Rodrigo Janot, de ex-procurador a 'pistoleiro-geral da República'

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  • Divo Araújo

Publicado em 29 de setembro de 2019 às 11:45

- Atualizado há um ano

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Está cada dia mais difícil compreender o que se passa no Brasil. Quando se pensa que já ultrapassamos todos os limites de ações e declarações espantosas, surge a revelação do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, feita na quinta-feira, de que foi armado a uma sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes. 

“Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele (Gilmar) e depois me suicidar”, disse Janot, para a incredulidade dos brasileiros. O motivo seria uma acusação que Gilmar fez contra a filha do ex-procurador.

Afora a bizarrice, a afirmação atingiu em cheio a Lava Jato, no mesmo dia em que a operação sofreu uma dura derrota no STF: por sete votos a três, a Corte decidiu que réus delatados devem apresentar alegações finais depois dos delatores. Na prática, o entendimento pode anular uma série de condenações da força-tarefa e, nas palavras do ministro Luís Roberto Barroso, “abalar os esforços de combate a corrupção no país”.

A “confissão” de Janot pode até ajudá-lo a promover o livro de memórias que lançará este mês, mas a um custo imenso não só para sua imagem como da força-tarefa e do próprio Ministério Público Federal (MPF), que acaba de empossar o baiano Augusto Aras como novo procurador-geral da República. Para os integrantes da procuradoria foi uma afirmação gravíssima, que desmoralizou o posto e acabou com a liturgia do cargo. 

Como resposta, o ministro Alexandre de Moraes, que comanda o inquérito que investiga ameaças a integrantes do STF, ordenou na sexta-feira uma ação de busca e apreensão pela Polícia Federal em endereços ligados a Janot . A PF apreendeu uma pistola, um tablet e um celular no apartamento dele. O magistrado determinou ainda medidas cautelares como a proibição de que o  ex-procurador se aproxime de qualquer um dos ministros ou entre no tribunal. O porte de arma de Janot também foi suspenso.

Gilmar Mendes também reagiu com veemência, como era natural, e aproveitou a deixa para questionar mais uma vez os métodos utilizados na Lava Jato. Em nota, ele recomendou que Janot procure ajuda psiquiátrica e disse que o combate à corrupção no Brasil “se tornou refém de fanáticos”. Mais tarde, em entrevista, o ministro disse não imaginar que houvesse um “potencial facínora” no comando da PGR.

As palavras de Janot vão entrar para longa lista de declarações estapafúrdias o suficiente para afastar investidores do país, como notou o presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia (DEM). “Hoje descobrimos que o procurador-geral queria matar ministro do Supremo. Quem vai querer investir num país desse?”, questionou.

Mas, nem por isso, ela ensejará na responsabilização criminal do ex-procurador da República. Apesar de revelar a intenção de cometer um crime, as declarações  não constituem crime em si. Além das buscas e medidas restritivas determinadas por  Alexandre de Moraes, a maior punição que Janot deve sofrer é a pura e simples chacota. O plano de homicídio seguido de suicídio já motivou uma série de memes na internet. Nas pilhérias virtuais, ao invés de “xerife da Lava Jato”, ele virou o “pistoleiro-geral da República”. Rodrigo Janot contou foi armado a uma sessão no Supremo Tribunal Federal com a intenção de matar a tiros o ministro Gilmar Mendes A arte de se autossabotar

Ao mesmo tempo que mostra grande desejo de virar embaixador do Brasil nos Estados Unidos, a ponto de ignorar os 1,8 milhão de eleitores que fizeram dele o deputado federal mais bem votado da história do país, Eduardo Bolsonaro é ele próprio o grande sabotador de sua candidatura. Pois é difícil acreditar que o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro enxergou algum benefício, na sua pretensão de ser representante diplomático, ao postar uma imagem tão escancaradamente falsa para atacar a ativista sueca Greta Thunberg, de 16 anos.

A imagem é um montagem mal-feita sobre uma fotografia postada pela própria Greta e cuja vista da janela são árvores no Inverno, na versão original, e crianças africanas na falsa. Ela veio acompanhada de um texto que “acusava”  a ativista de ser financiada pelo húngaro-americano George Soros – outra inverdade. Como era de se esperar,  o post recebeu várias críticas, inclusive de senadores que terão de votar a indicação do nome dele para o posto de embaixador. Isso sem falar que Eduardo Bolsonaro é um dos integrantes da CPMI das fake news, criada no Congresso para investigar a produção e disseminação de notícias falsas.

Para completar a semana, Eduardo teve que se explicar, na sexta-feira, após  postagem em que aparece fazendo o gesto de “arminha” em frente a um monumento na ONU, em Nova York.  A escultura feita em bronze por Carl Fredrik Reuterswärd, a “Não-Violência”, é de uma arma retorcida e inspirada no assassinato de John Lennon. Após ter sido informado do que se tratava, ele questionou: “O que aconteceria se John Lennon estivesse armado?” Eduardo Bolsonaro postou foto fazendo gesto da 'arminha' em frente a monumento inspirado no assassinato de John Lennon A conta salgada das mudanças climáticas

A conta pela inércia dos líderes mundiais em relação ao aquecimento global já começa a ser cobrada. E o preço que as futuras gerações terão de pagar ficará salgado: o aumento do nível do mar disparou por causa do degelo nos extremos norte e sul do planeta, está incontrolável e se acelerando. A conclusão é do grupo de cientistas que, sob o guarda-chuva da ONU, integram o Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC, na sigla em inglês). 

O que os cientistas discutem agora é o tamanho do impacto do aquecimento do planeta. E eles já contabilizam a ocorrência frequente de  fenômenos meteorológicos extremos, como furacões, tufões e tempestades tropicais.  Também aparecem na conta a ameaça à segurança alimentar e uma série de impactos na biodiversidade. Ao apresentar o relatório, na quarta-feira, Hoesung Lee, presidente do IPCC, conclamou os países a reduzirem suas emissões de gases, para que os impactos, embora não possam mais ser eliminados, pelo menos sejam atenuados e se tornem “mais manejáveis para as pessoas mais vulneráveis”. 

RÁPIDAS

1 – A Petrobras confirmou o fim das atividades não só na Bahia, mas em todo Nordeste na última quinta-feira. Para completar, lançou mais um Plano de Desligamento Voluntário (PDV). O clima entre os funcionários da estatal é péssimo. 

2 - O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou, na terça-feira, cinco desembargadores e um juiz investigados por venda de sentenças na Bahia. O advogado Antônio Henrique Aguiar, acusado de liderar o esquema, foi preso em Brasília

3 - A Ufba anunciou novas medidas para tentar economizar e manter os campi funcionando até o final deste ano e em 2020. Dessa vez, suspendeu o uso do ar-condicionado, ligações telefônicas para celular, aditivos de obras, incentivos para viagens de eventos, entre outros itens. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Boa Vista de São Caetano: Vento forte arranca telhados de 12 casas

O mau tempo chegou em Salvador junto com a Primavera e trouxe com ela ventos fortes, que arrancaram os telhados de 12 imóveis, na noite de terça-feira, na Boa Vista de São Caetano.  A Defesa Civil de Salvador  evacuou oito casas.O presidente dos Estados Unidos foi desleal ao juramento de seu cargo, pondo a segurança nacional em risco, e pondo a integridade das nossas eleições em riscoNancy Pelosi

A presidente da Câmara de Representantes e deputada democrata lançou formalmente,  durante a semana, a investigação para iniciar um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. (Foto: AFP)