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Eletromobilidade foi um dos temas do fórum nacional de mobilidade urbana sediado na capital
Da Redação
Publicado em 22 de novembro de 2022 às 06:00
As obras do primeiro terminal de recarga para ônibus elétricos em Salvador devem ser iniciadas em até 15 dias. Foi o que estimou o secretário municipal de mobilidade (Semob), Fabrizzio Muller, durante o 113º Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, realizado na manhã dessa segunda-feira (21), no Wish Hotel da Bahia, no bairro do Campo Grande. O prefeito Bruno Reis esteve presente no evento.
A capital será a primeira do Nordeste a implantar um terminal de eletrocarga, cuja capacidade será até 40 veículos por vez. “Será a maior estrutura de recarga, hoje, em área pública do país”, afirmou Muller, que também é vice-presidente geral do Fórum.
O terminal ficará ao lado da estação do BRT Rodoviária. Por enquanto, Salvador conta com quatro ônibus elétricos, que integram o BRT, e mais quatro devem chegar à cidade até o fim do ano. "A gente gostaria que já estivesse em obra, mas, em razão da licitação, se atrasou um pouco", disse o titular da Semob, que antecipou que ainda haverá outros terminais. "Deveremos ter outras estações quando tivermos toda a rede integrada rodando. Claro, que de forma gradativa, mas é algo que a gente já vem trabalhando", explicou ele.
A transição para a eletromobilidade — uso de veículos movidos por eletricidade — e modelos de financiamento estiveram no centro das discussões no fórum, promovido em parceria com a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e responsável por abrir uma série de eventos nacionais voltados à mobilidade urbana. “O sistema de transporte público, como é sabido, está saindo ainda de uma das maiores crises de sua história, e a gente, aqui, utiliza esse fórum como troca de experiências e conhecimentos de boas práticas”, declarou Muller.
Ainda no fórum, houve apresentações de autoridades de outros estados, como Sergipe, São Paulo, Goiás e Paraná, e de representantes de instituições parceiras da prefeitura de Salvador reconhecidas internacionalmente na área de mobilidade urbana, como a Tumi, a WRI e a GIZ. Também foram abordadas a gratuidade para idosos, a regulamentação dos aplicativos de transporte de passageiros e a proposta do projeto de lei para criação do Marco Legal do Transporte Público.
Em paralelo ao encontro, aconteceu o Tumi Day, promovido pela já citada Iniciativa de Mobilidade Urbana Transformativa (Tumi), com representantes de cinco cidades brasileiras — entre elas, a própria Salvador — escolhidas pela iniciativa para receber apoio técnico na implantação de ônibus elétricos na operação de transporte. Fabrizzio Muller acredita que o advento do BRT represente a chegada de uma nova cultura. “É tentar buscar os serviços que estão prestados no BRT para o resto da cidade”, almeja.
Já nestas terça (22) e quarta-feira (23), acontecem as reuniões do grupo Qualionibus, durante as quais municípios e entidades se reúnem para discutir diversas temáticas a respeito do transporte coletivo, como combate ao assédio sexual, financiamento e mobilidade. O grupo fará também uma visita técnica ao BRT, em que poderá conhecer o local onde será implantado o Eletroterminal de Salvador, além de visitar o Centro de Controle Operacional (CCO) do modal, considerado um dos mais modernos do país.
Dificuldade para manter o sistema
Uma tecla batida tanto por Fabrizio Muller como pelo prefeito Bruno Reis (União) foi a da dificuldade enfrentada pelas prefeituras para manter o sistema de transporte público. “A tarifa não remunera mais o sistema. Isso é uma constatação”, declarou Reis, mencionando, em seguida, fatores como a queda do número de passageiros transportados durante a pandemia e o aumento do custo dos insumos.
O prefeito acrescentou que Salvador é a 23ª capital em arrecadação per capita, “com déficits históricos em todas as áreas”. “Nós não temos condições de assumir mais essa responsabilidade. Essa é outra constatação que eu trago da minha experiência e por conhecer as contas públicas da nossa prefeitura e da maioria das prefeituras do Brasil”, afirmou Bruno Reis.
O gestor definiu como "o xis" da questão a busca de formas de diminuir as despesas e de conseguir apoio para subsidiar o sistema. “Aqui, por exemplo, nós temos o desafio que é a questão do cobrador, o desafio no reordenamento das linhas”, exemplificou ele. “Em todos os países do mundo, de extrema-direita, de centro ou de extrema-esquerda, o transporte público é subsidiado por quem? Pelo órgão central”, argumentou Reis.
Questionado sobre a verba necessária para o equilíbrio das contas do município, Fabrizzio Muller disse não haver “como falar em valor específico”. “Hoje, nosso sistema é remunerado pela tarifa. Quando você teve uma redução expressiva do usuário pagante, isso mostrou o tamanho da crise. [...] O que a gente tem que buscar são novas fontes de financiamento”, respondeu o secretário da Semob.
Próximas entregas de obras viárias
Salvador deve ganhar ou dar início à construção de, no mínimo, mais cinco equipamentos viários até 2024, de acordo com Bruno Reis. Até o fim do mandato, devem ser entregues um viaduto em frente ao Shopping da Bahia; um viaduto na região do Detran; a duplicação do Pontilhão Marcos Freire; as obras complementares ao Complexo da Rótula do Abacaxi; e novas vias de acesso a diversos bairros da capital baiana.
“Tem outras grandes novidades que, após a conclusão dos projetos e a garantia dos recursos, nós faremos os devidos anúncios”, acrescentou Reis. “Se não forem concluídos no nosso governo, nesses próximos dois anos, estarão em execução”, assegurou ele.
O prefeito aproveitou para endossar a importância do BRT para a cidade. “A gente sempre frisa que o BRT é mais do que uma obra de transporte público: é uma obra de mobilidade. Então, temos o conjunto de viadutos do trecho 2”, afirmou ele, dando destaque ao cruzamento das avenidas Vasco da Gama e Garibaldi.
Reis relembrou investimentos anteriores feitos durante sua gestão. “Inauguramos, pelo menos, cinco importantes vias”, disse, em referência a entregas como a Via Bronze; a Estrada das Pedreiras; a Estrada dos Fidalgos; a ligação do Jardim Nova Esperança com a Avenida Mário Sérgio; e o ‘mergulhão’ entre as avenidas Tancredo Neves e Magalhães Neto. "Nenhum governo, em tão pouco tempo, investiu tanto em mobilidade e tem tantos investimentos previstos como o nosso", declarou o gestor.