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Revitalização do Comercio 2.0

  • D
  • Da Redação

Publicado em 2 de novembro de 2022 às 05:35

. Crédito: .

Três anos atrás, iniciei um documentário, Cidade Porto, sobre o bairro de Comércio para relatar sua história, seu presente e as perspectivas de revitalização. A pandemia interrompeu as gravações e somente esse ano, consegui finalizar o filme. Mas esses dois anos abriram uma visão nova e contrastada sobre o processo de revitalização. As obras da prefeitura como o DOCA 1 e sua bela e ousada arquitetura, o Arquivo Municipal, a Casa da Música, a reabertura do elevador do Taboão e, por fim, a reforma das praças Cayru e Marechal Deodoro devem ser elogiadas. 

Porém, quem anda, trabalha e vive no Comércio fica chocado com o contraste entre essas obras de prestígio e o abandono de muitos prédios. Não raramente as condições dos casarões mais belos e mais antigos apresentam risco de desabar ou das suas marquises caírem na cabeça dos pedestres. Vários comércios tradicionais que tinham resistido ao declínio do bairro desde os anos 80 estão hoje fechados, como o histórico restaurante Colón. O frontispício de prédios no redor do Elevador Lacerda, nosso cartão postal, continua com um aspecto tristemente decadente. 

Muitos imóveis vazios estão procurando inquilinos ou compradores quando a dívida de IPTU não inviabiliza a venda. O programa Revitalizar, criado pela prefeitura, procura fomentar a reabilitação desses prédios através de um desconto de IPTU, mas, apesar de ter sido cuidadosamente pensado, ainda não produziu os resultados esperados. São insignificantes os investimentos exclusivamente privados no Comércio. 

O que falta então para que a revitalização tão sonhada desde o meio dos anos 2000 e tão necessária aconteça? É fato que a carga tributária que soma o IPTU, a taxa de lixo e, para muitos imóveis o famoso laudêmio, desincentivo o investimento e não reflete o potencial lucrativo dos empreendimentos. O projeto de moradia do Fundação Mario Leal Ferreira apresenta um conceito interessante para movimentar o Comércio. Mas quem vem morar em um bairro onde não tem padaria, não tem quitandas, e até mesmo supermercados?

A iniciativa do município de mudar várias secretárias no Comércio compensou a fuga recente das faculdades e das agências bancárias. Porém depois do expediente, o Comércio fica vazio e nos finais de semana se torna uma cidade fantasma enquanto deveria ser um dos mais dinâmicos centros culturais e turísticos da cidade. 

Uma pesquisa recente destacou que das vinte cinco maiores cidades do mundo em termos de PIB, dezessete tem acesso direito ao mar. É obvio para todos que o Comércio oferece uma oportunidade única para o crescimento da nossa cidade. Mas esse potencial não será alcançado sem incentivar os pequenos empreendimentos e de uma forma geral a iniciativa privada. Projetos públicos, mesmo em parceria com o setor privado, por mais ambiciosos e louváveis que sejam, não bastam. A hora chegou para o poder público, seja o município ou o estado, de repensar a política tributária, disponibilizar financiamentos baratos e flexíveis, organizar a segurança, ampliar o acesso à internet de banda larga, e melhorar tanto o estacionamento quanto o transporte público.

Bernard Attal é cineasta e diretor do Trapiche Barnabé no bairro do Comércio