Salvador é a única do Nordeste em ranking mundial de smart cities

Capital é a quinta entre as seis brasileiras na lista com 165 cidades

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  • Andreia Santana

Publicado em 18 de julho de 2018 às 23:03

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos: Divulgação

Salvador é a única cidade do Nordeste no ranking IESE Cities in Motion Index, que elenca as smart cities (cidades mais inteligentes) do mundo. A lista total tem 165 cidades, de 80 países, e foi divulgada nesta quarta-feira, 18. A capital baiana ocupa a 147ª posição no ranking internacional, que traz Nova York (EUA) como a primeira colocada pelo segundo ano consecutivo. 

A cidade ocupa ainda a quinta posição entre as seis únicas brasileiras na listagem do IESE Business School. As outras representantes nacionais são: a capital paulista, na 116ª colocação e a primeira entre as smart cities nacionais; Rio de Janeiro, na 126ª posição e a segunda entre as brasileiras; Curitiba, na 135ª, terceira colocada; Brasília, na 138ª e quarta posição; e Belo Horizonte, na 151ª posição e a sexta, respectivamente.

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O ranking levou em conta o capital humano, coesão social, economia, meio ambiente, governança, planejamento urbano, alcance internacional, tecnologia, mobilidade e transportes. 

O objetivo da publicação da lista, que está em sua quinta edição, é servir de ferramenta para gestores públicos, empresas e empreendedores que queiram pensar soluções para as cidades.

O MAPA DAS SMART CITIES Reconhecimento 

Para o secretário municipal de Cidade Sustentável e Inovação (Secis), André Fraga, a presença de Salvador no ranking mundial não surpreende. “É um reconhecimento do esforço da gestão municipal, com a criação de uma infraestrutura tecnológica e o chamado para a sociedade se integrar com o poder público em busca de soluções para a cidade”, afirma Fraga.

O secretário lembra que a primeira chamada pública para startups, feita pelos Editais de Inovação da Prefeitura de Salvador em parceria com o Sebrae-BA e o Senai-Cimatec, lançada em setembro do ano passado, foi justamente para projetos focados em Cidades Inteligentes. 

Ao todo, 60 startups se inscreveram e 10 foram captadas, todas com foco em tornar a infraestrutura e serviços da cidade mais inteligentes, interligados e eficientes. Destas, nove avançaram e estão sendo aceleradas.

O programa tem duração de um ano e tem o objetivo de movimentar o ecossistema de inovação de Salvador. Segundo o titular da Secis, a ideia é que Salvador sirva como laboratório para desenvolvimento de soluções inovadoras que, além de melhorarem a própria capital baiana, possam ainda ser exportadas para outras cidades.

Duas das startups em aceleração no programa tem foco em educação: a REP Educa, plataforma online de aprendizagem adaptativa que utiliza recursos de jogos para dar suporte a professores no ensino de língua portuguesa e matemática; e a Mini Maker Lab, que é um mini laboratório concebido para facilitar o ensino de microeletrônica, automação, programação e robótica.“Não dá para pensar em inovação, sem pensar na mudança da educação de base. O ensino atual da matemática, por exemplo, tem de abordar a linguagem da programação, porque vivemos em um mundo com aplicativos, tecnologias e internet das coisas”, (André Fraga)Soluções inteligentes

Além dos projetos em educação, há três startups da chamada de Cidades Inteligentes que trazem projetos  em mobilidade urbana: Passaporte Salvador, que conecta, por meio de uma plataforma digital, turistas e guias da cidade; Se7E Corporation, um sistema de vídeo-monitoramento móvel inteligente que fornece relatórios sobre o comportamento de pedestres e ciclistas para reduzir o número de acidentes de trânsito; e Ti Mob, que automatiza o processo de conferência de regularidade dos veículos estacionados na Zona Azul, por um sistema inteligente de vigilância.

Na área da saúde, as duas propostas  sendo desenvolvidas são a Mosquito Zero, plataforma de soluções tecnológicas para melhor o controle e o diagnóstico de focos do Aedes aegypti e o monitoramento das doenças relacionadas; e Mapa Médico, que é um sistema interativo que fornece à população informações em tempo real das unidades de saúde para otimizar o fluxo de atendimento médico.

Há ainda a New Tempus, que integra e processa dados de sensores, gerando informações inteligentes para melhorar os processos de tomadas de decisão em intervenções da Defesa Civil; e a Smart Gov, para gestão e monitoramento energético e redução de despesas da prefeitura com energia elétrica.O que é: Smart City (Cidade Inteligente) é o nome dado ao projeto de cidade que transforma o espaço urbano visando a sustentabilidade, melhoria da gestão urbana, qualidade de vida para a população e economia criativa, usando para isso a tecnologia. Os projetos de smart cities agregam três áreas principais: Internet das Coisas, objetos que usam a tecnologia, como sensores e conexão à internet para coletar e transmitir dados; Big Data, processamento e análise de grandes quantidades de informação; e Governança Algorítmica, gestão e planejamento com base em ações construídas por algoritmos que se aplica à vida urbana. Na cidade inteligente e interativa, a tecnologia faz com que o cidadão interaja e se conecte com o espaço urbano Cidades Interativas

Um dos componentes das smart cities são as chamadas Cidades Interativas, conceito desenvolvido pelo empreendedor catarinense Paulo Hansted, que tem formação em Marketing pela Universidade de Berkeley (Califórnia). Ele explica que enquanto as cidades inteligentes abrangem soluções de gestão urbana, mobilidade, transportes e saúde, como mostram os exemplos das startups aceleradas pela prefeitura de Salvador, as cidades interativas buscam integrar as pessoas ao espaço urbano por meio da tecnologia.

A cidade interativa seria o ambiente que permite o espaço da comunicação, informação e diálogo entre todos que experimentam a vida em uma smart city, sejam habitantes ou turistas. "A integração de sistemas de localização e navegação online, por exemplo, permitem o acesso a rotas e experiências de todos os tipos", acrescenta Hansted.

O foco inicial do conceito visava dinamizar a economia, mas o resultado final e mais interessante do conceito é a humanização das cidades, com a ocupação do espaço público pelas pessoas, que interagem com a cidade. O reflexo imediato, além de fazer as pessoas aproveitarem melhor o espaço urbano é que as cidades se tornam mais seguras porque tem mais gente circulando.

“As cidades interativas abrem espaço para o diálogo, se comunicam com quem vive nelas ou estão de visita”, diz o especialista, que chegou a visitar 17 países em um espaço de três anos para aprender sobre cidades inteligentes e, assim, desenvolver o conceito de cidade interativa.

Paulo Hansted também já publicou diversos artigos sobre cidades interativas e, em um deles, de junho deste ano, cita exemplos de investimentos internacionais nessa era digital que depois do boom tecnológico, agora busca estabelecer conexões entre as cidades e seus habitantes. 

“Em muitos estados americanos, governos e municípios estão investindo em soluções que transformam suas cidades históricas em verdadeiros museus ao céu aberto. A integração de sistemas de localização e navegação online, permitem o acesso a rotas e experiências de todos os tipos. Em Atlanta, na Geórgia, por exemplo, o simples caminhar pelas ruas da cidade abre espaço para a interação com passagens e personagens marcantes da Guerra Civil Americana. Os locais que foram pauta de batalhas e momentos históricos estão lá, prontos para serem desvendados”, exemplifica.