Rainhas da rua: mulherada cai na farra na festa de Iemanjá

Ruas do Rio Vermelho foram palco para muita atitude e ginga

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  • Milena Hildete

Publicado em 2 de fevereiro de 2018 às 22:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Arisson Marinho/CORREIO)
. por Arisson Marinho/CORREIO

Ana Paula mete dança no Largo de Santana (Fotro: Arisson Marinho/CORREIO) Na real, toda festa que homenageia o sagrado tem uma parte profana na Bahia. Não tem pra onde correr. Mas tem pra onde dançar. Nesta sexta-feira (2), depois de agradecer e presentear Iemanjá, a farra foi liberada e o couro comeu no centro, ou melhor, no Largo de Santana. Teve uma que dançou sozinha, na frente do paredão, outra que ficou agarradinha com o crush, e quem desfilou com o look novo pra fazer selfie... Era permitido, inclusive, descer até o chão. Antes mesmo do ritual religioso acabar, as rainhas da farra fizeram das ruas do Rio Vermelho uma verdadeira festa.

A dançarina Ana Paula da Conceição, 22 anos, por exemplo, mostrou a ginga e o rebolado no meio do Largo de Santana. Devota, ela chegou ao local por volta das 12h para fazer os pedidos e agradecimentos para Iemanjá e depois caiu no samba. Para a ocasião, Ana optou por usar uma blusa azul para homenagear a Rainha do Mar, um short amarelo para combinar com o Verão e o cabelo vermelho pra "chamar atenção".

"Venho todo ano pra cá, porque sou devota. Depois eu aproveito a festa, mas hoje ainda vou ter que ir trabalhar", conta ela, que também é funcionária do McDonald's.

As amigas Adriana Quintaliano, 28 anos, Deborah Leeb, 17, e Kayanara Leeb, 19, até saíram de casa cedo para fazer o ritual, mas estavam ali por outro objetivo: "dar close". Depois de entregar os presentes, as meninas foram exibir os looks pelo Red River."A gente vem todo ano, bem lindas, pra dar close. O trânsito tá parado, mas a gente quer parar o povo", brinca Adriana.  Kayanara, Deborah e Adriana ousaram no look para ir à festa (Foto: Milena Teixeira/CORREIO) Elas escolheram as roupas da ocasião com cuidado. Deborah e Adriana, por exemplo, escolheram o branco para homenagear Iemanjá. “A gente prevaleceu no branco, mas ousou com os brincos e sapatos. Estamos fechando”, disse Adriana, enquanto esbanjava orgulho pela escolha dos looks. Já Kayanara optou pelos tons mais rosados, que, segundo ela, simbolizam outro orixá.

No mesmo cenário em que as rainhas da farra desfilavam, estavam os carrinhos com caixas de som de alta potência dos ambulantes e os bloquinhos organizados por moradores dos bairros vizinhos.

Entre o Largo de Santana e o da Mariquita, duas rodas de capoeiras chamavam a atenção de quem passava. A estudante de enfermagem Larissa Peixoto, 25, pediu licença para entrar na roda, mostrando a ginga."Eu não aguento ver um samba que quero dançar", afirmou.Na Rua Odilon Santos, a técnica de enfermagem Sheila Cerqueira, 40, falava sobre os resultados da paquera, enquanto segurava uma latinha de piriguete quase quente. “Oxe, tá um sucesso aqui. Já achei vários paqueras e até ex. Gosto dessa festa, porque tem muita gente bonita”, avaliou.  Sheila quer aproveitar todas as festas de verão (Foto: Milena Teixeira/CORREIO) Todo ano Sheila acompanha os festejos de Verão. "Esse ano eu nem peguei festa fechada, porque na rua tá bom demais. Amanhã eu tô no Furdunço [pré-Carnaval na Barra]. Agora, eu só paro depois do Carnaval", avisou.

Quem também parecia estar ali para paquerar foi a estudante Poliana Rodrigues, 23. "Eu nunca vim para essa festa e parece até que estou em um Carnaval", contou. Acompanhada das amigas, ela disse que estava “pronta para o crime”. 

Pouco antes das 17h, a Rua da Paciência seguia lotada. Era impossível passar por ali sem ouvir 'cuidado com meu pé'. Todos estavam na festa do espaço Lalá, que encerraria os festejos. No meio da multidão, as estudantes Caroline Muniz, 20, Joice Marques, 21, e Ingrid Alcantâra, 21. Elas saíram de casa para aproveitar a tal da última festa. "Eu cheguei por agora, porque vim pra beber mesmo, não pela parte sagrada", confessou Caroline.

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