Sarau com moradores do Nordeste de Amaralina lota auditório no Parque da Cidade

Sarau Comunidade Empreende faz parte da programação da Virada Sustentável

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 30 de novembro de 2018 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akiin Nassor/CORREIO
Auditório lotado para acompanhar atividades no Parque Social por Foto: Mauro Akiin Nassor/CORREIO

O que você pensa ao ouvir falar do Nordeste de Amaralina? Morador do bairro da periferia de Salvador desde que nasceu, Wesley Teixeira tem a resposta na ponta da língua: beleza e criatividade. Aos 20 anos, ele é estudante de Psicologia e participa do Programa Comunidade Empreende (PCE), uma tecnologia desenvolvida pelo Parque Social que tem, entre outros objetivos, a meta de formar líderes e empreendedores sociais nas comunidades soteropolitanas.

Nesta sexta-feira (30), o Parque da Cidade recebeu o Sarau Comunidade Empreende Nordeste de Amaralina, evento que compõe a programação da Virada Sustentável Salvador 2018. O sarau mostrou uma parte do aprendizado desenvolvido dentro do PCE.

Quem visitou a mostra conferiu, logo na entrada, uma exposição fotográfica feita pelos próprios alunos que registraram as peculiaridades e belezas do bairro. “Essa mostra serviu justamente pra que, além de receber as capacitações para fazer de nosso bairro um lugar melhor, a gente pudesse mostrar para o mundo que já vivemos em um lugar bonito, rico e que sempre se reinventa com toda sua criatividade. Acho que esse é um ponto muito importante dentro do processo”, afirmou Wesley Teixeira. Wesley Teixeira com uma de suas fotografias exibidas em mostra (Foto: Mauro Akiin Nassor/CORREIO)  Segundo a diretora-presidente da ONG Parque Social, Rosário Magalhães, o objetivo dessa mostra foi provocar os moradores de forma que, ao enxergar as próprias fotos, conseguissem ter orgulho do lugar onde moram.

O evento lotou o auditório, que tem capacidade para 100 pessoas e precisou contar com o auxílio de algumas cadeiras extras para que todos os interessados pudessem prestigiar as ações.

“Nossas atividades buscam levar noções de gestão para os projetos que já existem na comunidade. Buscamos levar um entendimento de que os problemas podem ser ótimas oportunidades de negócio. Ou seja, os problemas são o caminho para uma solução”, aponta Rosário Magalhães. Rosário Magalhães, diretora-presidente do Parque Social, comemora resultado de projeto no Nordeste de Amaralina (Foto: Mauro Akiin Nassor/CORREIO) Além da mostra fotográfica do PCE, o Sarau Comunidade Empreende contou com a participação do Studio Corpo e Arte, que levou apresentações de Dança Moderna e Balé Clássico, da da Fanfarra Escola Municipal Teodoro Sampaio, além de declamação de poema, mostra de capoeira e artes marciais - quase todos contando com participação de iniciativas realizadas por integrantes do PCE.

Os participantes são moradores do Complexo do Nordeste de Amaralina, que incluem ainda moradores da Chapada do Rio Vermelho, Santa Cruz e Vale das Pedrinhas.

60 pessoas da comunidade impactadas pelo PCE 

32 moradores do Nordeste de Amaralina participaram desta edição do PCE

"Procuramos fazer um trabalho de valorização da comunidade. Às vezes, as pessoas têm vergonha de dizer de onde são. Queríamos trabalhar um pouco essa questão e o sarau foi uma iniciativa para alcançar esse objetivo", explica a gerente de projetos do Parque Social, Lareyne Almeida.

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Para Sandra Paranhos, diretora do Parque Social, é preciso investir na criatividade que existe nas periferias de Salvador. "O que oferecemos é conhecimento para que as pessoas tirem a criatividade do papel e se organizem em iniciativas para impactar na comunidade", afirma ela.

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E criatividade, claro, existe em abundância e isso reflete no dia a dia das pessoas, que inventam ferramentas para enfrentar tantas adversidades. Isso se observa, por exemplo, no improviso para superar problemas de infraestrutura, na facilidade de inventar passos de dança, letras de música, versos de poesia, ou no enquadramento para uma foto.

“Com a fotografia, a gente passou a ficar mais atento para os detalhes de nosso bairro. Uma trave do baba, a visão das casas... Tudo isso enxergado com um olhar diferente e de beleza”, conclui Wesley Teixeira.

*Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.