Salvador e os desafios climáticos

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Publicado em 6 de abril de 2022 às 05:24

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Vivemos um período de eventos climáticos extremos em que a força da natureza coloca em permanente desafio os avanços alcançados pelos órgãos de Defesa Civil. Embora os desastres naturais ocorram em todo o mundo, em diferentes intensidades, os seus efeitos são mais visíveis em áreas vulneráveis onde vivem vastos grupos populacionais.   O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou há alguns dias um estudo que comprova o aumento constante das temperaturas e a maior frequência das chuvas intensas, especialmente nas últimas décadas.  Segundo os especialistas, os eventos extremos de chuvas na Bahia e em Petrópolis/RJ aconteceram em decorrência das novas variabilidades climáticas, que têm como causa mais provável a atuação do ser humano.

As alterações da dinâmica do clima também têm se pronunciado em Salvador. O último mês de 2021 foi o mais chuvoso em 32 anos. O período bateu recordes nos acumulados pluviométricos quando comparado a períodos anteriores, como atesta a estação pluviométrica de Ondina, usada como referência, que registrou 371,6 mm, superando seis vezes a série histórica do período, que é de 58,1 mm.

Foi após a catástrofe provocada pelas chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro, em 2011, causadora de mais de 900 mortes, que o poder público buscou estruturar o sistema de defesa civil de modo a atuar no campo da prevenção.   Com foco semelhante, após as ocorrências de abril de 2015, que resultaram em perdas de vida devido ao escorregamento de terra em taludes densamente habitados, a Prefeitura de Salvador adotou novos protocolos de atuação da Defesa Civil, e passou a investir em infraestrutura direcionada à mitigação do risco de desastres.

Ao falar em um dos painéis da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26), que aconteceu em Glasgow, na Escócia, no ano passado, o prefeito Bruno Reis ressaltou que a crise climática já é uma realidade em todo o mundo e os efeitos se tornaram desafios diários para os gestores municipais.

O enfrentamento do problema tem se dado em várias frentes: Salvador foi uma das primeiras cidades da América Latina a assinar o Pacto Global de Prefeitos pelo Clima e Energia, em 2017. Partiu-se em seguida para a elaboração do Plano de Ação Climática da capital baiana, que tem várias metas, entre as quais zerar a emissão de carbono em 2049, quando a cidade completa 500 anos.

Neste sentido, profundas alterações, baseadas principalmente em tecnologia e ações educativas, foram adotadas e resultaram no fortalecimento do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil (SMPDC), constituído por uma rede de órgãos aptos a dar respostas quando necessário.   Sabemos que os desastres naturais não podem ser evitados. O que deve ser feito é a adoção de medidas que contribuam para a redução da vulnerabilidade já instalada e do processo de precarização, permitindo a diminuição do prejuízo material e do registro de vítimas fatais.

Diante do quadro de incertezas trazido pelas mudanças no clima, ainda teremos muitos desafios pela frente, mas estamos certos, na qualidade de gestores de Salvador, que não pouparemos esforços para fazer o melhor no sentido de reduzir os riscos de desastres para a população.

Sosthenes Macêdo é diretor-geral da Defesa Civil de Salvador