Saiba onde investir em 2016: fundos de renda fixa são aposta; entenda

O cenário econômico, mesmo que incerto, pode significar uma boa oportunidade para quem quer investir

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  • Naiana Ribeiro

Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 09:08

- Atualizado há um ano

As projeções para o ano de 2016 não são nada positivas. A inflação - que deve fechar este ano na casa dos 10% - seguirá a mesma perspectiva no próximo ano; o desemprego deve ser ainda maior e o poder de compra menor.

O cenário econômico, mesmo que incerto, pode significar uma boa oportunidade para quem quer investir, nem que seja aquele dinheirinho que conseguiu economizar diante do aperto no bolso.

Por isso, escolher os investimentos certos a serem realizados no próximo ano é fundamental para garantir a rentabilidade nas finanças. 

Unânime entre os especialistas, a renda fixa – que funciona como um empréstimo, em que o investidor concede dinheiro a uma entidade em troca do pagamento de juros - é a aposta para garantir um rendimento acima de 1% ao mês no próximo ano.

Quem guardar suas economias na poupança, por sua vez, pode se dar mal e ter perda de poder aquisitivo, levando em consideração que a rentabilidade de um ano da caderneta, em  novembro, foi de 7,95%, enquanto a inflação oficial em 12 meses foi de 10,48%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).O contador Luciano de Souza ainda está em dúvida de onde investir em 2016, mas já sabe que deverá dar uma  atenção maior ao Tesouro Direto (Foto: EVandro Veiga/Correio)Renda fixaDiante do contexto difícil, o contador Luciano de Souza, de 35 anos, conta que está em dúvida do que fazer em 2016. “O capital  para emergências está na poupança. Também invisto  em outras modalidades, como Tesouro Direto”, diz ele, que reserva  20% da sua renda para investimentos.

“Devo apostar na renda fixa porque é menos suscetível a grandes variações”. Também com cerca 20% da renda separada para aplicações, o publicitário José  Ribeiro, 55, investe em títulos e na poupança e pretende  acompanhar o mercado financeiro junto ao gerente do seu banco.

“Mesmo rendendo abaixo da inflação, a poupança ainda me dá segurança e liquidez. Posso resgatar o dinheiro a qualquer momento”, fala. A maior parte do capital está investido em Letras de Crédito Imobiliário, já que ele quer trocar de apartamento.

Independente das incertezas econômicas, quem não costuma investir com frequência ou não tem tanto conhecimento nesta área, como  Souza e Ribeiro, não deve arriscar grande parte do patrimônio em renda variável (ações, por exemplo). Esta é a recomendação do educador financeiro Rafael Seabra.DICA DA SEMANA: comece a investir agoraDefina seus objetivos: Primeiro pense em um ano, depois cinco  e vá aumentando até chegar na aposentadoria. Tudo o que você quer mas não tem dinheiro para fazer agora deve entrar nesta lista.Conheça os investimentos:  É importante que você entenda  os diferentes tipos de investimentos de acordo com o risco que seu dinheiro irá correr.Diversifique: Procure escolher investimentos diferentes entre si. Assim, caso um deles não esteja indo tão bem, os outros podem estar.Com a economia podendo sofrer alterações a qualquer momento, as categorias que mais sofrem são o câmbio e o mercado de ações, segundo o especialista. Para quem não tem medo de arriscar, o investimento em ações pode ser interessante, sobretudo porque os preços da maioria delas está lá embaixo.  “Nos últimos meses, o dólar comportou-se com bastante volatilidade.

Já as ações perdem competitividade com a alta dos juros”, explica ele, que é idealizador do blog Quero Ficar Rico.  Para o Seabra, a melhor forma de se proteger da inflação alta é reservar a maior parte dos investimentos para aplicações pós-fixadas - que acompanhem a inflação e a taxa básica de juros (Selic).

Nos títulos de renda fixa de remuneração pré-fixada, há uma definição antecipada da taxa  a ser recebida.  É o caso do CDB (Certificado de Depósito Bancário) e dos títulos do Governo LTNs (Letras do Tesouro Nacional). Já os títulos pós-fixados, como o CDI (Certificado de Depósito Interbancário) e as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs), sofrem as alterações da economia.    Custo-benefícioSegundo Rafael Seabra, os investimentos com melhor custo-benefício hoje  são os títulos públicos. “Há títulos do Tesouro Nacional que rendem a inflação mais um prêmio entre 6% e 7%. Se a inflação disparar, o dinheiro vai render cada vez mais”.

Agora, o Título do Tesouro Direto  rende mais de 16% ao ano. Com vencimento em 2018, o Tesouro Prefixado é negociado a uma taxa de 16,4% ao ano. “Para investir em títulos públicos basta estar cadastrado em uma corretora, no próprio banco ou em uma empresa independente. Dá para controlar tudo pela internet”.

Ele ressalta que é importante aplicar nos títulos que coincidam com a data que se deseja retirar a aplicação. Assim, a pessoa terá certeza de que irá receber o valor  contratado. Se vender o papel no meio do caminho, poderá perder dinheiro.Como investirEmbora muita gente diga que não está sobrando nada no orçamento, o educador financeiro da DSOP Silvio Bianchi recomenda que o trabalhador faça um diagnóstico financeiro e corte os gastos supérfluos. A partir daí, já pode pensar em investir.

“O ideal é pensar nos objetivos de curto (12 meses), médio (de 2 a 10 anos) e longo prazo (mais de 10 anos)”, afirma ele, ressaltando que a cultura da economia é essencial para o investimento dar certo.“É preciso guardar todos os meses, sempre pensando em qual o sonho, quanto custa e em quanto tempo pode ser atingido”. O passo seguinte é montar ou refazer o orçamento incluindo esta poupança e pensando nas modalidades de investimento.

“Poupar é sinônimo de gastar menos. Investir é colocar esse dinheiro que sobrou para trabalhar e ganhar em cima dos juros dele”. A curto, médio e longo prazo, ele recomenda o Tesouro Direto. A médio, CDB e CDI são opções. A longo prazo, ainda são alternativas os títulos de imóveis  e a previdência. Pior do ano, poupança  rende menos que a inflaçãoMesmo com uma desvalorização de 10,52% em 12 meses do Índice Bovespa (Ibovespa) - principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo -, especialistas afirmam que a pior aplicação do  ano foi a poupança.

Segundo o educador financeiro da DSOP Silvio Bianchi, muita gente pensa na modalidade como uma forma fácil de render o dinheiro, mas muitos não se tocaram que, em 2015, a inflação chegou aos dois dígitos.

“Quem deixou o dinheiro guardado na poupança vai perder dinheiro, quando comparamos com a inflação”.  Nos 12 últimos meses, a rentabilidade da caderneta acumulou em 8,26% contra uma inflação de 10,48%. 

Enquanto isso, os títulos do Tesouro Direto valorizaram 17,9%.  Na prática, um capital de R$ 5 mil investido por um ano nesta modalidade geraria, agora, um valor final de R$ 5.705,4. O mesmo capital no CDB pré-fixado resultaria em  R$ 5.546,9 e na Poupança R$ 5.409,3 (ver gráfico).