Residente em pediatria relata mortes de crianças por Covid em hospital de BH: 'Todas não vacinadas'

Três crianças morreram de covid no hospital infantil na última semana de janeiro, revelou

  • D
  • Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 20:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo pessoal

Em um desabafo de uma residente em pediatria no Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, também há um apelo. Marina Paixão de Madrid Whyte, de 27 anos, trabalha no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) e revela que, somente na última semana, três crianças morreram de Covid. "A cada criança que eu vejo partir, meu coração embrulha. Não encontro outra forma de explicar", disse, nas redes sociais.

Ela também afirmou que a mortalidade infantil caiu absurdamente após o início do calendário vacinal.

Das crianças mortas na última semana de janeiro, 100% não estavam vacinadas, desde bebês até crianças com mais de 10 anos."Eram todas não vacinadas. E temos crianças internadas que os cuidadores também testaram positivo para a Covid e não têm a vacinação completa", disse ao g1.Até então, Belo Horizonte só convocou para vacinação as crianças sem comorbidades de 9, 10 e 11 anos. E, com 5 a 11 anos, nos seguintes casos: com comorbidades, deficiência permanente, indígenas ou quilombolas, além de acamadas ou com mobilidade reduzida.

Evolução dos casos

A residente também contou que, nos casos fatais, as crianças não tinham outros problemas de saúde, e que, em poucos dias, o quadro evoluía rapidamente.

O hospital também encontra-se lotado com casos respiratórios, e os profissionais enfrentam uma sobrecarga de trabalho e emocional. Por isso, ela faz um apelo: para que os pais vacinem as crianças o quanto antes.

"Vacinem seus filhos! As vacinas são comprovadamente seguras e reduzem casos graves e mortalidade. É urgente vacinarmos nossas crianças e lembrar que, além de protegê-los, os pais devem completar seu próprio esquema vacinal", disse ao portal.

Em nota ao g1, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), responsável pelo Hospital Infantil João Paulo II, disse que, a respeito da superlotação, "tem recebido normalmente pedidos de internação via Central de Regulação. Hoje (quarta, 2 de fevereiro), a ocupação na unidade é de 86% na enfermaria e de 94% na UTI. Para atender a alta demanda do atual cenário epidemiológico, a unidade abriu, em janeiro deste ano, mais 10 leitos de terapia intensiva pediátrica".

Em relação aos óbitos de criança, a rede não informou o número de mortes registradas no hospital e disse que "em conformidade à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode disponibilizar qualquer dado individualizado, que diz respeito à privacidade do paciente".