Salvador inaugura laboratório pioneiro para pacientes com problemas de locomoção

Atendimento será para pacientes do SUS, através da Secretaria Municipal de Saúde

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  • Eduardo Dias

Publicado em 15 de janeiro de 2020 às 16:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Foi inaugurado nesta quarta-feira (15), em Salvador, o Laboratório de Estudos do Movimento do Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR). Primeiro do Norte e Nordeste a atender pacientes com distúrbios de locomoção, o local vai realizar, através do Sistema Único de Saúde (SUS), de 2 a 8 exames de Análise da Marcha por dia, totalizando 240 procedimentos por mês.

O público-alvo é formado por pacientes com histórico de quedas, indicação cirúrgica e com prescrição de órteses e próteses. O exame de Análise da Marcha tem duração média de 2h a 4h e beneficiará, também, pacientes com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), Parkinson, Paralisia Cerebral, Traumatismo craniano, lesões medulares ou doenças ortopédicas que comprometam a marcha e estão em processo de reabilitação.

O Serviço foi implantado através de uma parceria entre o Ministério da Saúde, com recursos do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (PRONAS), a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) e a Fundação José Silveira. O investimento total na implantação da estrutura foi de cerca de R$ 1 milhão, sendo R$ 800 mil do PRONAS e R$ 200 mil da Fundação José Silveira.

Para ter acesso ao exame, não será necessário fazer marcação prévia. Segundo o fisioterapeuta e coordenador do IBR, Rogério Gomes, ficará a cargo da SMS realizar o encaminhamento dos pacientes para o Laboratório, após passar por uma triagem nas unidades de saúde. Pessoas a partir de 4 anos e que consigam dar pelo menos 10 passos, com ou sem auxílio, e atender a comandos simples, podem realizar o procedimento.

“Não há restrição para o atendimento dos pacientes. Aqui, fazemos o exame, analisamos o paciente, identificamos o que está causando a dificuldade nele e definimos qual o melhor tratamento, seja uma fisioterapia, aplicação de prótese ou cirurgia. Assim poderemos encaminhá-los para um hospital especializado”, explicou o coordenador.  

A realização do exame de Análise da Marcha, de forma particular, custa de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, e o serviço era oferecido apenas no estado de São Paulo e no Centro Oeste.

Rogério avaliou também a importância de ter em Salvador um laboratório referência em atendimento gratuito no Norte e Nordeste. “A implantação desse laboratório traz um ganho muito grande para a fundação, para o município e para o estado. Vamos poder direcionar os tratamentos de pacientes que já estão em reabilitação, falar com o fisioterapeuta que toma conta do caso como ele deve investir em termos de tratamento, além de reduzir o tempo de terapia do paciente e evitar cirurgias desnecessárias”, completou.

O secretário municipal de saúde, Leo Prates, participou do evento de inauguração e destacou a importância da união entre profissionais e instituições para a entrega do laboratório para o atendimento das pessoas com dificuldades de locomoção.

“Salvador merece inovar cada vez mais. E esse laboratório é o primeiro do Nordeste com esse tipo de atendimento pelo SUS. Quero destacar não só a qualidade dos equipamentos e monitoramento eletrônico aqui, mas o casamento de todo o pessoal de engenharia clínica com os profissionais de saúde para trazer um melhor serviço e avanços para que as pessoas que possuem dificuldade de locomoção tenham uma vida melhor”, afirmou. Foto: Arisson Marinho/CORREIO O exame O laboratório possui um conjunto sofisticado de equipamentos interligados a um software que permite fazer a análise da marcha de uma pessoa. O exame é realizado com tecnologia de última geração e permite avaliar e identificar quais estruturas estão comprometidas, causando o distúrbio de locomoção, e que não podem ser identificadas pelo exame clínico e pela análise visual.

A avaliação é computadorizada e conta com o auxílio de câmeras leitoras de infravermelho e plataformas de força, capazes de levantar os motivos pelos quais o paciente apresenta alguma deficiência ao caminhar.

A análise de marcha fornece informações mais precisas, por meio de um avatar, que permite fazer a interpretação segmentada do movimento e auxiliar significativamente na tomada de decisão do médico em relação à melhor conduta a ser adotada: uma intervenção cirúrgica ou um tratamento mais conservador, como a fisioterapia e prescrição de órtese ou prótese.

“Estamos dando um passo muito importante. Esse laboratório está capacitado a fazer esse exame de última geração e com uma tecnologia também de última geração. Em nome da Fundação José Silveira, agradeço a todos que colaboraram com esse projeto”, afirmou o Dr. Geraldo Leite, presidente da Fundação José Silveira.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro