tiros dados no ônibus que levavam os rodoviários para o trabalho, os vizinhos relataram que os bandidos davam tiros para cima e gritavam, em tom ameaçador: “saiam para fora”. Nenhum vizinho saiu de sua casa no momento da ação, que durou cerca de nove minutos.   

Em nota, a Caixa esclareceu que informações sobre eventos criminosos em suas unidades são repassadas exclusivamente às autoridades policiais. O banco disse ainda que coopera integralmente com as investigações dos órgãos competentes. Por volta das 9h, a Polícia Federal chegou para investigar o crime, fazer a perícia e analisar as câmeras de segurança.

A assessoria de comunicação do órgão disse que está colhendo informações para passar à imprensa, mas até o fechamento da reportagem, nada foi enviado. Já o Coronel Coutinho, comandante do policiamento militar da região central da cidade, disse que um trabalho conjunto com as outras esferas da segurança pública, civil e federal, vai “investigar para ver se chegamos aos envolvidos”.  

Segundo o levantamento feito pelo Sindicato dos Bancários da Bahia, esse foi o terceiro ataque a agências em 2020, no estado. O último tinha acontecido antes da quarentena, no dia 13 de março, em Simões Filho. Trata-se de um arrombamento de uma agência do Banco do Brasil. Antes disso, no dia 2 de fevereiro, em Amélia Dourada, uma outra agência do Banco do Brasil foi explodida.

* Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro