Salvador ganha operação conjunta de combate ao trabalho infantojuvenil

Com a operação será possível ter um mapeamento das regiões com mais denúncias de trabalho infantil

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  • Eduardo Dias

Publicado em 10 de junho de 2019 às 15:11

- Atualizado há um ano

. Crédito: Max Haack/Divulgação/Secom

Salvador terá um mapeamento das regiões com mais denúncias de concentração do trabalho infantil. Isso será possível com a ‘Operação Salvador Contra o Trabalho Infantil’, lançada nesta segunda-feira (10), no Palácio Thomé de Souza. A ação marca o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil, que será celebrado na próxima quarta-feira (12). A ação é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Política para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) e órgãos que compõem a Rede de Proteção da Criança e do Adolescente, como a Defensoria Pública, Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), Ministério Público do Trabalho (MPT-BA) e Plan International.

O objetivo da operação é garantir os direitos das crianças, adolescentes e jovens de Salvador, promovendo o enfrentamento à exploração da mão de obra infantil e à violência sexual. Equipes da SPMJ atuarão em diversos pontos da cidade distribuindo material educativo e sensibilizando a população nos grandes centros comerciais e em locais onde forem identificadas violações, a fim de orientar sobre os procedimentos acerca dos diferentes tipos de abusos que atingem a população infantojuvenil.

Outros órgãos integrantes da operação executarão ações de fiscalização, autuando empresas e comerciantes que estiverem incentivando o trabalho infantil. Durante a solenidade, o prefeito ACM Neto destacou os principais aspectos que são essenciais para a prefeitura combater o trabalho infantil. Para ele, a prevenção e a existência de políticas públicas são pilares fundamentais. 

"A operação é uma iniciativa muito importante, porque ela reúne diversas instituições num trabalho integrado. Com a soma dos esforços de todas as instituições, temos certeza que é possível fazer um trabalho mais completo de combate à utilização e exploração de mão de obra infantil em Salvador, porque lugar de criança é na escola, e não na rua trabalhando. A partir de um reconhecimento de que essa tarefa é de todos, dando as mãos, a possibilidade de enfrentar o problema e propiciar uma perspectiva de futuro diferente em Salvador é bem animadora”, pontuou.

A titular da SPMJ, Rogéria Santos, classificou a ação da secretaria junto com a prefeitura como um marco para Salvador. De acordo com ela, com a operação, a capital baiana está disposta a enfrentar e combater o trabalho infantil durante todo o ano. “Salvador se coloca como uma cidade que diz: estou aqui, sim, para enfrentar o trabalho infantil, para construir políticas públicas que façam a diferença na vida de crianças, adolescentes e jovens. Pois eles precisam ter a garantia integral de seus direitos. Conscientes disso, criamos junto à Rede essa operação, que é um marco para nós enquanto cidade. Não estamos fazendo uma ação isolada, vamos dar continuidade durante todo o ano, com um cronograma de ações em várias localidades”, revelou.

Segundo a Promotora de Justiça do MP-BA, Márcia Rabello, a operação viabilizará um mapeamento em regiões da cidade com mais denúncias de concentração do trabalho infantil, embora seja uma prática disseminada em todo o município, para ter um ponto de partida de um diagnóstico, além da atuação em conscientização dos direitos.

“O tema do trabalho infantil está recebendo da prefeitura o devido tratamento. Estão assumindo uma pauta de relevância. Nós sabemos o quanto a cidade de Salvador merece esse enfrentamento. É preciso a ação de políticas públicas que enxerguem e enfrentem o problema. A ação vai permitir um diagnóstico dessas regiões para que, a partir disso, possa se evoluir na adoção de políticas públicas para o enfrentamento ao trabalho infantil”, contou.

O procurador-chefe do MPT-BA, Luiz Carlos Carneiro Filho, ressaltou o acerto da iniciativa ‘no tempo e no espaço’, aproveitando o Dia de Combate ao Trabalho Infantil. “Salvador é uma capital que sofre essa chaga social que alimenta o círculo da pobreza. Estima-se que 2,5 milhões de crianças e adolescentes estejam em situação irregular de trabalho. Há muito o que fazer, porque não são números, são vidas em desenvolvimento que merecem atenção de todos para que tenham as vidas ressignificadas”, afirmou.

Outras ações  Em breve, deverá ser lançado o programa Cras Modelo, que será iniciado com dez Centros de Referência e Assistência Social completamente requalificados com suporte técnico e equipes devidamente treinadas para fazer o trabalho com as famílias nas comunidades, inclusive no combate ao trabalho infantil.

A iniciativa conta com financiamento do Banco Mundial. Mais casas de acolhimento estão sendo contratadas, junto a organizações não governamentais, através de chamamento público, dentre outras iniciativas. O prefeito ainda revelou que são necessárias ações preventivas, principalmente nas áreas da educação e assistência social, para evitar a exploração do trabalho infanto-juvenil.

Pensando nisso, a prefeitura tem ampliado o número de vagas na Educação Infantil, com a construção de creches e instalação do programa Pé na Escola, com a intenção de que todas as crianças de até quatro anos de idade em Salvador estejam matriculadas em uma instituição de ensino.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier