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Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2022 às 17:35
- Atualizado há 2 anos
Rússia realizou neste sábado (19) exercícios militares em larga escala que incluíram o disparo de mísseis poderosos, em uma nova demonstração de força em um momento em que os Estados Unidos dizem estar convencidos de uma invasão iminente da Ucrânia.>
Apesar dessa situação cada vez mais tensa no leste da ex-república soviética entre as forças ucranianas e os separatistas pró-russos, com novos bombardeios que custaram a vida de um soldado de Kiev, seu presidente Volodimir Zelensky chegou à Alemanha para participar da Conferência de Segurança de Munique e receber apoio do Ocidente.>
Por sua vez, os líderes das regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, onde está localizada a linha de frente que divide a Ucrânia, ordenaram a mobilização geral neste sábado, depois de anunciar a evacuação de civis na sexta-feira.>
Alimentando ainda mais este coquetel explosivo, o presidente russo Vladimir Putin supervisionou pessoalmente neste sábado exercícios "estratégicos" disparando mísseis "hipersônicos", novas armas que o chefe do Kremlin descreveu recentemente como "invencíveis" e que podem transportar uma carga nuclear.>
"Os objetivos planejados durante os exercícios das forças estratégicas de dissuasão foram totalmente cumpridos. Todos os mísseis atingiram os alvos estabelecidos", disse a Presidência russa em comunicado.>
A televisão pública transmitiu imagens de Putin sentado ao lado de seu colega e aliado bielorrusso, Alexander Lukashenko, ouvindo em uma sala de crise os relatórios de seus generais por videoconferência. Bombardeiros Tu-35 e submarinos participaram dos exercícios, segundo o Kremlin.>
Os Estados Unidos acusam a Rússia de preparar um ataque iminente contra a Ucrânia, seu vizinho pró-ocidental, algo que Moscou nega, embora exija garantias de segurança como a retirada da Otan do Leste Europeu e a sua não ampliação, exigências inaceitáveis para o Ocidente. Washington estima que a Rússia tenha 190.000 soldados nas fronteiras e território da Ucrânia, incluindo as forças rebeldes separatistas. As tropas russas na fronteira com a Ucrânia estão "se deslocando" e "se preparando para atacar", garantiu neste sábado o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, durante uma visita à Lituânia.>
Na véspera, o presidente Joe Biden disse estar "convencido" de que Putin decidiu invadir a Ucrânia e que a multiplicação de incidentes no leste daquele país buscava criar uma "falsa justificativa" para lançar seu ataque na próxima semana ou dias.>
Mas, enquanto uma invasão não ocorrer, "a diplomacia é sempre uma possibilidade", disse Biden, anunciando uma reunião entre seu secretário de Estado, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, na próxima quinta-feira.>
As preocupações da Rússia com a Ucrânia "devem ser respeitadas", disse o diplomata chinês Wang Yi neste sábado.>
Em Munique, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson pediu "unidade" entre os aliados ocidentais, e a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, declarou que a Otan será fortalecida no Leste Europeu no caso de um ataque russo à Ucrânia.>
Na mesma linha, o chefe da Otan, Jens Stoltenberg, reafirmou o compromisso "infalível" dos membros da Aliança Atlântica de se protegerem mutuamente e garantiu à Rússia que só terá "mais Otan" se procurar ter "menos Otan".>
"Moscou está tentando retroceder a história e recriar sua esfera de influência", acusou Stoltenberg.>
Soldado ucraniano morto No front leste da Ucrânia, as Forças Armadas ucranianas e os separatistas pró-russos acusaram-se novamente neste sábado de novos ataques e de violações do cessar-fogo. Um soldado ucraniano foi morto nos confrontos, anunciou Kiev.>
"Como resultado de um bombardeio, um soldado ucraniano foi ferido fatalmente na explosão de uma granada", disseram as autoridades militares. O exército ucraniano relatou 66 incidentes armados na parte da manhã, um número particularmente alto, enquanto os rebeldes no reduto separatista de Donetsk chamaram a situação de "crítica".>
Observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) - que monitoram este conflito desde 2014 - alertaram para um "aumento drástico" nas violações do cessar-fogo.>
A OSCE, cujos membros incluem a Rússia e os Estados Unidos, desdobrou sua missão de paz na Ucrânia em 2014 após a anexação da península da Crimeia pela Rússia e a eclosão de um conflito entre Kiev e os separatistas no Donbas, que causou 14.000 mortes.>
Neste contexto, a Alemanha e a França pediram neste sábado que seus cidadãos deixem "urgentemente" a Ucrânia devido ao risco de conflito armado no país, de acordo com um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores.>
E, em meio aos contatos para buscar uma desescalada, Putin manterá uma conversa por telefone no domingo com seu colega francês Emmanuel Macron.>