Réveillon de luxo preocupa pacato vilarejo baiano

Moradores de Santo André, no Sul, não querem saber de festança de uma semana com ingressos a R$ 1,6 mil

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  • Marcela Vilar

Publicado em 13 de novembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arraial d'Ajuda/Divugação

Um evento no Sul da Bahia, planejado para acontecer na virada do ano, está gerando grande preocupação na comunidade de Santo André, que pertence à cidade de Santa Cruz Cabrália. A ideia  do Réveillon da Vila é levar 600 pessoas para um terreno de 4 mil m² à beira da praia, também em um festival com duração de 7 dias. Santo André, com menos de mil habitantes, ficou famosa por ter hospedado a seleção da Alemanha durante a Copa de 2014.

Na opinião do presidente da Associação de Moradores, Jânio Alcântara, a festa será uma “rave”: “Um agregamento de 800 a 1.000 pessoas em 7 dias muda o conceito de réveillon para rave. A comunidade tem se preocupado”.

A moradora da vila Franciele Pereira garante que a maioria dos habitantes de Santo André não concorda com a festa. “A maioria da população desaprova, por ser um povoado pequeno e ser uma festa de grande porte. Alguns estão revoltados não pela festa em si, mas por conta da pandemia”, afirmou. 

Do outro lado, a publicitária Carolina Felix, uma das produtoras do Réveillon da Vila, explica que o evento não vai ocorrer sem autorização da prefeitura e que a capacidade da festa, inicialmente de 600 pessoas, vai se adaptar ao limite estabelecido pelas autoridades sanitárias. Se a prefeitura não autorizar o réveillon, a produtora afirma que o dinheiro dos ingressos será devolvido aos clientes. “Não estamos fazendo nada incoerente, nem nada não-permitido”, garantiu Carolina. 

Segundo ela, pelo menos 100 ingressos, que custam R$ 1.600 pelo pacote de 7 dias,  já foram vendidos. À exceção da noite da virada, que será de 22h às 6h da manhã, os outros dias de festa estão planejados para acontecer de 14h às 22h. O evento também vai custear os testes de covid-19 para todos os participantes do evento. A estimativa é que a testagem custe R$ 25 mil.

O secretário de turismo de Santa Cruz Cabrália, Marcel Kemps, explica que a prefeitura não liberou o evento e só decidirá a permissão de festas ou não após as eleições do dia 15 de novembro. “O município não deu nenhuma autorização, a gente está sendo muito coerente e não vai fazer nada sem o apoio do Ministério Público e da vigilância sanitária. Não tem como se posicionar a três dias das eleições. Semana que vem vamos conversar e vai ser mais prudencial”, disse Kemps.  O secretário ainda disse que o evento traria benefícios para a cidade, movimentando a economia e gerando empregos. Atualmente, o decreto do município autoriza eventos de até 100 pessoas. Segundo o boletim epidemiológico municipal da última quarta-feira (11), Santa Cruz Cabrália tem 914 casos confirmados do novo coronavírus, com 10 óbitos. 

*Sob orientação da subeditora Fernanda Varela