Salão de São Paulo é dominado por carros elétricos, utilitários e picapes

Por Antônio Meira Jr.

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Publicado em 10 de novembro de 2018 às 07:27

- Atualizado há um ano

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Acompanhado pela atriz Marina Ruy Barbosa, Luiz Fernando Pedrucci, presidente da Renault, apresenta as novidades da empresa no Salão do Automóvel (Foto: Rodolfo Buhrer/Renault) O cenário econômico dos últimos anos é o responsável pela composição do Salão do Automóvel de São Paulo. Entre as fabricantes com maiores volumes no mercado brasileiro, como Chevrolet, Volkswagen, Fiat, Ford, Renault e Hyundai, nenhuma apresentou um carro acessível novo. Isso é reflexo da crise dos últimos anos, afinal, o que está sendo mostrado agora é a maturação do que ocorreu em semestres passados. 

Assim, o que é destaque é resultado de outros fatores. A atual líder de mercado, a Chevrolet - que está na frente há 38 meses, como enfatizou seu vice-presidente Marcos Munhoz - não mostrou nenhum novo produto de volume. Em relação aos veículos, os destaques da marca que pertence à General Motors foram a atualização do Camaro e o anúncio das vendas do elétrico Bolt no país.

A Fiat, que antes da Chevrolet liderou as vendas no mercado nacional por mais de uma década, destacou o ciclo de investimentos mundial de 45 bilhões de euros, o equivalente a R$ 191 bilhões. No Brasil, o investimento será mais tímido: R$ 8 bilhões para o lançamento de 15 novidades, entre produtos, versões e serviços. Mas nenhum produto acessível foi revelado, porém o destaque da empresa é um conceito que poderá dar origem ao aguardado SUV da picape Toro. Chamado de Fastback, em clara alusão ao formato da carroceria, esse veículo tem linhas simulares ao do BMW X4 e Mercedes-Benz GLE Coupé.

Em outra empresa do grupo Fiat Chryler, a Jeep, os anúncios principais foram para versões dos bem-sucedidos Renegade e Compass, ambos produzidos em Pernambuco. A importação da nova geração do Wrangler foi confirmada para o próximo ano em três versões: Sport, Sahara e Rubicon, as duas últimas com quatro portas. Outra novidade, é o retorno do Cherokee para 2019. Nestes dois últimos, a competitividade estará associada diretamente às variações do dólar.

O presidente da Volkswagen, Pablo Di Si, afirmou que a empresa alemã quer retomar a liderança que perdeu na época para a Fiat. Está exibindo em seu estande o T-Cross, primeiro utilitário esportivo da marca no mundo, e uma picape intermediária entre a Amarok e a Saveiro, a Tarok. Este veículo irá concorrer com a líder Fiat Toro e com a Renault Duster Oroch no final do ano que vem. Tem soluções inovadoras e utilizará motores turbo. Entre modelos de custo mais baixo, novidades apenas em relação a versões: o Polo e o Virtus vão ostentar a grife esportiva GTS.

Na Ford, o que mais chama a atenção é o conceito Territory. O modelo foi desenvolvido na China e é um rival direto do Jeep Compass. É possível que esteja nas concessionárias brasileiras até 2020. Outro destaque da empresa é o baiano EcoSport, que pela primeira vez está sendo exibido sem o estepe preso à tampa do porta-malas no Brasil. Em pouco tempo chegará às lojas. A Ford também anunciou a importação do Edge na configuração esportiva ST e está exibindo  soluções personalizadas para Ranger e Ka. A depender  da receptividade poderá  lançá-las.

Uma das marcas que mais cresceram desde 2012, quando apresentou o HB20, a Hyundai destacou um modelo conceitual, o Saga. Desenvolvido em conjunto com o estúdio de design da empresa nos EUA, esse veículo em formato de SUV esconde algumas soluções que serão adotadas na nova geração do HB20 - prevista para meados do próximo ano. Outra novidade relacionada ao modelo mais vendido da marca foi o anúncio da criação de uma categoria esportiva, a HB20 Motorsports. A competição começa ano que vem e terá oito etapas associadas ao campeonato da Copa Truck.

Na Toyota, nenhum novo produto, apenas configurações. Uma delas é a versão aventureira do Yaris, a X-Way, que estará disponível no mercado a partir de fevereiro. A empresa mostrou também a inédita Hilux GR-S, primeiro modelo da divisão Gazoo Racing no Brasil. A nova versão da picape, limitada em apenas 420 unidades numeradas, faz parte da estratégia de lançamento da divisão esportiva, além de trazer como diferencial um novo conjunto de suspensões que garante melhor rendimento no off-road.

Na Mitsubishi, destaque para o anúncio da nova geração do Pajero Sport, que terá produção nacional. É um modelo importante para a empresa e uma opção ao Chevrolet Trailblazer e ao Toyota SW4. Como já havia anunciado, a marca japonesa também está expondo o Eclipse Cross, um SUV arrojado que fica posicionado entre o ASX e o Outlander. A novidade em relação ao veículo foi o anúncio da sua fabricação nacional no próximo ano.

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EQUAÇÃO CHINESA A Caoa, do brasileiro Carlos Alberto de Oliveira Andrade, em associação com a chinesa Chery, mostra que pode ser o destaque dos próximos anos. Com grande poder de comercialização e responsável pela importação de vários modelos da Hyundai e Subaru, além de ter várias concessionárias Ford, a Caoa está investindo desde o ano passado na Chery. 

Depois de assumir a operação nacional, lançou o Tiggo 2 e anunciou a chegada de uma linha de produtos em São Paulo. O primeiro é o sedã Arizzo 5, que terá produção no interior paulista, na sequência irá ampliar a sua linha de utilitários esportivos no país com o Tiggo 5X e o Tiggo 7.

OUTROS NICHOS Se para os fabricantes de maior volume a crise implica na decisão da produção local de novos carros, para as marcas do segmento premium têm outros desafios. A maioria delas está destacando o luxo, as opções de propulsão e a condução autônoma. A Audi mostrou seu utilitário esportivo mais luxuoso, o inédito Q8 e anunciou que trará ao país um modelo completamente elétrico para este segmento, o e-tron. A Lexus aposta em um crossover híbrido, o UX, veículo completamente novo que irá competir com produtos entre R$ 170 mil e R$ 210 mil.

Na BMW, as atenções estavam voltadas para a nova geração do Série 3, sedã que foi relevado mundialmente no mês passado durante o Salão de Paris. Modelos mais caros, como o Série 8 Coupé e o X5 também foram anunciados e chegarão ao mercado nacional. Na Mercedes-Benz, além de modelos esportivos da divisão AMG, destaque para introdução de novas tecnologias autônomas e a nova linha Classe A, que inclui uma inédita configuração sedã.

Além das marcas citadas, estão presentes na mostra deste ano Dodge, Ferrari, Honda, Kia, Lamborghini, Lifan, Maserati, Nissan, Porsche, Ram, Rolls-Royce, Smart, Suzuki, Toyota, Troller. Ficaram de fora Citroën, Jac, Jaguar, Land Rover, Peugeot e Volvo. Essa trigésima edição da mostra foi aberta ao público anteontem e se estende até domingo da semana que vem, dia 18. Acompanhe nas próximas páginas modelos que movimentaram os primeiros dias do salão.

* O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DA ANFAVEA E ABEIFA