Renato Gaúcho não sabe perder

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  • Miro Palma

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 05:00

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Todo mundo sabe que Renato Gaúcho tem uma língua afiada. Além disso, o técnico do Grêmio, desde a época de jogador, nunca escondeu que é dono de um ego exacerbado. A junção desses elementos sempre resultam em comentários polêmicos. E como esperado de um perfil vaidoso, quando ganha, Renato exalta seu time como o melhor do país. Quando perde, questiona o adversário.

A bola da vez, com o perdão do trocadilho, é o Bahia. Depois de perder por 1x0 para o tricolor baiano, dentro da própria casa, Renato questionou a postura defensiva do time de Roger Machado. “Na minha época, era inadmissível jogar dessa forma. Hoje em dia, o futebol brasileiro está acabando”, disse durante a coletiva de imprensa após a partida. Segundo ele, 90% dos times no país jogam “feio”, com a exceção de quatro clubes. Um pênalti confirmado pelo VAR pra quem acertar o primeiro nome da lista. Grêmio, claro. Ele ainda lembrou de Santos, Athletico-PR e Flamengo.

Renato até tentou elogiar o tricolor baiano, mas... “O Bahia venceu, não tirando os méritos do Bahia, mas é uma equipe muito abaixo do esperado”, avaliou. Sempre tem um “mas”. Tá aí um artifício muito comum àqueles que não conseguem valorizar um rival. Enaltecer os feitos do outro não nos diminui. Mas... Parece que o treinador ainda não aprendeu essa lição.

Não satisfeito, o técnico do time gaúcho ainda afirmou que o Bahia só jogou por uma bola no contra-ataque. E é aí que eu entro com os números. Apesar de ter tido uma posse de bola consideravelmente maior que o Bahia (68% contra 32%), a equipe de Renato Gaúcho conseguiu apenas quatro finalizações a mais que a de Roger Machado. Quando contamos as finalizações corretas, pasmem, os dois clubes se igualaram com seis cada um. Uma bola, Renato? Refaz essa sua conta aí, por favor.

Contra o Fluminense, na partida do último sábado em que o Bahia perdeu por 2x0, no Maracanã, além de ter mais posse de bola – uma vantagem pequena de 51% contra 49% dos cariocas –, o Bahia teve mais finalizações – 17 ante 13 do adversário – e mais bolas em direção ao gol – seis do Esquadrão contra três do Flu. Um time retranqueiro, que só joga fechado, ou “feio” como o técnico do Grêmio insinuou, não teria esse tipo de resultado em partidas completamente diversas.

O que houve foi o triunfo de uma estratégia contra outra. Roger montou uma defesa mais eficaz, com um contra-ataque objetivo, uma das características mais marcantes do Bahia no Brasileirão. Ponto final. O que vem depois disso é mera especulação para não sair feio na foto. Concordo quando ele avalia um prejuízo no futebol brasileiro pela ânsia por resultados. Já abordei esse assunto em edições anteriores desta coluna. No entanto, apontar o dedo após uma derrota é uma atitude pequena.

Pior ainda é, depois de todo esse sermão, entrar em uma completa contradição ao dizer que se precisar jogar feio contra o Flamengo para passar de fase na Libertadores, vai jogar. Ou seja, se o Grêmio estiver em busca de resultado, tudo bem jogar retrancado. Mas... só o Grêmio, tá bom? Ok, então. Muito obrigado pela aula de imparcialidade, Renato Gaúcho.

Miro Palma é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras