Salvador avança nas negociações para comprar vacina da Johnson & Johnson

Empresa ficou de responder ainda essa semana; CoronaVac está em análise

  • Foto do(a) author(a) Gil Santos
  • Gil Santos

Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 12:26

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/ CORREIO

A corrida pela vacina contra o novo coronavírus continua acirrada e Salvador segue na disputa para consegui um imunizante. Nesta quarta-feira (6), o prefeito Bruno Reis informou que está avançando nas negociações com a Johnson & Johnson, que assinou ontem um protocolo de intenções com o Instituto Butantan, e que vai à Brasília na próxima semana discutir o assunto com representantes do Governo Federal.

Bruno Reis falou sobre o assunto durante a assinatura de ordem de serviço para obras do Morar Melhor, no Alto do Cabrito. Ele disse que conversou nesta terça-feira (5) com o representante da empresa Johnson & Johnson no Brasil, que outras opções também estão sendo consideradas, mas acredita que essa seja a vacina mais adequada no momento.

“Primeiro, ela tem uma eficácia de 91%. Depois, é uma dose única. E ela pode ser armazenada a temperaturas de -2 a -8 graus, isso significa que todas as nossas unidades de saúde poderiam armazenar e aplicar a vacina. Então, do ponto de vista da logística seria muito mais fácil. Fizemos um contato. Conversei com ele [representante da fabricante] e ele ficou de me dar uma posição ainda essa semana, se teria disponibilidade para a gente começar uma negociação de valor e de prazo de entrega”, contou. Bruno Reis durante anúncios no Alto do Cabrito (Foto: Max Haack/ Secom) As conversações para a aquisição das vacinas Moderna e Sputnik também estão em andamento. Bruno lembrou que o Ministério da Saúde anunciou a compra de 2 milhões de doses da vacina de Oxford e que a previsão do Governo Federal é iniciar a vacinação até o dia 10 de fevereiro. Ele contou que vai à Brasília na próxima semana para discutir o assunto.

O objetivo da visita é pedir prioridade para Salvador, e ele listou alguns dos argumentos que vai apresentar. Bruno citou o fato de a cidade já ter um plano de imunização pronto, freezers para armazenar as vacinas, e também as seringas e as agulhas que serão usadas na vacinação. O prefeito acredita que isso pode fazer a diferença já que muitas cidades ainda não têm planos de imunização, nem freezers e nem seringas.

CoronaVac A novela com a vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a China continua. O prefeito contou que no mesmo dia em que conversou com a Johnson & Johnson também assinou um protocolo de intenções com o Instituto Butantan para a aquisição de 103 mil doses. Elas seriam usadas para imunizar profissionais de saúde. No entanto, ele mostrou preocupação com a eficácia da vacina. Na China, o resultado positivo foi de 91%, mas no Brasil o índice pode ser menor.

“Agora temos que avaliar, a depender da eficácia da vacina, se ela é a melhor opção, porque ainda não está comprovado. Me parece que ela não terá no Brasil os mesmos índices que teve na China, e a gente tenta ter uma explicação científica para isso e poucos conseguem explicar. Então, o que vai decidi o caminho pela CoronaVac é a eficácia que ela venha a ter. Evidente que se nós tivermos outras alternativas que tenham uma eficácia maior, nós vamos optar pela que tenha eficácia maior”, contou.

Bruno Reis disse que a equipe da prefeitura está em contato constante com o Instituto Butantan, e voltou a afirmar que Salvador já separou recurso para a compra do imunizante. A intenção é trazer a vacina o mais rápido possível para a capital.

Rede Particular Questionado sobre a possibilidade da vacina ser adquirida por empresas privadas para a aplicação na rede particular, o prefeito foi direto. “Eu sou contra, totalmente contra”, afirmou.

Bruno disse que a disputa seria desleal. Além de concorrer com os diversos municípios do Brasil e outras cidades do mundo, Salvador teria que competir com grandes empresas privadas.

“Imagine se a gente tiver que disputar com a rede privada que não precisa fazer elegibilidade, licitação, e chamamento público, e que pode pagar antecipado. Vocês acham que a gente conseguiria comprar a vacina para oferecer para quem mais precisa, para os pobres? Claro que não. Quem vai ser beneficiado é quem tem dinheiro para pagar. Então, eu sou contra”, disse.

O prefeito afirmou que a aquisição pela rede particular de saúde deve ser autorizada em um segundo momento, porque ela ajuda a imunizar parte da população, mas que a preferência agora tem que ser da rede pública.

“Depois que a gente oferecer para a população mais carente, se o particular quiser pagar tem todo o direito, até porque o sistema particular funciona como complementar do SUS, mas a prioridade é o Sistema Único de Saúde. Então, nesse momento, sou contra, totalmente contra [a aquisição da vacina pela rede privada]”, disse.