Rodrigo Chagas notifica Vitória cobrando rescisão e salários

Clube alega que o ex-treinador do time principal ainda é funcionário

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 6 de agosto de 2021 às 17:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Leticia Martins/EC Vitória

Um cabo de guerra triste de acompanhar, principalmente para quem é torcedor do Vitória e sabe o tamanho da importância de Rodrigo Chagas para a história do rubro-negro. Ídolo dentro dos campos, Rodrigo era técnico do Leão até a segunda rodada da Série B, quando foi demitido do cargo, em junho. O treinador notificou o clube cobrando rescisões e salários que não foram pagos. O Vitória, por sua vez, considera que Rodrigo ainda é funcionário de carreira e exige que ele se reapresente após período de férias.

Clube e treinador enviaram notas à imprensa defendendo suas versões. Rodrigo alega que foi desligado do clube no dia 8 de junho e afirma que desde então não é mais funcionário do Vitória. "Desde aquele momento, tento negociar o pagamento das rescisões e dos valores em aberto, sem sucesso", diz a nota. 

Rodrigo de fato era funcionário de carreira do Vitória, assumindo funções na divisão de base do clube em janeiro de 2017, com contrato por tempo indeterminado em sua carteira de trabalho. 

"O Clube resolveu me contratar para assumir a equipe profissional, quando deveria ter rescindido o 1º contrato, já que o treinador profissional deve possuir contrato por tempo determinado. Os responsáveis pelo departamento de futebol do Esporte Clube Vitória utilizaram a estratégia de registrar nas anotações gerais da minha Carteira de Trabalho o novo contrato e não deu baixa e não pagou a rescisão do contrato anterior", afirmou Rodrigo Chagas no comunicado.

O Vitória também se manifestou. O clube afirma que não demitiu Rodrigo de seu quadro, apenas o realocou de função. "Este funcionário foi liberado para gozo de férias, e ao retornar, por sua iniciativa, buscou-se um acordo amigável para o seu desligamento do quadro de funcionários do clube. Como, até o momento, não se chegou a um acordo o funcionário foi notificado para retornar imediatamente as suas funções no clube", diz o Vitória.

Rodrigo afirma que não se manifestou publicamente antes por causa do apreço que tem pelo clube que o revelou para o futebol e informou que notificou o Vitória no dia 2 de agosto e a diretoria tem 10 dias para realizar o pagamento ou fazer a certificação de inadimplência. Ele também afirma que seu desligamento ocorreu por interesse do clube e sem justa causa - fatores que fariam com que o Vitória 'queimasse' uma das duas demissões permitidas pela CBF no Campeonato Brasileiro.

"Findo o prazo, comunicarei ao Departamento de Registro e Transferência da CBF o meu desligamento, por interesse do clube, sem justa causa, porque o regulamento também impõe limitações aos técnicos e não posso ficar prejudicado no prosseguimento de minha carreira. Além disso, caso o Esporte Clube Vitória não pague os valores devidos, proporei ação na CNRD – Câmara Nacional de Resolução de Disputas - da CBF.

Isso quer dizer que o acordo entre o Vitória e Rodrigo Chagas pode ganhar maior importância por causa da nova regra que limita a contratação de treinadores pelos clubes. De acordo com a CBF, "(...) o clube começará o Brasileiro com um técnico inscrito e, caso demita este treinador, poderá inscrever apenas mais um técnico. Se houver uma segunda demissão, o profissional substituto tem que estar trabalhando no clube há pelo menos seis meses. Em caso de pedido de demissão por parte do treinador, o clube não sofrerá limitação para inscrever um novo técnico".

Portanto, a única forma do rubro-negro contratar um terceiro treinador nesta Série B é se no ato de desligamento de Rodrigo ou de Ramon constar, oficialmente, que pelo menos um deles pediu demissão (e não que foi demitido). Do contrário, o clube terá que colocar como treinador alguém que já é funcionário atualmente. Rodrigo Chagas durante treinamento do Vitória na Toca do Leão (Foto: Pietro Carpi/EC Vitória) Ídolo do Vitória na época de jogador, Rodrigo Chagas treinava a equipe sub-20 do Leão até o ano passado, quando foi promovido a técnico interino entre a saída de Eduardo Barroca e a chegada de Mazola Júnior. Se saiu bem, ganhou a confiança da torcida e retornou ao comando do time, em dezembro, dessa vez já efetivado no cargo, após a demissão de Mazola Júnior. 

Rodrigo iniciou a temporada 2021 à frente da equipe e participou da formação do elenco, mas não alcançou os objetivos traçados. Este ano, o Vitória chegou às semifinais da Copa do Nordeste, mas não conseguiu passar da fase classificatória do Campeonato Baiano. 

Ele comandou o Vitória em 34 partidas, sendo quatro delas como interino. Foram 13 triunfos, 14 empates e sete derrotas. O aproveitamento dele foi de 52%: o maior da Era Paulo Carneiro.