Se seu filho vai ser pai, coloque-se no seu lugar

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

Publicado em 6 de maio de 2019 às 12:46

- Atualizado há um ano

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Mesmo sabendo que há lindas histórias e relações saudáveis, já perdi a conta dos enredos bizarros envolvendo mulheres e suas sogras, no momento do nascimento do primeiro filho(a). No calor dos meus próprios acontecimentos (sim, foi uma barra!), bastava eu começar a falar para ouvir "minha sogra também fez isso" ou "quase me separei por causa dela" ou, nos casos em que o casal seguiu feliz, "ainda bem que meu marido ficou do meu lado".

Será que é pura maldade? Não. Talvez seja só uma postura deslocada e a falta que faz alguém ter coragem de dizer "pare!" a mulheres animadas com a possibilidade de reviver a própria maternidade. Esse é o ponto: não é uma nova maternidade e, para isso, ninguém nos prepara. Não há cursos, não se discute o lugar da "mãe do pai", principalmente durante a gravidez, parto e pós-parto. Ali, onde as emoções estão à flor da pele, naqueles momentos nos quais atitudes erradas podem trazer consequências permanentes e trágicas.

Sim, é diferente ser "mãe do pai". Nos primeiros momentos da maternidade, é óbvio que a "mãe da mãe" estará mais próxima da filha e, consequentemente, do bebê tão desejado. Uma questão básica de intimidade. Se a "mãe da mãe" não existe ou é ausente, haverá um vazio que nem a melhor sogra poderá ocupar. Depois, hormônios alinhados, tudo PODE ficar igual. Mas isso depende muito de como se vive esses momentos iniciais. Veja esses pontos nevrálgicos. Todos vêm de queixas recorrentes, inclusive daquelas aquelas feitas sob o mais absoluto sigilo, enquanto se mantém as aparências. Pode ser doloroso saber, mas, se você é a "mãe do pai" considere como um presente e possibilidade de pensar. Podendo, evite sofrimentos e desgastes desnecessários.

1. O parto é da mulher. No caso, esse é da sua nora. Ela escolhe com quem quer dividir o momento. A maioria opta por dividir com o pai do bebê e/ou com a própria mãe. Sogras não devem opinar ou forçar a barra para participar;

2. Se o seu filho está vivendo a experiência de ser pai pela primeira vez, o ajude nisso. Essa é a sua função, acredite, e essa ajuda não significa apoiar todo o lado infantil que muitas vezes vem à tona. Ele pode não saber, mas espera que você o tranquilize explicando que a mulher grávida e/ou parida é, sim, a protagonista deste momento. Depois será o bebê. E que isso é biologicamente necessário para que nasça a família que ele tanto deseja;

3. Se for difícil compreender que as atitudes em relação ao bebê estarão de acordo com regras da mãe e do pai do bebê (e que as suas opiniões serão solicitadas, se necessário), procure ajuda na terapia, na religião, no boteco, numa longa viagem internacional, no raio que a parta, mas não atrapalhe o casal;

4. Entenda que oferecer ajuda significa telefonar e dizer: "Oi, querida, você está bem? Precisa de algo que eu possa fazer?" e não chegar na casa da nova família criticando, definindo o que quer e como quer fazer;

5. A sua nora não quer saber como você fazia com seus filhos, a não ser que você seja uma pediatra que siga a linha de trabalho que ela deseja para o próprio bebê. Outra situação é ela ser admiradora incondicional da sua maternagem. Só que, depois de observar as fotos e histórias da infância da sua prole, sua nora pode achar que vai fazer melhor. Que bom, não é? Se ela vai fazer ou não, é outro papo. Mais uma vez, opine apenas se solicitada;

6. Muitos casamentos balançam com a chegada do primeiro filho, portanto tente trabalhar a favor do casal. Lembre-se de que, se seu filho está com sua nora, provavelmente gosta dela e deseja continuar. Resista à tentação de pressionar seu filho para que as coisas aconteçam do seu jeito. Essa é uma atitude perversa que pode ter consequências graves;

7. Lembre-se de que a sua nora tem uma família e diversas influências culturais diferentes da sua. Apenas respeite isso;

8. Não entre em competição com a mais recente fêmea parida do bando (terapia ensina a entender e cuidar desse sintoma);

9. Nenhuma ajuda que você possa dar lhe colocará, automaticamente, no comando das ações dessa nova família. Se você "ajuda" esperando, com isso, protagonizar nesse núcleo familiar, não está sendo ética e é melhor se afastar;

10. Entenda que magoar sua nora parida será, provavelmente, uma atitude que lhe trará péssimas repercussões no futuro. Respire, espere, compreenda. É ela que está com os hormônios em ebulição, estreando na função de mãe, provavelmente se sentindo como se atropelada por um caminhão.

Resumindo, faça valer a sua maturidade e saia desse momento reinando absoluta no incrível mundo das avós que entendem que a árvore genealógica é, sim, uma corrida de revezamento. Você já foi mãe de bebê. Apenas largue esse bastão e relaxe. Se você mantiver equilíbrio e dignidade, há mais chances de todos estarem juntos e felizes no próximo Verão. Pode apostar.