Retada! 10 momentos em que Irmã Dulce subverteu a ordem

Relembre fatos marcantes da vida da freira baiana

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  • Thais Borges

Publicado em 19 de maio de 2019 às 06:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Osid

Na construção da sua obra social, Irmã Dulce reúne histórias das vidas que ajudou a salvar, mas também de enfrentamentos das estruturas impostas pela sociedade para uma mulher - mesmo que freira nos anos 1930. São muitos os relatos de pessoas que foram acolhidas por ela nos mais de 50 anos dedicados à caridade e também muitos outros de momentos em que ela precisou fazer coisas que não eram necessariamente esperados por uma religiosa.

Levantamos 10 desses fatos através de 30 entrevistas, feitas ao longo da última semana, pesquisas em arquivos dos últimos 40 anos do CORREIO além da consulta aos livros Irmã Dulce O anjo bom da Bahia (Gaetano Passarelli - 2010); Irmã Dulce dos Pobres (Maria Rita Lopes Pontes - 2011) e Irmã Dulce: os milagres pela fé (Jorge Gauthier - 2014).

Confira: 

1.Exclaustração  Por 10 anos foi afastada da congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus em função das suas atividades sociais que não seguiam as regras rígidas impostas para as freiras. Só foi aceita de volta quando ficou doente. Ela não deixou de ser freira nesse período, mas não precisava, por exemplo, seguir os horários de reclusão indicados pela congregação.  Dulce: 3ª da esquerda para a direita, na fileira das irmãs da congregação que estão em pé (Foto: Divulgação/Osid) 2. Mentirosa Sim, mas do bem. Os donos de lojas de colchões da Cidade Baixa  sabiam que quando ela chegava  teriam que fazer uma doação. Ela dizia que o colchão dela tinha molhado na chuva (mesmo em dia de sol) - os que ganhava levava para os abrigos.   

3. Sozinha   Aos 15 anos, sem a autorização da família, Dulce pediu admissão no Convento do Desterro em segredo, mas acabou sendo descoberta. Seu pai, Augusto Lopes Pontes, permitiu que ela fosse após se formar professora. Dulce aos 13 anos (Foto: Divulgação/Osid) Clique aqui e confira o especial Santa Dulce sobre a vida da freira baiana

4. Galinheiro-hospital Em 1947 ela invadiu o galinheiro do convento e levou 70 doentes para o local que no futuro se transformou no Hospital Santo Antônio. As galinhas? Viraram canja para alimentar os doentes que ela havia recolhido pela Cidade Baixa. 

5.  Ação Em 1939, Dulce fundou com os operários Ramiro S. Mendonça, Nicanor Santana e Jorge Machado a União Operária São Francisco, a primeira organização operária católica da Bahia. O fato causou discórdia entre patrões por ele defender a classe operária.

6. Invasora Promoveu, em 1939, a invasão de cinco casas na Ilha dos Ratos onde passou a abrigar doentes. Depois foi expulsa e levou os doentes para os arcos da Igreja do Bonfim. A ação foi alvo de repressão da prefeitura. O prefeito Wanderley Pinho ordenou a saída. 

7. Pasta sempre vazia ‘Lá vem a chata’: a frase era comum de ser ouvida quando Dulce chegava nas lojas e escritórios com sua pasta preta onde guardava o dinheiro arrecadado. Ela escondia as cédulas entre um lugar e outro para sensibilizar os doadores mostrando a pasta vazia. 

8. Capitães da areia Crianças em situação de rua nos anos 60 que barbarizavam em Salvador foram acolhidos por Dulce no Centro Educacional Santo Antônio, em Simões Filho. Eles eram conhecidos com os ‘terrores da Cidade Baixa’ por praticarem furtos e desordem. 

9. Afrontosa  Certa vez, Irmã Dulce pediu dinheiro a um comerciante que cuspiu em uma de suas mãos, se negando a fazer doações. Ela estendeu a outra mão dizendo que o cuspe era para ela e que, na outra mão, ele poderia colocar a oferta. 

10. Pare, presidente!  Em 1947 quando o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra visitou a capital baiana foi cercado por Dulce com 300 crianças que bloquearam o acesso dele e sua comitiva para a Igreja do Bonfim. Ela pediu – e conseguiu – verbas para as suas obras.