Rui avalia toque de recolher na Bahia por conta do avanço da covid-19

Estado vive momento grave, com rápido crescimento de casos da doença, sinaliza

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  • Da Redação

Publicado em 16 de fevereiro de 2021 às 13:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: GOVBA

O governador Rui Costa disse nesta terça-feira (16) que a possibilidade de medidas mais restritivas serem implementadas na Bahia, inclusive o toque de recolher em todo estado, está sendo estudada. Um decreto de toque de recolher seria para "evitar o pior", com o colapso do sistema de saúde e a falta de vagas para doentes.

"Nós estamos avaliando, sim, novas medidas, semelhantes às que já adotamos, no sentido de fechamento de atividades, de eventualmente adotar toque de recolher novamente, dessa vez geral no estado, ou nas regiões com alta taxa de contágio", afirmou em entrevista ao Bahia Meio Dia, da TV Bahia,

O governador disse que terá reunião com prefeitos na União de Prefeitos da Bahia (UPB) na tarde de hoje, quando esse "passo para trás" será discutido. O prefeito de Salvador, Bruno Reis, estará presente. "Vou propor que o governo do estado, junto com as prefeituras, dê um passo atrás no funcionamento de várias atividades econômicas. Não podemos ter atividades essenciais sendo comprometidas enquanto as pessoas se acham no direito de fazer aglomeração e farra", afirmou. 

Ele reafirmou a possibilidade de um toque de recolher em todo estado. "Analiso a possibilidade, se mantiver ao longo dessa semana essas mesmas taxas, nós implementarmos o toque de recolher em todo estado da Bahia, para evitar o pior. Evitar ter cenas de homens e mulheres, idosos, jovens, adultos, clamando por um leito hospitalar, sem ter. Essa imagem não queremos e não ficarei passivo, mesmo contrariando opinião de alguns", disse.

Rui elencou algumas atividades que acha que não deveriam estar funcionando, como bares, cinemas e festas, citando que aglomeração em ambientes fechados é mais perigoso. "Cinema, teatros, ambientes fechados, a taxa de contaminação é maior. Temos que fazer escolha. Ou fechamos fábrica, comércio, ou fechamos bares, restaurantes, que têm ambientes confinados. Nós temos que escolher juntos, governo e sociedade. O que é melhor? Chegar no colapso e ter que fechar tudo ou a gente escolhe o que fechar. Entendo que no momento tá se morrendo muita gente, não tem leito para todo mundo, ter um bar funcionando não é essencial. Ter festa rolando, mesmo para 100 pessoas, não é essencial. Está no momento de fechar para evitar o pior".

Crescente nas taxas Segundo Rui, a Bahia vive mais um momento grave. "Nós vivemos o terceiro pior momento desde o início da pandemia do ano passado. O pior mês foi julho, com 2 mil óbitos e 30 mil casos ativos. Segundo pior mês tinha sido junho, com 1,7 mil mortes e chegamos a ter 27 mil casos ativos. Agora, em janeiro, fevereiro, estamos vivendo o terceiro pior momento. Voltamos a ter 15 mil casos ativos, e crescente, esse número... Você olha de dezembro pra cá esse número cresce de forma acelerada", avaliou Rui. "Tivemos que aumentar o número de leitos para atender as pessoas que estão demandando a UTI", diz. "Basicamente só falta reabrir a Fonte Nova".

O ritmo de crescimento dos novos casos preocupa as autoridades.  "O que não aconteceu ao longo de toda pandemia pode vir a acontecer se não conseguimos reverter essa taxa de crescimento. Podemos chegar ao esgotamento da capacidade hospitalar de atender a esse volume crescente de pacientes de covid", considera.

Rui defendeu que as aulas presenciais não voltem, mesmo com argumento de que outras atividades mais supérfluas funcionando, afirmando que "uma coisa não justifica a outra". "Quem mais deseja o retorno às aulas é o governador. Agora não posso, justamente no momento em que estamos crescendo número de casos, que a capacidade da rede pública, e da privada também, está perto do esgotamento, que a gente adote medidas de ampliação do convívio social e transmissão da doença. Isso é incoerente", afirmou. 

Vacinação na educação O governador também foi questionado sobre a possibilidade de vacinar professores e outros profissionais da educação antes da volta às aulas, como pede a categoria. "Isso não é condicionante", afirmou. "O que precisamos é que tenhamos condições seguras e não um pré-colapso do sistema de saúde para realização das aulas". 

As vacinas para primeira dose em toda Bahia já estão acabando para todos os públicos. Rui criticou a Anvisa, que chamou de "lenta" e disse ter má vontade para liberação da vacina russa Sputnik V. "Burocracia, má vontade e lentidão", afirmou.  "Infelizmente nosso país vai sendo um de piores comportamentos", criticou. "Nada justifica que sejamos o segundo país do mundo em número de contaminados e de óbitos. Isso tem a ver com descaso do governo federal".